O goleiro mais espetacular da história do futebol brasileiro foi Pompéia, que fez fama defendendo o América-RJ da década-1960. Para ele, estrar debaixo da traves era o memo que transitar de um trapézio para o outro. Nas bolas aéreas, não perdia a chance de decolar e se divertir lá por cima, além de consagrar fotógrafos pelos cliques de seus incríveis voos que faziam os antigos speakers criarem os mais mirabolantes bordões. Ganhou. Do locutor Waldir Amaral, da Rádio Globo-RJ, o apelido de ‘Constellation”, tirado avião quadrimotor a pistão, que voou entre 1943 e 1968, transportando passageiros e topas militares, bem como servindo ao pesidente norte-americano Dwight Eisenhower. Outros locutores o chamavam por Ponte Aérea, Fortaleza Voadora e Caravelle, nome de um outro modelo de avião.
Antes
de ser goleiro, Pompeia não ligava pra futebol. Em sua cidade, a mineira
Itajubá, vivia brincando de saltar o que pudesse e disputando corridas com os
amigos. Aos 12 de idade, pintou pela terra o Circo Americano Bandeirante. Ao
parar para admirar um artista treinando saltos de trampolim, o cara o indagou
se ele teria coragem de encarar. Disse sim e mandou ver, no momento em que ia chegando
o dono da casa. Fugiu, com medo de levar um esporro, mas terminou foi sendo
convidado, pelo homem, pra treinar mais e ganhar um dinheirinho. Passou três meses
aprimorando as piruetas no chão e, depois de muitas quedas sobre rede, passou
duas temporadas e meia no ofício de volante (artista que salta).
Estudante da escola profissionalizante da
Fábricas Nacional de Armas, o adolescente Pompeia que disputava corridas de
fundo e salto em altura, o pelas tantas, foi convidado a participar
de um treino do Atlético de Varginha, que visitava Itajubá. Entrou pela
ponta-direita e, como ninguém lhe pegava na corrida e nem saltava tão alto para
cabecear bolas aéreas, ele marcou dois gols. Com aquilo, tornou-se centraovante
do time da Fábrica de Armas e, uma temporadas depois, do São Paulo itajubense,
pelo qual marcou gols em amistosos contra os paulistanos Juventus e Bragantino,
que quiseram levá-lo -prefriu ficar em sua terra.
Mais uma vez, o famoso “lá pelas tantas” rolou na vida de Pompeia. O São Paulo itajubense
foi a Três Pontas-MG e seu goleiro adoeceu. Por ser alto e forte, ele teve de
usar a camisa 1. Arrasou e, a partir dali, decidiu ser goleiro, para sempre.
Mais um tempinho depois, o Bonsucesso-RJ foi a Itajubá e Pompeia voltou a pegar
muito para a selecionado municipal. No primeiro de abril de 1953, recebeu
carta-convite do Bonsuça pra ser um rubro-anil, imaginou que fosse sacanagem
de algum amigo, um “primiro de abril”,
mas era verdade no “Dia da Mentira”.
Em
seus inícios no Bonsucesso, o treinador Alfinete levava-o ao Maracanã para ver
os maiores goleiros brasileiros da época em ação, o vascaíno Moacir Barbosa e Carlos
Castilho, do Fluminense. Ele os aplaudia, mas não os copiava, matinha o seu
estilo acrobático, com o qual estreou bom-sucessense
no segundo turno do Campeonato Carioca-1953, ainda aspirante, vencendo o
Botafogo, por 1 x 0. No jogo contra o América, agradou tanto aos amerianos que
estes lhe tiraram do Bonsucesso. Estreou, como profissional do Diabo (apelido do América),
amistosamente, em 1954, vencendo o Santos, por 2 x 1, e defendendo pênalti
cobrado por Pepe, ajudando o seu time a conquistar o Quadrangular Internacional
de Lima, no Peru, com as participaões, também, dos locais Alianza e
Universitário.
José
Valentino da Silva foi como Joaquim Valentino da Silva e Maria José Valentino
lhe batizaram e registraram, tendo nascido em 27 de de setembro de 1934. O
apelido foi porque, quando estudante o antigo curso primário (primeiro grau)
vivia desenhando o marinheiro Popeye, personagem dos quadrinhos
norte-americanos. Por não conseguirem pronunciar o nome do herói, os colegas
falavam Pompei, que virou Pompeia e lhe acompanhou até o seu último dia de
vida, em 18 de maio de 1996.
Campeão
carioca, pelo América-1960, e venezuelano, pelo Deportivo Português-1967(9?)
jogava usando uniforme negro ou cinza, como todos os goleiros do seu tempo.
Entusiasmava ao teatrólogo Nélson Rodrigues - também, cronista esportivo – que,
certa vez, escreveu: “... Pompeia... bela e emocionante figura... o goleiro mais
plástico, mais elástico, mais acrobático do mundo. Nada tem de simples:
complica tudo... não sabe defender sem um salto ... sem um vôo. Pompéia voa...
enfeita, dramatiza, dinamiza ... Ele é o espetáculo.”
O livro sobre a Seleção Brasileira-1914-2004, de Roberto Assaf/Antônio Carlos Napleão, não cita participação de Pompeia com a camisa canarinha, mas há uma foto (abaixo) publicada pelo site terceirotempo.uol.com.br que circula pela Internet em que ele aparece na Seleção Brasileira sendo o terceiro em pé, da esquerda para a direita, antecedido por Djalma Santos e tendo à sua esquerda Edson, Formiga, Zózimo e Hélio; agachados, na mesma aordem, Canário, Romeiro, Leônidas da Selva, Zizinho e Ferreira, comandados pelo treiandor Flávio Costa.
Em 1957, Pompeia substituiu Castilho no jogo final
São Paulo x Rio de Janeiro, no Pacaembu, pelo Campeoanto Brasileiro de Seleções
Estaduais, formando neste time: Pompeia, Paulinho de Almeida (Vsc) e Bellini
(Vsc); Zózimo (Bang), Benedito (SCris) e Altair (Flu); Joel (Fla), Índio (Fla),
Valdo (Flu) e Dequinha (Fla) e Pinga (Vsc), comandados por Sylvio Pirillo.
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