Maior ídolo da história do Vasco da Gama, clube pelo qual jogou 1.022 vezes – 768 oficiais e 254 amistosos –, marcando 754 gols, de um total de 784, em 22 anos de carreira, com 1.199 partidas disputadas – Roberto Dinamite teve uma volta traumática para São Januário.
Negociado, com o espanhol Barcelona, em fevereiro de 1980,
Roberto havia levantado a torcida vascaína 345 vezes, em 10 anos de São
Januário, sendo 46 como juvenil – embora jogando pelo time A, desde 1971, só
assinara contrato, como profissional, em 1973. Com tantos gols no currículo –
média anual de 34 – era natural que todos os clubes lhe desejassem, afinal um
atacante alto, com 1,87, e forte, fazia as defesas se virarem para marcá-lo.
Isso sem falar do seu chute, fortíssimo.
Com tantas
qualidades para “matar”, o Barcelona veio buscar o “matador”. Pagou U$ 710 mil,
certo de que levara o homem certo para substituir o errado austríaco Hans
Krankl, dispensado, por brigar com o treinador Joaquín Rifé. Só que, quando o
Dinamite chegou, o Barça vivia a sua pior crise técnica dos últimos 28 anos, rolando
pelos 9º, 10º lugares do Campeonato Espanhol, chegando a ficar 14 pontos atrás
do líder Real Madrid.
Naquela situação,
Rifé caiu e assumiu Helenio Herrera, que não queria Roberto e deixava claro o
seu desejo pela volta de Krankl. Pra piorar, Roberto jogava caindo pelas pontas
e procurando o gol, o que lhe era difícil porque os times espanhóis
congestionavam a entrada da área. Não lhe sobrav espaços para se movimentar,
trabalhar a bola e chutar em boas condições, como no Vasco, “que jogava para
ele”, ao contrário do Barcelona, onde prevalecia o individualismo. Roberto
precisava se adaptar á nova realidade, mas Herrera não lhe permitiu.
Muito cobrado, Roberto e não conseguia render o mesmo dos seus tempos vascaínos.
Resultado: marcou só três gols – dois de pênalti –, em oito jogos. Como não
explodia na Espanha, o presidente do Flamengo, Márcio Braga, viu o momento
certo para ter no ataque rubro-negro os dois maiores goleadores do futebol
carioca, o ex-vascaíno e Zico. Apresentou um contrato para o Dinamite assinar,
ele topou e obrigou Eurico Miranda a
chegar junto, para repatriá-lo para São Januário.
Roberto reestreou com
a camisa cruzmaltina, em dia 24 de abril de 1980, enfrentando o Náutico, em
Recife, pelo Campeonato Brasileiro. O Vasco venceu, 1 x 0, com um gol de Guina,
mas seu artilheiro ainda não esteve aceso. Isso só aconteceu naquele que todos
pensam ter sido o seu “jogo da volta”, contra o Corinthians, na tarde de 4de
maio, do mesmo 1980, no Maracanã. Enfim, fora o seu reencontro com a torcida
que o amava.
Na tarde
Naquela época, o Vasco não vinha bem no Brasileiro. O
técnico Orlando Fantoni contava com jogadores talentosos, como Guina, Carlos
Alberto Pintinho e Dudu “Coelhão”, mas os demais não faziam falta. Usando
camisas pretas e calções e meiões brancos, os cruzmaltinos pisaram no gramado
do Maracanã, vaiado por flamenguistas e corintianos, que deliraram, quando
Caçapava abriu o placar, aos 11 minutos, com a chamada “bomba”, de fora da
área.
Não sabiam eles, porém, que aquela seria a tarde em que o
Dinamite voltaria a explodir. E nem tiveram tempo para comemorar. Dois minutos
depois, Dudu esticou um passe para Roberto. O meia corintiano Basílio o
interceptou, mas
o reestreante recuperou a bola e, da marca do pênalti, empatou a partida: 1 x
1.
A próxima amargura corintiana aconteceria aos 27 minutos.
Roberto atacou e, como ninguém aparecia para ajudá-lo, arriscou chutar, de
longe. Saiu uma dinamite. Tabelinha com o “montinho artilheiro”, na risca da
pequena área. O quique da bola encobriu o goleiro Jairo, que a procurava e não
a encontrava, visitando o seu canto esquerdo: 2 x 1.
Com a torcida
vascaína fazendo a festa e a “Fla-Fiel” caladinha, aos 37 minutos, Guina
lançou, rasteiro, seu artilheiro,
Mas tinha mais. O Vasco encurralava os corintianos. Aos 39
minutos, o “Coelhão” chutou, de fora da área e Jairo deu rebote pra quem? O
Dinamite, que estava no pedaço, chegou com tudo e mandou seu quarto beijo na
rede: 4 x 1. Era emoção demais. Quando Roberto correu por trás das balizas,
ergueu o punho direito e comemorou mais um gol, não ficou mais nenhum
rubro-negro no estádio. Estava acabada a coligação com os corintianos. Quanto a
estes, quando nada, ainda assistiram o Doutor Sócrate diminuir o placar, para 4
x 2, aos 42 minutos, após um pênalti marcado pelo árbitro gaúcho Carlos Rosa Martins. Mas aquilo nem abalou os
vascaína – do gamado, geral, arquibancada, cadeiras e tribunas.
Com 4 x 2, no
primeiro tempo, a torcida vascaína pedia o tradicional “mais um”, na etapa
final. Roberto, no entanto, só foi atendê-la, aos 27 minutos, com um “míssil”,
pelo alto, indefensável para o Jairão: 5 x 2. Depois daquela, o que restava ao
artilheiro? Esperar o jogo acabar e ir pra diante da geral, jogar a camisa 10
pra a galera.
Era a virada na vida de Carlos Roberto de Oliveira, cidadão
nascido às 4h25 do dia 13 de Abril de 1954, em Duque de Caxias, onde ganhou o
apelido de Calu e, aos 12 anos de idade, já era individualista, fominha,
titular e artilheiro do principal time do bairro, o Esporte Clube São
Bento. Filho de Seu Maia e Dona Neuza.
Roberto foi criado
COMEÇO DA HISTÓRIA
Em 14 de novembro de
1971, Roberto jogou, pela primeira vez, no time A do Vasco, lançado, após o
intervalo, pelo técnico Admildo Chiro,
no lugar de Pastoril. Agradou e foi titular, uma semana depois, na derrota, por
2 x 1, para o Atlético-MG, no Mineirão. Mas não esteve bem e foi substituído,
por Ferreti, que marcou o gol vascaíno. aos 20 minutos do segundo tempo.
Veio, então, a noite
de 25 de novembro de 1971, no Maracanã, e foi ali que esta história começou,
pra valer. Com um chute fortíssimo, de fora da área, Roberto virou “Dinamite” e
marcou o seu primeiro gol pelo time principal de São Januário. A vítima foi o
goleiro Gainete, do Internacional, abatido, nos 2 x 0 vascaínos, valendo pelo
então chamado Campeonato Nacional. No dia seguinte, o Jornal dos Sports saía
com a manchete “Explode o Garoto Dinamite”, pensada pelo redator Aparício
Pires.
Na realidade, o apelido “Dinamite” não surgiu depois do
golaço contra o Internacional. Na segunda fase do Brasileiro, durante os
treinos para enfrentar o Atlético-MG (21.11.1971), Roberto se destacou e ganhou
a vaga de titular. No dia anterior ao
jogo o Jornal dos Sports mancheteou: "Vasco escala garoto-dinamite".
Fora uma sacada de Eliomário Valente e Aparício Pires, vascaínos, e que o
criaram quando o garoto já se destacava nos juvenis.
DESCOBERTA
Fã do atacante botafoguense
Jairzinho, Roberto foi descoberto pelo técnico e olheiro nas peladas dos
subúrbios cariocas, em 1969, Francisco
de Sousa Ferreira, o Gradim. Ao ver os dribles desconcertantes do então
Carlinhos, de 14 anos, ele convidou o garoto franzino, de apenas 54 quilos a
treinar nas categorias de base do Vasco. Roberto entro para a escolinha de Seu
Rubens e por lá ficou pouco tempo. Um mês depois de chegar a São Januário, já
estava no time juvenil, treinado por Célio de Souza. Em pouco mais de um ano no
clube, já tinha marcado mais de 46 gols e engordado 15 quilos, graças a um
trabalho muscular. No Campeonato Carioca de Juvenis de 1970 , ele foi o
artilheiro vascaíno, com 10 gols. Em 71, já foi o artilheiro da competição, com
13 gols, chamando a atenção do técnico do time A, Mário Travaglini, que o relacionou
para a disputa do Brasileirão de 1971.
Juvenil
1970 – 10 gols
1971 – 16
1972 – 10
1973 - 10
Profissional
1972 – Carioca 3
1973 – 26 – Brasileiro 12 + 10 Carioca e 4 amistosos
1974 – 39 – Brasileiro 20 + 18 Carioca e 1 amistoso
1975 – 49 – Brasileiro 14 + 14 Carioca + 12 Taça GB + 3
Libertadores + 6 amistosos
1976 – 40 – Brasileiro 14 + Carioca 5 + Taça GB 10 + 1
amistoso
1977 – 44 – Brasileiro 7 + Carioca 9 + Taça GB 16 + 12
amistosos
1978 – 44 – Brasileiro 14 + Carioca 19 + 11 amistosos
1979 – 54 – Brasileiro 10 + Carioca 13 + Taça GB 15 +
Carioca Especial 5 + 11 amistosos
Brasileiro: 1980 (8 gols)
Brasileiro: 1981 (14 gols)
Brasileiro: 1982 (12 gols)
Brasileiro: 1983 (9 gols)
Brasileiro: 1984 (16 gols)
Brasileiro: 1985 (16 gols)
Brasileiro: 1986 (5 gols)
Brasileiro: 1987 (6 gols)
Brasileiro: 1988 (3 gols)
Brasileiro: 1989 (9 gols).
GOLS POR:
Vasco: 708 Campeonato Carioca: 1977, 1982, 1987, 1988 e 1992
Taça Guanabara: 1976, 1977, 1986, 1987, 1990 e 1992
Taça Rio: 1975, 1977, 1980, 1981, 1984 e 1988
Copa Rio: 1984, 1988, 1992 Artilheiro do Campeonato Carioca:
1978 (19 gols), 1981 (31 gols) e 1985 (12 gols) Maior Artilheiro do Campeonato
Carioca: 279 gols
Maior Artilheiro
Seleção Brasileira: 26
Barcelona: 3
Portuguesa: 11
Rio Negro-AM: 2 - Amistoso Contra o Flamengo.
Seleção de Masters: 2 - Copa Pelé
Despedida do Júnior: 2 - Amistoso na Itália.
Total 754
Clubes
Vasco da Gama
Campeonato Brasileiro: 1974
Campeonato brasileiro de seleções estaduais: 1987
Campeonato Carioca: 1977, 1982, 1987, 1988 e 1992
Taça Guanabara: 1976, 1977, 1986, 1987, 1990 e 1992
Taça Rio: 1975, 1977, 1980, 1981, 1984 e 1988
Copa Rio: 1984, 1988, 1992
Torneio do Bicentenario dos Estados Unidos: 1976
Copa Rio Branco: 1976
Taça Oswaldo Cruz: 1976
Copa Atlântica: 1976
Torneio Quadrangular do Rio: 1973
Copa da cidade de Sevilla (Espanha): 1979
Torneio Colombino Huelva (Espanha): 1980
Copa Manauense: 1980
Troféu da cidade de Funchal (Portugal): 1981
Copa João Havelange: 1981
Torneio Verão: 1982
Troféu Ramon de Carranza: 1987 e 1988
Copa de Ouro: 1987
Copa do Rei Pelé: 1991
Pessoais
Bola de Prata da Revista Placar: 1979, 1981 e 1984
Artilheiro do Campeonato Brasileiro: 1974 (16 gols) e 1984
(16 gols)
Artilheiro do Campeonato Carioca: 1978 (19 gols), 1981 (31
gols) e 1985 (12 gols)
Artilheiro da Copa América: 1983
Temporadas em que atuou: 22
Maior Artilheiro
Maior Artilheiro do Campeonato Carioca: 279 gols
Maior Artilheiro
Último jogo: Vasco
Último gol: Vasco
Seleção Brasileira: 26 gols; Barcelona: 3 gols; Portuguesa:
11; gols; Amistosos: 36 gols
Gols nos adversários
Fluminense 43; América 30; Botafogo 28; Americano 27; Bangu
27; Flamengo 27; Goytacaz 22; Portuguesa 22; Bonsucesso 19; Campo Grande 18;
Olaria 14; São Cristóvão 14; Madureira 12; Internacional 11; Corinthians 10;
Volta Redonda 10; Operário 8; Vitória 8; Santos 7; Grêmio 7 e Goiânia 7.
Eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro em 1992 pelo
PSDB (34.893 votos);
Eleito deputado estadual no estado do Rio de Janeiro em 1994
(68.516 votos);
Eleito deputado estadual no estado do Rio de Janeiro em 1998
(44.993 votos);
Eleito deputado estadual no estado do Rio de Janeiro em
2002, pelo PMDB (53.172 votos);
Eleito deputado estadual no estado do Rio de Janeiro em
2006, pelo PMDB (49.097 votos);
Candidato a Presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama, em
2003 e 2006.
Cidadão Quissamaense (Município de Quissamã);
Amigo da Cidade de Duque de Caxias;
Medalha de Ordem ao Mérito do Policial Militar;
Cidadão Trirriense (Município de Três Rios);
Cidadão Bonjesuense (Município de Bom Jesus do Itabapoana);
Cidadão Cabista (Município de Arraial do Cabo);
Cidadão Aperibeense (Município de Aperibé);
Cidadão Cachoeirense (Município de Cachoeiras de Macacu);
Cidadão Silva-jardinense (Município de Silva Jardim);
Medalha do Mérito Desportivo, outorgada a ele pelo então
presidente da República, José Sarney.
Clube - Jogos
Vasco 1108
Seleção Brasileira 49
Barcelona 8
Portuguesa 14
Rio Negro 1
Campo Grande 14
Seleção de Masters 4
Despedida de Júnior 1
Total 1199
Bahia 1 x 0 Vasco
Bahia: Renato: Augusto, Zé Oto, Roberto e Sousa; Amorim e
Eliseu (Nilo); Carlinhos, Baiaco, Santa Cruz e Caldeira.
Vasco: Andrada; Fidélis (Haroldo), Moisés, René e Alfinete;
Alcir e Afonsinho; Luís Carlos, Pastoril (Roberto Dinamite), Dé e Rodrigues. Técnico:
Admildo Chirol.
Data: 14 de novembro de 1971
Estádio: Fonte Nova, em Salvador
Árbitro: Oscar Scolfaro (SP)
Público:
Renda: CR$ 52.020,00
Gol: Santa Cruz, aos 14 min do 1º tempo.
Vasco: Andrada; Haroldo, Miguel, René e Alfinete; Alcir e
Buglê; Luís Carlos, Beneti (Jaílson), Ferreti e Gílson Nunes (Roberto
Dinamite).
Internacional: Gainete; Bira, Pontes, Flávio e Édson
Madureira; Carbone e Paulo César Carpegiani; Valdomiro, Sérgio Galocha,
Claudiomiro (Bráulio) e Dorinho (Arlem).
Data: 25 de novembro de 1971
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro
Árbitro: José Maurílio Santiago (MG)
Público:
Renda: Cr$ 49.675,00
Gols: Buglê, aos 5, e Roberto Dinamite, aos 27 min do 2º
tempo
Náutico: Washington; Clésio, Dimas, Douglas e Carlos Alberto
Rocha; Luciano, Lourival (Evaristo) e Paulinho: Reinaldo, Dario e Marquinhos.
Técnico: Cidinho.
Vasco: Mazaropi; Orlando, Juan, Léo e Paulo César; Dudu,
Guina e Jorge Mendonça; Catinha (Paulo Roberto), Roberto e Paulinho (Aílton).
Técnico: Orlando Fantoni
Data: 23 de abril de 1980
Estádio: Arruda, em Recife
Árbitro: Hélio Cosso (MG)
Público: 19.705 ppresentes
Renda: Cr$ 1..165.820,00
Gol: Guina, aos 13 min do 1º tempo.
Vasco 5 x 2 Corinthians
Vasco: Mazaropi; Paulinho Pereira, Juan (Ivan), Léo e Paulo
Cesar; Carlos Alberto Pintinho, Guina e Dudu; Catinha, Roberto e Wilsinho (João
Luís). Técnico: Orlando Fantoni
Corinthians: Jairo, Ze' Maria, Mauro, Amaral eWladimir;
Caçapava (Djalma) , Basilio e Socrates; Piter, Geraldão (Toninho) e Wilsinho.
Técnico: Jorge Vieira.
Data: 4 de maio de 1980
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro
Árbitro: Carlos Rosa Martins (RS).
Público: 107.474 pagantes
Renda; Cr$ 8.68.760,00.
Gols: Caçapava, aos 11; Roberto, aos 13, 27 e 39, e Sócrates, aos 42 min do 1º tempo; Roberto, aos 27 min do 2º tempo.
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