Vasco

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sábado, 11 de fevereiro de 2017

KIKE EDITORIAL- 9 - A RAINHA PIRATA

  A rainha Elizabeth II, que atingiu 65 anos de reinado, recentemente, vai bem, obrigado. E segue muito querida pelos britânicos. Já a sua antecessora, Elizabeth I (1533 a 1603), “sai da frente!”
Para espanhóis e portugueses, a danada era uma grande “filha daquelas mulheres de menos responsabilidade”, como as classifica o intrépido presidente da Rússia, Vladimir Putin. Na verdade, eles até tinham razão, pois o pai dela, o Rei Henrique  VIII, mandou cortar a cabeça de sua  mãe (dela), Ana Bolena, e anulou o seu casamento (dele), o que a tornou-a filha ilegítima. Logo, ela virou isso mesmo que você pensou.
Mas, porque tanto ódio por uma chinoca, tchê? Seguinte: os soberanos da Espanha e de Portugal, quando estes eram a maiores potências marítimas do planeta,  desconsideravam a existência do restante do mundo. Fizeram tabelinha com o espanhol Papa Alexandre VI e este abençoou a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1594, conferindo-lhes o direito de dividirem o que achassem pela frente durante as suas navegações. Elizabeth I se arretou. Mandou Alexandre e a sua Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana à PQP e enfiar a sua benção ao tratado no seu santíssimo “curriculum”. E, achando pouco, convocou a sua patota e entregou-lhes cartas de corso, autorizando o confisco das a riquezas que os navios de “portugas” e espanhóis desfilassem diante de suas barbas.
- Que pílantra! – bradou Felipe II, Rei da Espanha e casado, por procuração, com Catarina de Aragão, a primeira ex-mulher do Henricão cortador de cabeças.
 Movido a um efervecente sangue ibérico, o Felipão resolveu sair  na pancada com Elizabeth I. E se deu mal. Quando pretendia conquistar a Inglaterra, em 1558, levou porrada da moça.
 Serviço feito, a festa da pirataria rolou pelas águas do mundo, patrocinada, ou com despesas divididas, com investidores, pela “Betona” que, além de tornar-se “filha da pata”, aos três anos de idade, ainda “tirou férias”, aos 21 anos de idade, atrás de grades da Torre de Londres, acusada de conspirar contra a sua meia-irmã e Rainha Maria I. Mas estava escrito que nada a barraria. Em 1558, ela chegou ao trono inglês,  como um uma fera, e, anos mais tarde, mandou este recado ao desafeto rei espanhol:  
- Você, Felipe II, ladra, mas não morde.
 Com tanta adrenalina acumulada, a gloriosa “Betona” não iria envergonhar o seu pai Henrique VIII, e nem a sua irmã “Bloddy Mary”, isto e, Maria Tudor, que diziam beber sangue de protestantes.  Tanto que, em 1587, ela mandou cortar a cabeça de sua prima e rival Maria Stuart, déspota na Escócia. Danadinha, hem?
Por jamais ter colocado argola no anular da mão esquerda e nem parir nenhum “filho da pátria”, a “Tia Beth” ganhou a alcunha de “Rainha Virgem”. Nem tanto! Às escondidas, o Conde de Leicester, Robert Dudley, mandava-lhe umas beliscadinhas, o que fazia muito bem a uma “perseguida” que passara muito tempo “zerinho quilômetro” e, também,  fora excomungada pelo Papa, quando ela contava 28 temporadas no pedaço.
Nem só contra europeus, Elizabeth I mexeu. Já que os ingleses ficaram sabendo das riquezas do Brasil, desde 1579, pela turma de Francis Drake, ela não perdeu tempo. Mandou a moçada dar um chego por aqui e bater uma bolinha com os “brasucas”. Primeiramente, Thomas Cavendish que, pouco depois de pedir-lhe uma carta de corsário, pilhou dos espanhóis o maior butim da época, no mesmo 1588 em que a Inglaterra botou pra correr a esquadra de Felipe II. Entusiasmado, o carinha veio para o Sul Maravilha, dominou as indefesas  Santos e São Vicente (atual “Sampa”), em 1591, e tocou o terror.
Mas o piratão inglês que se deu melhor por aqui foi James Lancaster.  Em 1595, ele atacou, espetacularmente, Pernambuco, que os ingleses chamavam de “Fernambuck”, e roubou o equivalente a dois milhões de libras esterlinas, um assombro e maior soma já pirateada no Mundo Novo. Para se ter uma ideia melhor, quando o corsário francês René Duguay-Troin atacou e dominou o Rio de Janeiro, em 1711,  o governador Castro Morais negociou o resgaste da terra por 615 mil cruzados, em três parcelas, 200 caixas de açúcar e 200 bois. Uma ninharia em relação ao valor do pau brasil, do algodão e do açúcar pernambucano, além de pedras preciosas e mais 12 outros  produtos de grande valor comercial na Europa.
 Elizabeth I só não disparava tiros de canhão e passava a navalha na jugular da moçada pilhada. Era o de menos. No fundo, no fundo, jogava no mesmo time dos flibusteiros e bucaneiros que assombraram os mares do Caribe e das Antilhas. Era uma pirataça!      

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