Vasco

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sábado, 30 de setembro de 2017

O VENENO DO ESCORPIAO - O 'BESSARABO' DA AMAZÔNIA QUE QUERIA SER VAMPIRO

O picareta dos picaretas...
Durante o século 17, o Conde  de Saint Germain era íntimo de cortes europeias e chegado a escândalos. Francês e tremendamente malandrão, apresentava-se como cientista, alquimista, lapidador de diamantes, ourives, músico e compositor, entre outros, e dizia-se imortal, presenciador de fatos ocorridos há vários séculos.                                     
 O grande picareta nasceu em 1712 e viveu até 27 de fevereiro de 1784. Um dia, achou de "reencarnara-se" no Brasil, na pele de Henrik Jan Dadiani, "nascido em Kishenew, na Besssarábia, em 1897, descendente de um dos ramos da família imperial russa", embora o seu sotaque nada tivesse de "bessarabo".
 Era 1937 e um tal de Dadiani, medindo quase dois metros de altura e pesando 100 quilos, passou a ser falado pelas delegacias de polícia de São Paulo. Contavam que  falava com desenvoltura, tinha voz de barítono e modos nada bregas. A polícia levou 19 temporadas em seu encalço, acusando-o por oito crimes, a maioria por bigamia.
INCÓGNITO - Ninguém conseguia descobrir o verdadeiro nome de Dadiani. Segundo ele, adotara este para fugir dos comunistas, antigos “camaradaço”.  Ao ser preso, declarou chamar-se  Henrique João Fialho e ter nascido no Amazonas.
Das “bigamadas” desse “bessarabo”, uma poderia ser roteiro de fotonovela. Em 1948, residindo em Belo Horizonte, ele colocou anúncio na revista “Grande Hotel” à procura por noiva e dizendo-se médico “de meia idade”. Queria casar-se com moça recatada.
Lido em Santa Maria-RS, por Almerinda Lichter, de 14 anos, Dadiani passou 2.555 dias correspondendo-se com a gauchinha. Casaram-se no catolicismo e foram residir em Tatui-SP. Um dia, a mulher convidou a irmã Araci a visita-la. Esta foi, arrumou namorado na cidade e abominou o cunhado.        
...foi imitado por Dadiani, aqui na cadeia...

 O namorado de Araci desconfiou de que já tinha visto Dadiani, em alguma quebrada – em um jornal, apelidado por “Príncipe”. Durante as ausências dele em casa, Araci bisbilhotou os seus guardados e confirmou as suspeitas. O “médico” havia iludido a sua irmã. Procurou o juiz de direito da comarca, entregou o carinha e o caso passou foi entregue aos "zome".
VISTORIA POLICIAL na casa de Dadiani encontrou o quadro perfeito para ele ser preso e processado por falsificar identidade, certidões de nacimento e de casamento, além de posse sexual fraudulenta e de exercício ilegal da Medicina – vendia garrafadas, garantindo excelente desempenho na horizontal. 
 Dadiani conhecia o Código Penal  e citava artigos, como um mestre. Certa vez, fez a sua defesa em mais uma "bigamada", sendo absolvido. Escreveu o livro “Acusado sem crime”, que teve várias edições. Na época, ele  “havia nascido” na Polônia.
QUANDO ELE ERA João Chonsky, casou-se com Arlinda Walther. Pouco depois, Geralda Barbosa o acusou, no Rio de Janeiro, por bigania. Próxima? Era o doutor Carmelo Ribeiro Lorenzo e desposou, em São Paulo, Oacyr Rangel. Foi preso e logo solto. A seguir, tentou levar uma outra companheira, Maria Helena Ferreira, em Belo Horizonte, a compactuar com os suas picaretagens. Processado, escapou, de novo.
Em 1940, Dadiani desapareceu. Só foi descoberto e preso em 1956. Disse à policia que, antes de vir para o Brasil, era médico, em Paris. Não pudera ser por aqui, devido surdez que o impedira de passar por provas orais indispensáveis à revalidação do seu diploma. Também, que fora absolvido em cinco processos e que só se casara uma vez, tendo ficado viúvo e o casamento anulado.
...longe dos filhos com Almerinda
BASTISTA, PREBISTERIANO e membro do Exército da Salvação, como afirmava, Dadiani jurava arrependimento por todas  as picaretagens. Pretendia basear a sua defesa  no artigo 13 do Código Penal – arrependimento eficaz e desistência voluntária antes de o delito entrar em domínio público.
Compare o picareta Dadiani com os picaretas presos pela “Operção Lava Jato”. Ele, que falava, com desenvoltura, sobre os grandes filósofos da humanidade, tinha imaginação de escritor de ficção. Na verdade, tinha mente precisando de tratamento médico. Afinal, só queria ser vampiro, passear de século em século, variar no uso de "perseguidas" e vender "garrafadas produzidas por laboratórios parisienses". 
 EM RELAÇÃO AOS plíticos e empresários corruptos que estão na cadeia, Dadiani era um “santinho”. Afinal, não robou milhões do dinheiro púlbico; não quebrou a Petrobras; não recebeu propina para favorecimentos graciosos; não aplicou dinheiro da corrupção em bancos estrangeiros e nem liberou “tutu” para emendas de parlamentares que votassem contra  apuração de denuncias contra o pagador.   
Diante desses, Dadiani merecia ser canonizado. Em compensação, deputados e senadores corruptos não podem ser acusados de terem vendido “garrafadas milagrosas”, para ninguém endurecer.........o espírito público. Confere?       

              

 
 

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