Vasco

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domingo, 1 de abril de 2012

HISTÓRIAS DO FUTREBOL BRASILIENSE. COLOCOU AS FAIXAS NA CHURRASCARIA

                                              

  O Brasília Esporte Clube havia sido campeão candango-1980, invicto, levando apenas sete gols, em 20 partidas (ver campanha ao final do texto), usando 20 atletas. Depois do título, tudo dava errado para o clube.

 Para fazer uma grande festa pela recuperação do caneco (perdido, em 1979, para o Gama), sua turma tentara trazer Flamengo e Corinthians, para o Jogo das Faixas. Estávamos a menos de 45 dias da virada do calendário e a época não ajudava, sem falar da cota do visitante, que ficaria em um milhão e meio de inflacionados cruzeiros – caríssima! Rola e mexe, após esgotadas todas as tentativas de contar com um atrativaço, o Brasília esbarrou até na possibilidade de trazer o vizinho Anápolis.

 “Problema nunca foi problema para o Brasa”, brincava o zagueiro Jonas Foca, que chamava o Brasília por apelido incandescente. Além daquilo, lembrava de 22 de dezembro de 1978, quando o Colorado do Planalto (apelido não pegou) não conseguia, marcar nenhuma comemoração e arrumou jeito diferente para o tri não passar sem festejo: convidou a imprensa para enfaixar a rapaziada, durante sambão, em um sabadão, na Churrascaria do Júlio, ao lado da pista ligando Plano Piloto a Taguatinga. Me lembro que coloquei a faixa no meia-atacante Ernani Banana. 

 Era a primeira vez na história do futebol brasileiro que um campeão recebia as faixas em uma churrascaria. Alguns jogadores não puderam comparecer e foram sacaneados pelos colegas. Por exemplo: 1 - Edmar (futuro artilheiro do Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Cruzeiro e da Seleção Brasileira) estava com forte gripe e febre. Banana, que lhe dava carona para todos os treinos, mandou ver: “Deixei de pegar a gripe fominha” - o colega era o maior fominha de gols do time; 2 - O lateral Ferreti estava na Bahia, visitando a sua família, e alegou não ter encontrado passagem aérea no dia do churrascão. Jonas Foca não o perdoou: “Preguiça de pegar o avião”; 3 – Caçoou, ainda, com o meia-armador Raimundinho, também baiano e que estava, igualmente, na Bahia: “Na terra dele, o veículo mais rápido é o jegue. Não dava tempo de chegar”; 4 – Em vez de contratar churrasco, podiam me chamar pra fazer um terceiro- sargento”, brincava o roupeiro Seu Mário, ao que o massagista Leleco retrucava: “Pra empanturrar todo o time” – terceiro-sargento era uma mistura de carne de sol cortadinha em pedacinhos, arroz branco, tomate cortado e farofa. 

 Foi uma noitada animadíssima, em que até os circunspectos dirigentes Augustinho Vilar Neto, Nabor Siqueira, Oscar Perné do Carmo, Paulo de Sousa, Edílson Braga, Carlos Romeiro e o treinador Cláudio Garcia se animaram mais do que o normal, ouvindo a orquestra mandar em homenagem aos campeões: Déo, Luisinho, Mário, Foca, Zé Mario, Odair Galetti, Alencar, Wander, Rogério Macedo, William, Paulinho, Albeneir, Ney, Aluísio Robozinho, Ricardo, Moreirinha, Péricles, Edson, Marquinhos, Nando, Guilherme, Afonso, Sidney e Zé Carlos.

Quanto aos resultados que seriam conquistados duas temporadas depois, prometidos no início do texto, anote: 1º turno – 2 x 0 Tiradentes; 1 x 0 Gama; 1 x 1 Comercial de Planaltina; 2 x 0 Sobradinho; 3 x 0 Desportiva Bandeirante;  1 x 1 Guará; 6 x 0 Ceilândia e 2 x 0 Taguatinga. 2º turno – 5 x 0 Desportiva; 0 x 0 Taguatinga; 5 x 0 Sobradinho; 0 x 0 Guará; 3 x 1 Ceilândia; 3 x 1 Tiradentes; 3 x 1 Comercial; 0 x 0 Gama e 2 x 0 Gama. 3º turno – 5 X 0 Tiradentes; 5 x 0 Desportiva; 1 x 0 Ceilândia; 4 x 0 Taguatinga; 3x 0-Sobradinho; 4 x 0 Comercial; 2 x 0 Guará e 1 x 1 Gama

 

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