O Brasília Esporte Clube havia sido campeão candango-1980, invicto, levando apenas sete gols, em 20 partidas (ver campanha ao final do texto), usando 20 atletas. Depois do título, tudo dava errado para o clube. Para fazer uma grande festa
pela recuperação do caneco
(perdido, em 1979, para o Gama), sua turma tentara trazer Flamengo e
Corinthians, para o Jogo das Faixas.
Estávamos a menos de 45 dias da virada do calendário e a época não ajudava,
sem falar da cota do visitante, que ficaria em um milhão e meio de
inflacionados cruzeiros – caríssima! Rola e mexe, após esgotadas todas as
tentativas de contar com um atrativaço,
o Brasília esbarrou até na possibilidade de trazer o vizinho Anápolis. “Problema nunca foi problema
para o Brasa”, brincava o zagueiro Jonas Foca, que chamava o Brasília por
apelido incandescente. Além
daquilo, lembrava de 22 de dezembro de 1978, quando o Colorado do Planalto (apelido
não pegou) não conseguia, marcar nenhuma comemoração e arrumou jeito diferente para o tri não passar sem festejo:
convidou a imprensa para enfaixar a rapaziada, durante sambão, em um sabadão,
na Churrascaria do Júlio, ao lado da pista ligando Plano Piloto a Taguatinga.
Me lembro que coloquei a faixa no meia-atacante Ernani Banana. Era a primeira vez na história
do futebol brasileiro que um campeão recebia as faixas em uma churrascaria.
Alguns jogadores não puderam comparecer e foram sacaneados pelos colegas. Por
exemplo: 1 - Edmar (futuro artilheiro do Flamengo, Palmeiras, Corinthians,
Cruzeiro e da Seleção Brasileira) estava com forte gripe e febre. Banana, que
lhe dava carona para todos os treinos, mandou ver: “Deixei de pegar a gripe fominha” - o colega era o maior fominha de gols do time; 2 - O lateral
Ferreti estava na Bahia, visitando a sua família, e alegou não ter encontrado
passagem aérea no dia do churrascão. Jonas Foca não o perdoou: “Preguiça de
pegar o avião”; 3 – Caçoou, ainda, com o meia-armador Raimundinho, também
baiano e que estava, igualmente, na Bahia: “Na terra dele, o veículo mais
rápido é o jegue. Não dava tempo de chegar”; 4 – Em vez de contratar
churrasco, podiam me chamar pra fazer um terceiro-
sargento”, brincava o roupeiro Seu Mário, ao que o massagista Leleco
retrucava: “Pra empanturrar todo o time” – terceiro-sargento era uma mistura de carne de sol cortadinha em
pedacinhos, arroz branco, tomate cortado e farofa.
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Vasco
domingo, 1 de abril de 2012
HISTÓRIAS DO FUTREBOL BRASILIENSE. COLOCOU AS FAIXAS NA CHURRASCARIA
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