FOTO REPRODUZIDADA DA REVISTA DO SANTOS
Dois centímetros de altura a menos do que Pelé (D) e centenas do futebol deste
Zoca rolava a bola até direitinho. Razão para, também, sonhar com o sucesso no melhor time do mundo. Tinha o mesmo porte físico e só dois centímetros de altura a menos do que o mano Rei do Futebol. Por exibir boa técnica e agilidade, o técnico do Santos, Lula (Luís Alonso Peres) acreditou que relação genética tão próxima poderia ajudá-lo a ter dois supercraques em seu ataque.
Recomendado pelos seus tempos de peladas pelas ruas de Bauru-SP, o garoto Zoca treinava entre os aspirantes santistas. Ganhou algumas chances no time A, mas o problema era que o Peixe (apelido dos santistas) tinha um ataque infernal, com Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, sem falar de reservas como Pagão, Sormani e Tite. A melhor chance de Zoca aconteceu em 10 de abril de 1961, quando o Lula o lançou, em lugar de Coutinho, em Santos 6 x 1 América-RJ, na Vila Belmiro, pelo Torneio Rio-São Paulo. Mas a última bola do jogo foi uma tragédia para ele. Pênalti a favor dos santistas, com a galera querendo vê-lo cobrando e marcando. Nervoso, Zoca desperdiçou a chance e, por ali, começou a virar “Zoca”, embora tivesse, três semanas depois - 21 de abril de 1961 – marcado o seu primeiro gol santista, amistosamente, em Santos 4 x 0 Seleção de Brasília, na brasiliense Vila Planalto - Sormani, Coutinho e Tite fizeram os outros gols e Zoca entrou na vaga de Dorval – time?
Zoca, enfim, não havia nascido com pendores do irmão, que virou Rei do Futebol. Cobravam-lhe o mesmo desempenho em campo, pressão insuportável para ele, que poderia ter ido mais longe. Terminou virando sinônimo “do que parece, mas não é”.
Já que não dava para ganhar vaga no ataque santista, ao lado do irmão, Zoca teve a sorte de jogar durante a Copa São Paulo – abril a junho de 1962 – quando o Santos tinha sete atletas na Seleção Brasileira que treinava (e disputou) para a Copa do Mundo do Chile. No domingo, 15 de abril, em Santos 3 x 3 Ponte Preta, na Vila Belmiro, surgiu vaga para ele, em lugar de Pagão. Dali por diante, entrou em todos os demais jogos, substituindo alguém e sendo substituído. Lula o testava – dia 22, nos 5 x 2 Ituveravense, amistosamente, fez um dos gols e, depois, foi substituído; no jogo seguinte, novamente, pela Copa São Paulo, no Parque São Jorge, o Santos perdeu do Corinthians de Presidente Prudente, por 2 x 1 e Zoca fez o único gol santista. Mesmo assim, continuou entrando e saindo pelas sete partidas seguintes, revezando-se com Luís Cláudio, Nenê, Dorval e Pagão.
Pouco depois, o Santos excursionou à Europa. Lula levou alguns novatos, mas deixou Zoca fora do grupo. Também, novas oportunidades não lhe dava. Em 1966, Zoca decidiu abandonar o futebol, após 15 jogos e quatro gols. Passou a ser assessor comercial do irmão, posição no qual se tornou um craque.
Jair Arantes do Nascimento, o Zoca, nascido, em 22 de julho de 1942, na mineira Três Corações, viveu até o 25 de maio de 1967. Só vestiu a camisa santista do lado de Pelé em uma só vez - 25 de julho de 1962, em Santos (aspirante) 2 x 0 Volkswagen Clube, preliminar do Santos x XV de Piracicaba, pelo Campeonato Paulista, na Vila Belmiro. À época, Pelé ainda se recuperava da lesão que o tirara da Copa do Mundo do Chile.
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