Vasco

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sábado, 1 de dezembro de 2012

HISTÓRIAS DO KIKE - MATADOR RUBRO-ANIL DERRUBOU VASCÃO E BOTAFOGO

Em 1965, o Rio de Janeiro celebrava o seu IV Centenário e tudo era festa na Cidade Maravilhosa. No futebol, todos queriam o título da temporada, principalmente porque o Vasco da Gama vencera a I Taça Guanabara e o I Torneio Internacional (houve dois) que homenageou a terra. Era grande a expectativa das torcidas do Fluminense por um bi; do Flamengo, para recuperar o caneco que não levantava desde 1963 e, principalmente, do Botafogo, que passava longe do título há três temporadas. Só América, Bonsucesso e Portuguesa não aspiravam nada, sabiam que os sus times só seriam pra cumprir tabela.

E rolou a bola. Surprendentemente, o Vasco da Gama saiu cedo da luta pelo título, deixando rubro-negros, tricolores, banguenses e botafoguenses travaando luta ferrenha pelo caneco. Estava animado. A quatro rodadas do final, no 27 de novembro, mais uma surpresa: o Botafogo, inesperadamente, ficou no 1 x 1 Bonsucesso, diante de incrédulos 5.334 pagantes, no Maracanã. Afinal, o treinador Daniel Pinto tinha sob seu comando um timaço – Manga, Joel Martins, Zé Carlos Gaspar, Paulistinha e Rildo; Elton e Afonsinho; Jairzinho, Humberto, Bianchini e Arthurzinho.

Embora o Bonsucesso não amedrontasse ninguém, sua rapaziada estava motivada pela promessa do cartolão Rubens Araújo Reis, de premiar a rapaziada, com Cr$ 150 a 200 mil cruzeiros, caso eles vencesse a partida. Funcionou o doping financeiro, que incluiu concentração no Hotel Nice, no centro do Rio de Janeiro.

O Bonsuça chegou ao Maraca com o treinador Alfinete não escondendo da imprensa a sua escalação da imprensa: Jonas; Marcelo, Jerry, Nogueira e Albérico; Jardel e Ivo; Gilbert, Adauri, Sabará e Escurinho. No  entanto, aos 11 minutos, Jairzinho passou pro dois e cruzou bola para o miolo da área rubro-anil, onde estava o afobado zagueiro Marcelo, que marcou gol-contra. Parecia que a ordem natural das coisas iria rolar mesmo. Só que passou a acontecer tudo ao contrário do que se esperava. O Bonsucesso passou a mandar na partida, Criou e perdeu várias chances de gols, principalmente por conta de Adauri, que infernizou a vida dos zagueiros alvinegro. E o cotejo ficou pelo que estava ao final do primeiro tempo.           

Em pé, da esquerda para a direita, Marcelo, Jonas, Nogueira, Jerry, Jardel e Albérico; agachados, na mesma ordem: Gilbert, Adauri, Sabará, Ivo Sodré e Escurinho. 

Veio a etapa complementar, como falavam os speakers radiofônicos de antigamente, e os rubro-anis quase empataram, com 30 segundos de peleja. Aos 13 minutos, Gilbert centrou bola para área alvinegra e o centroavante Sabará cabeceou para empatar: 1 x 1, placar que, também, tirou a Estrela Solitária da luta pelo charmoso título de campeão do IV Centenário do Rio de Janeiro assim que o árbitro José Gomes Sobrinho (auxiliado por Cláudio Magalhães e Gualter Portela Filho) fez o apito final.

Mas aquela não fora a única estrepolia do Bonsucesso no Campeonato Carioca de 1965. Antes, no 24 de outubro, com um gol e muita aprontação por Adauri, o time suburbano havia mandado 2 x 0 Vasco da Gamas, no estádio da Rua Teixeira de Castro. Quem era, afinal, aquele tal de Adauri que enchera o saco de botafoguenses e cruzmaltinos?

Surgido no mineiro Sport Club Juiz de Fora, em 1960, logo ele foi tentar a sorte no Fluminense, mas não dava, pois Seu Zezé Moreira estava com time montadinho, que terminou vice-campeão carioca. Com aquilo, foi para o Bonsucesso, um time fraco pelo qual marcou sete gols durante os Campeonatos Cariocas de 1962/1963. Chamou a atenção do Bangu, que o levou, em 1964, mas só o lançou em 14 jogos, nos quais marcou dois tentos diante de argentinos, durante excursão sul-americana. A seguir, disputou o Torneio Rio-São Paulo e  voltou ao Bonsuça, para escrever a sensacional vitória sobre o Vasco da Gama.

Pouco depois, o Atlético-MG estava precisando de um atacante veloz, com boa técnica e que fosse íntimo do fundo da rede. E levou Adauri para vestir a sua camisa em 10 jogos e marcar dois gols.

Fase melhor Adauri viveria no Bahia, entre 1967/1970, sendo campeão estadual na primeira temporada e deixando nesta passagem, 15 gls em 24 jogos. Por fim, pendurou as chuteiras, no mesmo 1970, defendendo a Portuguesa-RJ. As últimas notícias sobre este cidadão nascido em Juiz de Fora-MG, em 11.04.1942,  dizem que ele segue vivo, aos 82 de idade, com boa saúde – que legal!  

Publicado por Jornal de Brasília (12.01.2025) e trazido pra cá via Túnel do Tempo     

https://jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/historias-da-bola/o-matador-rubro-anil/

            

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