Vasco

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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

CLUB DE REGATAS VASCO DOS FUXICOS-9


Pinga trocu de posição e arrasou com Martim
A genealogia vencedoras dos antepassados do treinador Martim Francisco não intuía que o Andrada dos desportos desprezasse esforços terrenos e buscasse forças do além para o Vasco vencer. Mesmo assim, lhe atribuíram contatos com terreiros de macumba, em busca dos dois pontos nos gramados. E muita supertição.  Martim defendia-se, dizendo que, meramente, procurava resolver preocupações íntimas de seus atletas e de interesses do clube.
 Durante a campanha que levou o Vasco ao título carioca de 1956, certo de que só retribuindo à confiança que o grupo tinha nele poderia chegar  ao caneco, jamais foi áspero com seus atletas, nunca culpou ninguém por nada. Indagado pelo destaque da partida, respondia: “Todos! Todos jogam em função da equipe. O sucesso pertence a todos”. Na derrotas, pretendia: “O culpado sou eu, que não soube distribuir as funções como deveria. Os jogadores fizeram, exatamente, o que eu mandei”.
Sabará era dos poucos conhecidos do chefe
Na década de 1950, eram os treinadores quem dirigiam os treinos  físicos das equipes. Martim Francisco era criticado por não ter diploma de treinador. Era chamado de “curioso”. No entanto, alegava ter passado por vários cursos técnicos, como o da Escola Estadual de Educação Física de Minas Gerais, e invocava ter desenvolvido conhecimentos científicos da calestênia, durante a viagem como Vasco à Europa. Para desenvolver o seu trabalho em São Januário, Martim Francisco precisava contar com uma grande equipe. Esta incluía o auxiliar técnico Augusto da Costa, ex-lateral vascaíno; o médico Valdir Luz; o dentista Lakir Aguair; o diretor de concentração Lafayette Thomaz; o assistente administrativo José Rodrigues; os massagistas Bento Mariano e Francisco Assis; o enfermeiro Sérgio; o roupeiro Francisco; o sapateiro Antônio Lopes; o zelador Amaro e o mensageiro Sabarazinho.
PANELA DE PRESSÃO – Como o futebol carioca era cheio de fuxicos, quando o Vasco contratou Martim Francisco, o presidente Arthur Pires e o vice Antônio Calçada  tinham um plano: enviar a equipe à Europa, a fim de que o novo comandante da rapaziada pudesse observar, trabalhar, calmamente. Sem atribulações e cobranças, poderia selecionar o material a ser usado durante o Campeonato Carioca e voltar com uma base.   
Bellini estava em baixa e logo decolou
Como os resultados da fase laboratorial não foram bons, a diretoria cruzmaltina não deixou de inquietar-se. Ferviam críticas na imprensa carioca. Mas o clube não esperava êxito instantâneo, com mudança de treinador e de método de trabalho, principalmente, sabendo que, na Europa, sempre se jogava contra times fortes. Foi dentro desse contexto que Martim Francisco traçou o perfil do time que viria a ser o campeão carioca.
Para o presidente Arthru Pires, a identificação de ideias, ações e pensamentos dos dirigentes do departamento de futebol foi um dos responsáveis pelo título. “O que o treinador pediu, teve”, disse ele ao Nº 58 da revista “Manchete Esportiva”, considerando Martim Francisco “decisivo e sabendo dosar o trabalho físico que fez o Vasco ser o único time, em todo o certame, com uma equipe ouças vezes mexida”. O presidente vascaíno considerou os jogos contra o Botafogo (3 x 2, em 25.11), o América (1 x 0, em 07.12) e o Bangu (2 x 1, em 15.12) como as chaves da conquista que gerou um superávit de Cr$ 6 milhões de cruzeiros.
Martim Francisco usou 16 jogadores para se campeão carioca em 1956. Para a imprensa, a revelação foi o lateral-esquerdo Coronel, saído do time juvenil. Testado em um time misto que fez vários amistosos pelo Brasil, o garoto claudicou nos jogos em que o time não atuou bem na Europa. Mas Martim via futuro nele e o bancou. Já o craque eleito por todos os homens das imprensa foi o meia Válter Marciano. Ataque empurrado por ele era sucesso garantido. Além da classe, jogou com muito amor à camisa. A ponto de chorar, após a partida contra o Bangu, por achar que tivesse jogado mal.   
Se o craque Válter era unanimidade, para o colunistas Nélson Rodrigues, a alma do time era o zagueiro Bellini. Não só Nélson, mas todos que foram aos jogos do campeão tinham tal pensamento. Jogava duro, mas na bola. Se esta pintasse na área vascaína, haveria o bico de duas chuteiras tentando brecar o lance. Estava em baixa e foi reativado por Martim Francisco Ribeiro de Andrada, tetraneto do “Patriarca da Independência do Brasil”, José Bonifácio de Andrada e Silva, e sobrinho-neto do líder republicano Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.

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