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sábado, 19 de janeiro de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - PRESIDENTES (E DITADORES) QUE TINHAM MUITO GÁS

 VIZINHOS CUCARACHAS MUI AMIGOS
 Documentos tornados públicos pelo governo norte-americano revelam que o presidente e general boliviano Hugo Banzer chegou ao poder, em 1971, não só apoiado, politicamente, mas, também, financiado pelo pelo governo do presidente Richard Nixon.
 O informe conta que, no 8 de junho de 1971, assessores de Nixon discutiram a proposta,  da CIA-Agência Central de Inteligência (na tradução), de liberar US$ 140 mil dólares, para militares e políticos oposicionistas bolivianos derrubarem o presidente José Torres.
O golpe matou, pelos cálculos da imprensa internacional que cobriu o fato, pelo menos, uma centena pessoas. E instaurou na Bolívia um governos mais repressivos de sua história. Mais de 14 mil adversários foram presos, sem ordem judicial; mais de oito mil torturados e centenas assassinados, ou “desaparecidos”. 
O derrubado José Torres andou exilado por Peru, Chile e Argentina, e terminou sequestrado e assassinado em Buenos Aires, em 2 de junho de 1976, por agentes do "Plano Condor" - aliança político-militar entre - Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, com a CIA, pelas décadas-1970/1980. Criada para reprimir opositores das respectivas ditaduras nos países citados acima.
 Foi com o general Hugo Banzer que o Brasil fechou um dos seus principais contratos comerciais da época da ditadura dos seus generais-presidentes: a compra do gás natural da Bolívia, assinado pelo também general-ditador Ernesto Geisel, que esteve no Palácio do Planalto entre 1974 a 1979.
Geisel, na verdade, já negociava desde quando presidia a Petrobras e o Conselho Nacional do Petróleo, em 1972. Mas o que se negociou, até 1977, não se concretizou, de todo. Contribuiu, no entanto, para negociações entabuladas pela década-1980 e que provocaram, na década seguinte, o surgimento do gasoduto Bolívia-Brasil, o “Gasbol”.
  Foi na boliviana Cochabamba que Geisel assinou o Acordo de Cooperação e Complementação Industrial, prevendo a compra brasileira de quase 7 milhões de metros cúbicos diários de gás boliviano, por duas décadas, além do estabelecimento de um polo industrial na Bolívia. O acordo, no entanto, não saiu do papel. Voltou à mesa de negociações, em 1978, com o Brasil aumentando as sus compras diárias em mais 4 milhões de metros cúbicos, o que só veio a se concretizar pela década de 1980, com ele já fora do poder.
Na atual agenda Brasil-Bolívia o temas hidrocarbonetos é iten importante, não só por tratar-se de mero tema de abastecimento, mas por ser ponto de disputa por poder na região, com a vizinha Argentina.
Brasil e Bolívia se relacionam desde a formação dos dois Estados pós-independentes, levados, sobretudo, pelas suas grandes fronteiras territoriais. Desde muito cedo debatem a delimitação.
 Historicamente, os bolivianos tiveram sua história marcada por constantes influências brasileiras e argentinas, em vários temas, incluindo petróleo e gás. Marcou pontos para o Brasil o apoio aos bolivianos, ao final Guerra do Chaco (contra o Paraguai-1932/1935), posicionando-se contra a perda de território pelo vizinho andino. Mas não ficou de graça. Por ali, o Brasil manifestou o desejo de explorar o petróleo boliviano.
 Vem de 1938 os negócios Brasil-Bolívia sobre hidrocarbonetos. Época em que seus presidentes - Getúlio Vargas e Germán Bush - assinaram tratados sobre vinculação ferroviária entre Corumbá, em Mato Groso,  e Santa Cruz de La Sierra e o sobre saída e aproveitamento do petróleo boliviano.
 O primeiro deles visava concretizar rota Atlântico-Pacífico, conectando o território boliviano ao porto de Santos e ao Rio Paraguai, com facilidades para a circulação de mercadorias.
 Inaugurada a ferrovia, com tecnologia e investimentos brasileiros, em 1955, os presidentes do Brasil, Café Filho, e da Bolívia, Víctor Paz Estenssoro, decidiram-se por revisão do tratado, em 1958 e no que ficou chamado por Acordos de Roboré, que dispensaram o projeto de desenvolvimento integrado entre Bolívia e Brasil, presente nos tratados de 20 temporadas passadas – com o Brasil de olho no petróleo do vizinho, evidentemente, embora sem ditadores na jogada.
 Atualmente, o que mais provocam machetes de jornal sobre as relações Brasil-Bolívia não são temas importantes da economia, mas baixarias tipo roubo de automóveis, narcotráfico e contrabando de mercadorias.  


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