Quem circular pelas ruas, ou por algum shopping brasiliense,
Pois bem! O “horarieiro” em questão surgiu, em 1814, quando o joalheiro Abraham Louis Breguet recebeu o estranho pedido da Princesa de Nápoles, Carolina Murat, irmã do imperador francês Napoleão Bonaparte, pra fazer-lhe um relógio a ser usado no pulso. Mas só a partir de 1868, o “trem” pegou embalo, por conta das fabricações do polonês Antoni Patek e do francês Jean Adrien Philippe, donos de uma relojoaria.
Inicialmente, era coisa de mulher. Conta a lenda que o “pulsazeiro” só chegou ao universo masculino a partir de quando o brasileiro Alberto Santo Dumont encomendou - e o recebeu, em março de 2014 – um modelo fabricado pelo joalheiro Louis-François Cartier, para facilitar-lhe cronometrar tempos de voo. Na realidade, historiadores registraram o uso de relógios em pulsos masculinos desde 1911, durante a I Guerra Mundial, quando soldados precisavam saber da exatidão das horas.
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Quanto aos telefones celulares, o primeiro a desembarcar no Brasil chegou ao Rio de Janeiro, em 1990 - modelo Motorola PT-550 – inventado por Martin Cooper, pesando 793 gramas. Desde 1970 que ele comandava a equipe de desenvolvimento do produto que levou três meses para ficar pronto. A primeira chamada foi feita pelo próprio Cooper, em Nova Iorque-USA, no dia 3 de abril de 1973, para Joel Engel, o chefe da equipe da AT&T, concorrente da Motorola que desenvolvia produto semelhante.
Para saber porque o brasiliense ainda usa relógio de pulso, simultaneamente com celulares, o Jornal de Brasília foi perguntar isso aos candangos.
Jurandir Feitosa (67), engenheiro civil aposentado, conta que tinha muita dificuldade para levantar-se da cama quando era estudante universitário. “Eu era muito dorminhoco e, se não olhasse no relógio de pulso, ao primeiro despertar (dormia com ele no braço), seria fatal, chegaria atrasado às aulas (na UnB). Devo muito do meu diploma ao meu relógio. Sem ele, poderia ser reprovado por faltas. Me acostumei com o seu uso e nunca me toquei pra esta
sua pergunta”, [M1] disse, admitindo que não deve mudar de hábito.
Sandra Blomberg (47), professora de espanhol, não se lembra de quando começou a ter a companhia de um relógio em seu pulso esquerdo. “Acho-os charmosos, me agradam muito. Creio que já tive mais de dez, pois sempre que vejo um mais bonito o troco. Se alguém me pergunta pelas horas, olho no relógio, em vez de fazê-lo pelo celular. Não sei explicar isso. Talvez, seja costume antigo”, imagina.
De sua parte, Arthur Ferreira (71), ex-bancário aposentado, não tem dúvida: passou a usar relógio de pulso por causa do seu ídolo Nélson Piquet, campeão mundial de Fórmula-1. “Eu era vidradaço no Piquet, não perdia uma corrida dele. Quando o vi anunciando uma marca de relógio (Citzen), não perdi tempo: comprei um igual. Certa vez, o encontrei em uma agência estatal, aqui em Brasília, se não me engano, no DETRAN, e pedi-lhe para colocar o meu relógio em seu pulso. Ele me atendeu e eu fiquei na maior felicidade. Depois daquilo, guardei a ‘máquina’, temendo ser roubado. Comprei um outro relógio, sem me tocar que os celulares o dispensavam. Realmente, se você não me fizesse esta pergunta, eu nunca me ateria a isso. Costume, habito que passou por meu avô, meu pai”, ressaslta.
Joana Cavalieri (23), estudante de Arquitetura, usa relógio de pulso porque o recebeu, por presente de aniversário, de um irmão. “Nunca me toquei nisso (uso dos dois). Realmente, com celular, você não precisa de relógio. Mas não vou abandonar o meu, pois o meu irmão ficaria muito decepcionado”, acredita.
Marta Morato (21), estudante de Direito, ganhou o seu primeiro celular (presente da mãe) quando tinha uns 13 de idade, calcula. “Muitas das minhas amiguinhas tinham, e eu, não. Ficava pelando de inveja, principalmente quando uma prima se exibia com o seu aparelho. Então, ganhei um dos meus pais. Já relógio de pulso não me lembro desde quando o uso e nem sei por qual motivo. Foi bom o senhor me perguntar. Ninguém nunca me fez esta pergunta. Mas acho que vou seguir usando os dois, por hábito. Creio que eu sentiria falta, se sumisse com o meu relógio”.
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Gustavo Coelho (37) trabalha em uma empresa imobiliária e revela ter sido presenteado, com um relógio, pela esposa de um primo, que comprara um modelo bem na moda. “Era um relógio velhão, desses tipos vendidos em feiras de antiguidade. Mas me agradou e usei-o até ser roubado. Eu já estava tão acostumado com ele que, pouco depois do roubo, comprei um outro, embora muito diferente, bem mais moderno”, lembra-se ele, que nunca havia se tocado, como todos os entrevistados, para o fato de celulares terem um marcador de horário “Enquanto não estiver incomodando, vou usando relógio de pulso e celular’, está decidido.
E nas lojas que vendem relógios, o que dizem os vendedores? “A moçada se amarra muito nesses modelos modernões. Não está nem aí pra isso que o senhor está perguntando. O negócio é curtir a onda. Rapazes compram mais do que moças, principalmente esta turma que faz caminhadas diárias, ou disputa competições esportivas”, entrega um vendedor, no do Lago Norte, informação parecida com a de um outro vendedor, em centro comercial da Asa Sul.
No instante em que o JBr conversava com o vendedor, um senhor, aparentando mais de 50 de idade, entrou na conversa e sinalizou que muitas pessoa compram relógios e celulares antigos, por serem colecionadoras. “Eu li isso em uma revista (não se lembrava qual), dizendo acreditar que colecionadores não exibem as suas compras antigas, temendo assaltos. E exibiu o seu relógio de pulso e o seu celular, comentando: “Rapaz! Observação interessante, esta a sua”.
K entre nós: o repórter atentou para esta pauta quando fazia caminhada e perguntou pelas horas a um "passante". Observou que que ele trazia relógio no pulso esquerdo, celular na mão direita e olhou no relógio para responder. Já este repórter usa um celular antigão, sem chip, só para conferir as horas, e um celular moderno para falar. Coisa de repórter!