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sábado, 13 de março de 2021

O VENENO DO ESCORPIÃO - REVOLUÇÃO FARROUPILHA, GUERRA SEM VENCEDOR

 Das guerras que “os brasileiros guerrearam”, nenhuma foi tão longa quanto a dos Farrapos, mais chamada, hoje, por Revolução Farroupilha. Em dois conflitos mundiais – entre 1914/18 e de 1939/45 -, pracinhas e outros solados brazucas nunca voltaram para casa completando seis viradas do calendário. Durante o conflito envolvendo gaúchos e forças do Império dos Orleans e Bragança, houve um decênio  - 1835/1845 - de lutas sem vencedores e vencidos.   

Os desencontros começaram em 1821, quando o Império começou a cobrar pesados impostos sobre charque, couros, sebo, graxa, erva-mate e outros itens agropecuários produzidos pelos rio-grandenses. Chegado 1830, bateu mais neles, taxando a importação do sal básico para a fabricação do charque. Aquilo foi considerado castigo imerecido pelo Rio Grande do Sul, lembrando que, durante o Século 17, o seu povo passara mais tempo guerreando contra a Espanha, do que vivendo em paz. Portanto, esperava-se incentivos ao desenvolvimento econômico do Sul brasileiro, em reconhecimento ao sangue de gerações de suas famílias derramados em prol das nossas fronteiras.

               

                               REPRODUÇÃO DE WWW.SUL21.COM.BR 

Bento Gonçalves, um dos maiores caudilhos da história gaúcha   


Era o 20 de setembro daquele 1835, quando Bento Gonçalves (imagem) expulsou o presidente da província, Fernandes Braga, que fugiu para o Rio de Janeiro. O Império contra-atacou  e nomeou José de Araújo Ribeiro para a vaga. Mas o cara não agradou aos gaúchos, que não o viam voltado para a defesa dos seus interesses. E rolou a segunda fuga de presidente provincial. Bento Gonçalves até topou conciliar a sua turma  com o Império, propondo ao Ribeiro voltar ao cargo. Mas este amarelou. Preferiu se unir a líderes militares. Crise pegando fogo, no 3 de março de 1836, o Império transferiu repartições públicas, da capital Porto Alegre, para a cidade de Rio Grande e, dali por diante, não haveria mais acordos. Os rebeldes prenderam  o líder e major Manuel Marques de Souza e o levam para um navio-prisão aportado no Rio Guaíba.

Chega-se a julho e o Império retomou Porto Alegre. Subornou a guarda do 8º Batalhão de Cavalaria, libertou 30 soldados e vários oficiais presos, juntamente com Marques de Souza, em um navio. E prendeu Marciano Ribeiro, o primeiro presidente provincial nomeada pelos rebeldes. A patota de Bento Gonçalves tentou reconquistar Porto Alegre, mas sem sucesso. E a capital passou 1.283 dias sitiada, sem nunca mais os farrapos conseguirem retomá-la.

Próximo capítulo:  9 de setembro de 1836. Rebeldes, liderados pelo general Antônio Souza Netto venceram as tropas imperiais, perto de Bagé, nas fronteiras com o Uruguai, e proclamaram a República Rio-Grandense (também chamada Piratini), com Bento Gonçalves presidente. Já era, então, uma guerra separatista, em época de Regências do Império, pois Dom Pedro II, que o herdara do pai abdicante, em 1831, era criança, só assumiria o trono em 1840.


                               REPRODUÇÃO DE WWW.WIKIPEDIA. ORG 

            Regência Imperial e Rio Grande do Sul travarama uma guerra inútil

O Império não reconheceria a república Piratini e seguiu guerreando. Chegou a prender Bento Gonçalves, mas este fugiu e os  rebeldes conquistaram outras vitórias mais adiante, graças às lideranças de líderes como David Canabarro e do italiano Giuseppe Garibaldi, que foi, também, uma das principais figuras da unificação italiana. Em1839, os farroupilhas conquistaram a catarinense Laguna  e proclamaram mais uma república, a Juliana. 

Em 1842, os imperiais, liderados por Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, começaram a conter os revoltosos e tomaram deles cidades dominadas. Houve conflitos em que os dois lados se disseram vencedores, mas o certo foi que após nove batalhas, um acordo começou e demorou a ser concluído. Enfim, foi assinado o Tratado do Poncho Verde, ema 1º de março de 1845, acabando com aquela história guerreira e a tentativa gaúcha de separatismo. Foram garantidos interesses dos rebeldes gaúchos, sobretudo majoração da taxa em cima do charque da região do Rio da Prata – há 187 viradas do calendário gregoriano. 



 

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