O TERRÍVEL IRMÃO DE ALMIR 'PERNAMBUQUINNHO'
Adílson ao lado de Morais, reproduzidos de 'Revista do Esporte' |
Adílson acusou o arbitro Cláudio Magalhães de ter sido o verdadeiro culpado pelas brigas, alegando não ter o mesmo contido os ânimos, quando estes se acirraram e não vendo que a partida era nervoso, catimbado, desde o início.
- No primeiro tempo, levei uma entrada dura, do Rinaldo (ponta-esquerda do Flu). Reclamei, não adiantou e fui à forra, contou à “Revista do Esporte” - N 458, de 16.11.1967.
Sobre o lance que provocou a briga, Adílson afirmou ter tentado roubar a bola do goleiro Márcio, “que não a defendera, firmemente”. Garantiu não ter chutado o rosto do arqueiro, como falou-se, ponderando que, se o tivesse feito, o cara não teria continuado jogando.
- Depois do lance, senti que eu era mais visado do que a bola...além de (os tricolores) alegarem que eu chutara o Márcio, houve uma entada dura, no Samarone (atacante do Flu), que me xingou bastante – não escondeu.
Sobre o lance fatal, a sua versão foi esta:
- Eu tinha a bola dominada, um pouco antes da entrada da (grande) área, pela direita. Com o Bauer e o Rinaldo por perto, driblei para dentro da área. Foi quando o Denílson (apoiador), aplicando-me um meio-carrinho, tirou-me a pelota e jogou-a para longe. Quando eu levantava-me, deu-me um murro no nariz. Fiquei tonto, com as vistas escurecidas, tamanha era a dor. Com sangue jorrando do meu nariz, fui retirado de campo pelo Nei (Ney Oliveira, atacante vascaíno), pois nem andar direito eu conseguia”.
Contam as reportagens da época que Adílson fora medicado, durante 10 minutos, e voltou ao jogo. Segundo comentou para a imprensa, transtornado com a “covardia de Denílson e a fraqueza do juiz, que não ligou para o fato de eu ter sido esmurrado”. Então, com sangue quente, queria vingança.
- Quando o Nei saltou sobre o Márcio, e o Valdez e o Valtinho correram pra cima do lance, imaginei o que iria acontecer: eu seria o primeiro a apanhar. Então, devolvi ao Denílson o que ele havia feito. Fui cercado (pelos adversários) e o Pedro Paulo (goleiro do Vasco) tirou-me dali. Fui levado para o vestiário, para ser medicado, pois o meu nariz ainda sangrava e doíam horrivelmente – relatou, confessando que, ao sair de campo, vendo a turma brigando, tentou voltar, mas os dirigentes vascaínos o impediram.
Também, de acordo com o publicado, Adílson não chegou a ter fratura nasal, mas um forte traumatismo que atacou a cartilagem quadrangular, com um pequeno desvio para a esquerda, levando o local a ser imobilizado por esparadrapo.
Adílson no centro do ataque, em foto reproduzida de www. na boca do gol |
Em seu dia de brigão, o Vasco perdia – 0 x 2 Fluminense e o jogo foi encerrado, aos 35 minutos do segundo tempo, com quase todos os atletas expulsos de campo, sob as vistas de 13.445 menores - público total de 47.794 pagantes.
Adílson jogou por mais seis rodadas. Depois, o treinador Ademir Menezes não mais escalou - Pedro Paulo; Jorge Luís, Álvaro, Sérgio e Oldair; Paulo Dias e Danilo Menezes; Nei, Valfrido, Adílson e Silva foram os vascaínos, que enfrentaram os tricolores: Márcio; Oliveira, Valtinho, Valdez e Bauer; Denílson e Suíngue; Wilton, Cláudio, Samarone e Rinaldo.
IRMANADE – Adílson não gostou de terem envolvido o nome de Almir nos distúrbios daquele Vasco x Fluminense, quando disseram ter ele levado a alma do irmão para a briga. E esperava levar uma brnca do mano, do qual dizia só ter recebido bons conselhos. Por sinal, a edição 436, de 15.07.1967 da “Revista do Esporte” vendeu a imagem de que Almir era um conselheiro do mano Adilson Morais de Albuquerque.
Ao deixar o Vasco da Gama, Almir passou por Corinthians, Boca Juniors-ARG Fiorentina-ITA, Gênoa-ITA, Santos e voltou ao futebol carioca defendendo o Flamengo. Foi quando a semanária e fez esta capa com os dois juntos.
Sob o título “Conselhos de Almir ao mano Adílson”, a revista dizia que ao primeiro mandava ao irmão “fazer o que eu digo, mas não o que eu faço”, já que tinha o currículo repleto de confusões pelos gramados.
Recomendava, também, se dedicar aos treinos e se alimentar bem, fato que não o fazia, tanto que chegou a ser afastado do time por estar subalimentado.
Recomendava, também, se dedicar aos treinos e se alimentar bem, fato que não o fazia, tanto que chegou a ser afastado do time por estar subalimentado.
- “Almir tem se mostrado um irmão muito consciencioso ao aconselhar Adílson a respeitar os dirigentes, os companheiros de equipe e adversários, a acatar as ordens dos árbitros e compreender as manifestações de aplausos ou desagrado dos torcedores” - escreveu (forma original da época) a revista.
Adilson tem mais uma baguncinha no currículo de suas presenças pelo gramado do Maracanã. Durante a noite de 19 de novembro de 1969, quando o árbitro Manoel Amaro de Lima marcou pênalti sobre Pelé - seriar o milésimo gol do “Rei” -, ele foi um dos vascaínos a mandaram bicudos no apitador.
Almir, o irmão chefe |
Na delegacia, Adílson e Tuca disseram serem jogadores do Vasco, mas o delegado não os perdoou. Às três da madruga, os levou para a quadra de futebol de salão do pátio da casa, mandou Tuca ficar na trave e Adilson chutar bolas para ele defender.
Recuperando-se de de cirurgia de joelho, os chutes de Adílson saiam fracos, levando o delegado a sacanear: "Tá mal o Vasco. O centroavante nem sabe chutar. Por isso não ganha de ninguém!" - foram liberados e chegaram a São Januário com o sol nascendo.
Filho de Arlindo, Adílson tem, ainda, Ayres, o Chumbinho – também nascido em Recife, como ele e Almir - 14.07.1941 -, como mais um irmão. Este, também, passou por São Januário, mas fez sucesso no Boca Juniors, levado por Almir. Ficou de 1963 a 1968 em La Bobonera e, nesta mesma última temporada, mudou-se para o Colón, ficando até 1968, quando foi para o mexicano América, até 19709, quando encerrou a carreira.
Além do Vasco da Gama, Adilson jogou por clubes europeus, com mais sucesso na Bélgica. Antes de parar, ainda “revestiu” a camisa do Sport Recife, do qual saiu para São Januário.
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