Até a década de 1960, os laterais pouco
apoiavam o ataque. Era o tempo dos autênticos ponteiros que exigiam eterna vigilância
e marcação implacável. Diz-se que fora com Orlando, esquematizado pelo técnico
Tim (Elba de Pádua Lima), no Coritiba, nos inícios da década-1970, que começara
a onda daqueles pregados defensores se mandarem para o ataque, a fim de
cruzarem bolas para o meio da área.
Verdade, ou não, o certo é que Orlando foi um
dos principais laterais-atacantes do futebol brasileiro setentista, tendo o seu
sucesso no futebol paranaense o levado para o América-RJ, onde o Vasco foi
buscá-lo, para ser um dos seus grandes nomes do time campeão estadual de 1977.
Antes daquilo tudo, em início de carreira, quando pintou como substituto para
Carlos Alberto Torres, no Santos, ele já havia jogado com mestres como Pelé,
Clodoaldo, Edu (Jonas Eduardo Américo), Afonsinho, Alcindo (Martha Freitas),
Oberdan, Vicente e Negreiros, os cobras do no Santos, do qual foi cria das bases.
PELAS PONTAS - Registrado por Orlando Pereira, o lateral
começou como ponta-direita. Nascido em 22 de janeiro de 1949, em Santos, viveu
até 4 de setembro de 1999. O seu primeiro grande momento no futebol carioca foi
na decisão da Taça Guanabara de 1974, quando marcou o gol do título do América,
cobrando falta, contra o Fluminense. Em São Januário, chegou em 1976 e foi
apelidado, pelos locutores esportivos, de “Canhão da Colina", por ter um
chute muito forte, como ele, que era alto e valente, a ponto de enfiar o pé no
peito do uruguaio Ramirez, quando este saiu correndo atrás de Rivellino, no
Maracanã, em um jogo entre as seleções brasileira e a “Celeste”. O episódio
valeu-lhe o apelido de “Lelé” e pegou mal. Acabou com a sua história canarinha.
Em uma outra partida, Orlando fez o ponteiro-esquerdo rubro-negro Júlio César
“Uri Geller” jogar recuado, com medo dos seus gritos, conforme contaram os
repórteres de rádio da época. Por coisas
assim, naquele mesmo 1977, quando o Vasco tinhauma defensiva apelidada por
"Barreira do Inferno", ele era um dos esteios.
HISTÓRIA DE AMOR – Orlando conquistou,
pra valer, a torcida vascaína no dia 3 de dezembro de 1976. Pela primeira vez,
enfrentava o Flamengo, com a jaqueta da “Turma da Colina”. Na etapa inicial, o
maior rival saltou na frente. No segundo, Orlando bateu na rede e o Vasco virou
o placar: 3 x 2.
Sempre apoiando o ataque e batendo forte, Orlando
foi peça importantíssima no esquema tático do “titio” Fantoni. Atuou em todas
as partidas das conquista do título estadual de 1977.
Por sinal, Roberto Dinamite, o principal artilheiro cruzmaltino
da temporada, dos 44 gols marcados em todas os compromissos do ano, agradeceu
muitos deles ao seu lateral, graças aos seus cruzamentos fatais. Foi por causa
daquilo que o treinador Cláudio
Coutinho, do Flamengo, em um “Clássico
dos Milhões”, chamou o seu lateral-direito, Toninho Baiano, que também sabia
apoiar, e ordenou-lhe marcar Orlando, não deixá-lo cruzar. Que esquecesse o
mais.
Orlando
’Lelé’ Perreira foi vascaíno até 1981, quando transferiu-se para a italiana
Udinese. Em seus últimos Vascos, atuou como zagueiro de área, mas a formação
que lhe fez chegar à Seleção Brasileira foi: Mazaroppi;
Orlando, Abel Braga, Geraldo e Marco Antonio ‘Tri’; Zé Mário, Carlos Alberto Zanata
e Dirceuzinho Guimarães; Wilsinho, Roberto Dinamite e Ramon Pernambucano.
TREINADOR – Em 1989, o Gama contratou
Orlando para treinar o seu time. Vendo que o futebol candango era muito fraco,
ele decidiu voltar a jogar, atuando no meio-de-campo, para orientar melhor os
seus atletas. Terminou campeão candango, quebrando um jejum, de 10 anos sem
títulos estaduais do clube. Em 1992, conseguiu maior projeção, levando o
interiorano Goiatuba ao título do futebol goiano. Lá, ganhou novo apelido, “Amarelo”,
e abriu caminho para chegar ao Goiás e, um dia, treinar, por pouco tempo, o
Santos e o Vasco.
Na Colina, estes foram os jogos de
Orlando Pereira como treinador, todos pelo Estadual, sendo dois em casa, três
fora e um no Maracanã: 11.01.1989 – Vasco
1 x 0 Volta Redonda; 19.02.1989 – Vasco 2 x 0 Cabofriense; 26.02.1989 – Vasco 2
x 1 Porto Alegre; 05.03.1989 – Vasco 0 x 0 Olaria; 12.03.1989 – Vasco 0 x 0 Botafogo;
19.03.1989 – Vasco 1 x 1 Nova Cidade.
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