Em 1973, Brasília vivia os terríveis dias do governo militar do
presidente Garrastazu Médici, os chamados tempos de chumbo, quando denúncias de
torturas e desaparecimento de inimigos do poder eram frequentes. Por ali, o
general-presidente fazia a sua popularidade por conta do seu plano de
crescimento econômico e das conquistas da Seleção Brasileira de futebol,
vencedora da Copa do Mundo de 1970, no México, e da Minicopa, em 1972, aqui n
Brasil, comemorativa das 150 viradas de calendário da nossa independência
total, de Portugal.
No que dizia respeito à economia, o ministro, da Fazenda, Antonio Delfim
Netto, ficou encarregado de perseguir crescimento rápido, oferecendo
estabilidade política e econômica aos investidores estrangeiros, que
acreditaram e enviaram muita grana para o Governo Médici fazer o que foi
chamado por “milagre brasileiro”, que passou pela chegada de empresas
multinacionais que recebiam benefícios e viam manifestações trabalhísticas
serem respondidas, pelo Governo, de forma violenta. Mas o Governo Médici
estabilizou os ganhos dos trabalhadores pobres e gerou melhor renda à classe
média e aos profissionais especializados. Só o que não melhorava por aquela
época era o futebol brasiliense, amador e que tinha jogos do seu campeonato com
apenas um torcedor em campo. Certa vez, o presidente Médici até foi ao já
demolido estádio Pelezão, mas para prestigiar o final do torneio de futebol das
Olimpíadas do Exército, o que era muito badalado pelos inícios de década-1970.
REPRODUÇÕES DO JORNAL DE BRASÍLIA
Ceub escreveu triunfo diante da torcia que foi ao Pelezão
A temporada de 1973 marcou, também, a entrada do Ceub Esporte Clube no Campeonato Nacional, como era chamado o atual Brasileirão. O desportista brasiliense vivia a fase em que o seu grande programa nas tardes dos domingos era ligar a TV e assistir grandes clássicos do sul do país, na maioria do futebol carioca, com o Fluminense, de Rivellino; o Botafogo, de Marinho Chagas: o Vasco da Gama, de Roberto Dinamite, e o Flamengo, com Zico, entre outros craques. Quem fosse ao Pelezão assistir jogo do Amadorzão-DF, de bom de bola, entre os poucos, só veria Joaquim, rápido atacante do time do Ministério das Relações Exteriores, e o meia Péricles, do Piloto. O primeiro tornou-se o primeiro negro presidente do Supremo Tribunal Federal e o segundo, para muitos, o maior craque da história do futebol candango, hoje, um pacato vovô, de cinco netos.
Assim como a história jurídica “brazuca” reservava lugar para Joaquim
Barbosa, a história desportiva brasiliense, também, fazia o mesmo com Péricles,
que os colegas apelidaram-no por “Pezão”. Para muitos, foi o melhor futebolista
já aparecido pelos gramados candangos. Entre os seus vários feitos, marcou os
dois primeiros gols da primeira vitória do Ceub no Campeonato Brasileiro: 3 x 1
Figueirense-SC, em 31 de agosto de 1973, o que significa, há exato meio–século,
hoje.
O Ceub, que foi apelidado por ‘Acadêmia da Asa Norte’, havia estreado no
chamado (hoje) Brasileirão durante a tarde do sábado 25 de agosto de 1973, no
Pelezão, com animador empate (0 x 0) com Botafogo, por este ter time muito mais
forte, inclusive jogadores das seleções brasileiras (o zagueiro Brito) e
argentina (o centroavante Fischer). A torcida chegou a quebrar portões para
entrar, devido a desorganização (ou inexperiência?) dos carolas da terra. Na
partida seguinte, quatro dias depois, a rapaziada vendeu, caríssimo, queda
(1×2) ante o Coritiba, na friorenta casa do adversário. Veio, então, o terceiro
compromisso, durante a noite do já citado 31 de agosto, e toda Brasília, que
passou a torcer pelo Ceub, comemorou a primeira vitória do time das terra, por
2 x 1 Figueirense-SC, coms dois gols marcados por Péricles, aos 14 e aos 34
minutos do primeiro tempo, descontando Almir, aos 15 da etapa final.
O goleiro Rogério foi um paredão diante do Figueirense
Sem público divulgado, o jogo rendeu Cr$ 48 mil, 655 cruzeiros, a moeda da época, e teve o treinador João Avelino escalando este Ceub: Rogério Bahr; Oldair Barchi, Paulo Lumumba, Emerson Braga e Rildo; Jadir Rodrigues, Cláudio Garcia e Péricles; Marco Antônio Pereira, Dario ‘Paracatu’ e Xisté. O alvinegro Figueirense, treinado por Antoninho, teve esta moçada: Célio, Pinga, Jaílson, Moenda (Abel) e Casagrande; Adaílton, Almir e Neilor; Caco, Severo e Moacir (Paulo Reina).
Ceub e Figueirense fizeram os mesmos 22 pontos, em 28 jogos, no
Brasileiro-1973, mas o time candango ficou na frente, em 33º lugar, com três
vitórias a mais (8 x 5), o que deixou os catarinense na 35ª colocação – o
campeão da temporada nacional foi o Palmeiras, com 43 pontos.
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