No dia 19 de outubro de 1958, o Vasco enganchou-se com ao Cristóvão: 1 x 1. Seis dias depois, ao Bonsucesso: 3 x 3. Na rodada seguinte, uma derrota anunciada: 1 x 2 Portuguesa. Três insucessos ante três “pequenos”. Foi o bastante para o mundo desabar sobre São Januário. Ou seria Copacabana a perdição da “Turma da Colina?”, indagava a revista “Manchete Esportiva” Nº 155, de 8 de novembro.
Bellini: mão no fogo. pelos colegas |
ADMINISTRADOR - Se o capitão Bellini revoltava-se com os fuxicos, o treinador Gradim tentava administrá-los, defendendo os seus rapazes. “Para a fogueira não atiro ninguém”, avisava. Mas ele não escondia ter visto “um pouco de descuido” da moçada durante o empate com o “Bonsuça”. Se bem que preferia considerar a “tempestade” proveniente de “má fé, do propósito deliberado de abalar” o seu time. Partindo de quem? Dos adversários? De jornalistas mal intencionados? Ele não dizia. E se não dizia, outros diziam que a Rua Miguel Lemos era o endereço certo para encontrar jogadores vascaínos caindo nos embalos da noite de Copacabana.
Por aquela dourada década-1950, quando Rio de Janeiro curtia a chegada do rock´n´roll e Copacabana via nascer a Bossa Nova, a Rua Miguel Lemos – vai da Avenida Atlântica à Praça Eugênio Jardim – era o “point” da “juventude transviada”, da qual o atacante Almir Albuquerque seria um representante da “pior espécie”, diziam. Para a revolta de Bellini: “Boto a mão no fogo por ele”, avisava, argumentando que o “menino” preparava-se para ser batizado (ele seria o padrinho), e todos os dias era catequisado pelo frei responsável pela capela de São Januário.
BALADEIROS - Além de Almir, o “time titular da balada” incluiria o próprio Bellini, além de Orlando, Écio, Delém e Teotônio. Nenhum deles, denunciava-se, ia para a cama antes das 3 da madrugada “...Precisamos do nosso físico para ganhar o pão de cada dia. Não iríamos desgastá-lo com noitadas”, jurava o capitão vascaíno, em nome dos colegas. Sobre si, defendia-se: “Suei para chegar onde cheguei, e não seria com farras e noitadas que eu conseguiria isso (capitão, também, da Seleção Brasileira, campeã mundial, na Suécia-1958). Admitia, no entanto, ter ido, uma “duas vezes”, a uma boate, em seus sete anos de Rio de Janeiro. Garantindo, porém: “Não vou à Rua Miguel Lemos desde que voltei da Copa do Mundo”.
Almir: acusado de ser um malandro da pior espécie |
Bellini mostrou, ao treinador Gradim, jornais batendo neles. Como porta-voz dos colegas, pediu para se defenderem. Obteve apoio deste e, também, do presidente Eurico Lisboa. “... temos honra, prezamos o nosso time. Jamais medimos força em sua defesa. É isso que prometo, em nme dos jogadores, à torcida. Vamos lutar, como leões, para que o campeonato não nos fuja”.
Não fugiu. Mais do que um campeonato, o Vasco ganhou um “Super-SuperCampeonato”, deixando Flamengo e Botafogo para trás, na disputa de torneios extras para se chegar a um vencedor. E a fuxicada passou. Acabou afogada nas águas do ‘caneco” do “SS-58”. Não falou-se mais “nos embalos de todas as noites” da irresistível Miguel Lemos, da agitada "Copa". (foto de Bellini (acima) reproduzida da Revista do Esporte e de Almir (abaixo) de Manchete Esportiva).
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