A “Turma da Colina”
estava na estrada, desde 5 de junho de 1957, quando vencera a Seleção de Curaçao, por 2 x 1. Quatro dias
depois, em Nova York, 6 x 2 pra cima do Hakoach. Obrigação cumprida. Próximo compromisso da rapaziada do treinador Martim Francisco: atravessar o Atlântico e
disputar um autêntico Mundial, em Paris.
Nesta formação, Livinho é o centroavante, entre Sabará e Vavá, à sua esquerda, e Válter e Pinga à direita |
De repente,
Paris! Noite de 12 de junho. Aos 22 minutos, Vasco 1 x 0 Racing. Gol de
Livinho. De quem? A torcida francesa conhecia Kopa, Di Stefano, Gento, aquela
turma de artistas impiedosos. Então, já que era assim, estava apresentado
Newton José Lopes, moreninho entregue, pela cegonha, a João Antônio Lopes e a
Maria Geralda Lopes na mineira Pirapora, em 15 de janeiro de 1933. Medindo 1,m66cm e pesando 66
quilos, o rapaz apelidado por Livinho, já era um vigoroso morenão que fazia as
loiras francesas suspirarem, quando passava rumo aos os vestiários, com aquele
seu ar de deboche no sorridente rosto brasileiro.
PRESENTAÇO - Irmão de
Neulita, João, Telma, Roberto e de Francisco, que seguiam morando à Rua
Espírito Santo, em Pirapora, Livinho queria marcar um gol contra o Real
Madri, para oferecer aos ex-colegas do Democrata, de Sete lagoas, onde o Vasco fora buscá-lo. Com quatro minutos de bola rolando, viu que o
buraco era mais embaixo, como dizia o mineirinho roceiro de sua terra. Era 14 de junho. O zagueiro Viana pisou no tomate e Alfredo Di
Stefano não o perdoou. Livinho, porém, não desanimou. Se não tinha medo de
caipora, de mula sem cabeça e de tudo o mais que a caipirada lhe falava, porque
esmurecer? Aos 20 minutos, Pinga calibrou dose de bom passe e Válter
Marciano, que jogava um futebol de outro planeta, começou a arrumar espaço no
placar: 1 x 1. Livinho vibrou mais, aos 32 minutos, quanto Vavá desempatou –
dose dupla de bom passe de Pinga: Vasco 2 x 1, no primeiro tempo.
Veio a segunda parte do espetáculo. Aos oito
minutos, novo empate. De repente, agrediram Pinga, e opau quebrou. Passada a
brigaiada, aos 21 minutos, Válter viu Livinho, pela esquerda, e mandou-lhe uma
bola curvilínea. O mineirinho virou um caipora. Aplicou um peteleco na
“maricota”, que voou, leve, como uma borboleta, para encobrir o goleirão do
Real, que caiu na real: Vasco 3 x 2 – Livinho já tinha presenteado seus chegados. Depois, o Vasco fechou a conta em, por 4 x 3 – Carlos Alberto Cavalheiro; Dario, Viana (Brito), Orlando e Ortunho
(Joaquim Henriques); Laerte e Válter; Sabará, Livinho,
Vavá e Pinga foi o time.
O GATO COMEU - Campão em Paris, Livinho seguiu vencendo durante a continuação
da excursão cruzmaltina, entre Espanha em Portugal: 4 x 1 Atletic Bilbao; 3 x 1
Valência; 7 x 2 Barcelona; 2 x 1
Valência; 5 x 2 Benfica; 3 x 1 Espanyol
– no final do giro, com time esgotado, o Vasco foi à então União Soviética e
caiu, por 1 x 3, ante o Dinamo Kiev e o Dinamo Moscou, e, por 0 x 1, diante do
Spartack Moscou. De sua parte, Livinho voltou com os espanhois fãs dele.
Caminho da Seleção Brasileira? Lá pela sexta rodada do Campeonato Carioca,
em 13 de novembro, a galera começou a “pegar no pé” de Livinho. Mesmo com o Vasco mandando 3 x 0 no
Olaria, ele não escapou dos palavrões. Efeito retardado, por conta do gol perdido, por enfeitar muito, na derrota, por 2 x 5, ante o Fluminense, e
pr ter ficado devendo no 1 x 0 sobre a Portuguesa. Livinho desabou quando o
Vasco meteu 3 x 2 no Bangu. Chorou muito. Tinha medo de chutar a gol e errar.
Quem o via como craque, passou a tê-lo como perna-de-pau. Parecia que queriam lhe me
transformara no rei das derrotas. Então, pediu à
torcida uma chance para voltar a chutar a gol, sem medo de errar, pois era o jogador mais humilhado do Maracanã.
Em 1º de fevereiro de 1958, o Vasco foi encarar o Nacional, em Montevidéu, amistosamente. Chegou a estar perdendo, por 2 x 0. O jogo ia acabar, quando Livinho entrou em campo, na vaga de Almir. Ainda deu tempo de lhe fazerem um passe. E ele fez do lance a bola de sua vida. A dez segundos do final, conseguiu dominá-la, vencer um adversário e chutar, antes da chegada do goleiro, virando placar. Pena que fora longe do Brasil. A torcida do Vasco não vira.
Em 1º de fevereiro de 1958, o Vasco foi encarar o Nacional, em Montevidéu, amistosamente. Chegou a estar perdendo, por 2 x 0. O jogo ia acabar, quando Livinho entrou em campo, na vaga de Almir. Ainda deu tempo de lhe fazerem um passe. E ele fez do lance a bola de sua vida. A dez segundos do final, conseguiu dominá-la, vencer um adversário e chutar, antes da chegada do goleiro, virando placar. Pena que fora longe do Brasil. A torcida do Vasco não vira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário