Otto Martins Glória. Atleta do time juvenil de futebol, em 1942; em 1949, auxiliar do técnico Flávio Costa; em 1951, comandante da "Turma da Colina". E a história se repetiu em 1963, em 1979 e em 1983, em seu último trabalho como treinador. Otto Glória era considerado um vascaíno. Mesmo tendo história em um "time" de times e em duas seleções nacionais.
Nascido em 9 de janeiro de 1917, no Rio de Janeiro, sua vida de boleiro rolou até dois de setembro de 1986. Antes de chegar aos gramados, Otto foi ligado ao basquetebol, como atleta e treinador. Na década-1960, tornou-se o primeiro técnico do futebol brasileiro a enfrentar o time canarinho em uma Copa do Mundo. E o colocou pra voar. Abortou o "voo do tri", na inglesa Liverpool, dos Beatles, em 1966. Mas esta é uma história que vamos ler abaixo.
Em 1954, Otto Glória trocou São Januário por Portugal. Encontrou um futebol muito amadorzão e organizou o Benfica pelos moldes brasileiros, abrindo caminho para colegas do Brasil, da Argentina e da Hungria melhorarem as coisas, ainda mais. Mas só por volta de 1960 mesmo foi que a casa portuguesa, com certeza, estava profissionalizada, como deveria. Em 1966, assumiu o comando da seleção lusitana. Até então, os atletas lusos procuravam assimilar a técnica brasileira, encantados com as nossas fintas e dribles. Quando vinha por aqui, Otto filmava treinos e jogos cariocas e paulistas, que seus jogadores assistiam à exaustão.
Veio, então, o Mundial inglês, e o Brasil era o adversário a ser batido. Otto se ligou quando os portugueses passaram a achar o futebol canarinho muito lento. Estavam na nossa mesma chave, juntamente com a Hungria e a Bulgária, e tremiam de ouvir falar no duelo Brasil x Portugal. Otto Glória, malandro, levou sua patota para assistir Brasil 2 x 0 Bulgária e Brasil 1 x 3 Hungria. De cara, viu um sistema de jogo "completamente desarvorado", sem agressividade, principalmente diante dos húngaros, como contou à revista "O Cruzeiro", de 09.08.1966. E os gajos perceberam que o lobo era, na verdade, um cordeiro pronto para ir pra panela.
"A defesa jogava com dois zagueiros plantados na área e os laterais subiam ao mesmo tempo" anotou Otto, informado de que o homem que deveria apoiar o ataque, indo e vindo durante 90 minutos, o lateral-direito Fidélis, estava há 20 dias sem jogar. Logo, não deveria estar bem fisicamente. Foi por ali que ele armou o esquema para quebrar a asa do canarinho, pois o time lusitano estava melhor preparado, fisicamente.
"O primeiro problema era vigiar o Pelé. Coloquei o Jaime Graça adiantado, para lhe dar o primeiro combate. Caso (Pelé) passasse, encontraria, no meio-de-campo, o Coluna. E Vicente, mais atrás, lha daria combate, ao passar da intermediária", explicou aos repórteres Mário de Moraes, Geraldo Viola, Ronaldo Moraes e Waler Luiz, os enviados de "O Cruzeiro" à Copa-66.
Otto Glória viu, também, que o ponta-esquerda Paraná era outro que precisaria ser neutralizado, pois jogaria recuado, auxiliando a defesa. Então, pensou e contou aos jornalistas: "Vindo pela lateral, (Paraná) encontraria Simões; caindo pelo meio, era o Torres quem o combateria, pois este corre o tempo todo, os 90 minutos."
O meio-de-campo do Brasil, para o ex-atleta juvenil vascaíno, era completamente nulo, com Denilson destruindo pouco e passando mal, e Lima inoperante. Aquilo dava tranquilidade à defesa portuguesa. Otto viu as bolas passadas, diretamente, da defesa para o ataque. "E ali não existia ninguém", disse à revista.
No dia do jogo, Jairzinho esbarava em Hilário; Silva estava completamente desorientado; Pelé e Paraná bem marcados e Fidélis sem condições físicas. Antes de a bola rolar, Otto chamou Simões e disse-lhe: "Dê os dois primeiros piques com o Fidélis. Talvez, você perca, mas vai ganhar todos os seguintes, pois ele não aguentará. Jogue, então, as bolas nas suas costas. Por ali, cairá, também, o Euzébio. Vão trocando passes, enquanto penetra o Torres, que aguardará o cruzamanto de um de vocês". Não deu outra: Portugal 3 x 1. Otto, uma glória cruzmaltina!
DESTINO - Quando ele nasceu, seus pais já tinham decidido que ele chamaria Otaviano Martins Glória. Mas o seu nome atravessou o oceano e fez fama na Europa foi como Oto Glória, um treinador de futebol que, primeiro passou pelo basquete. Na Colina, São Januário, desembarcou em 1951, e por lá totalizou três, a primeira como auxiliar técnico de Flávio Costa, o “cara” da época. Estava escrito, porém, que ele assumiria o comando da esquadra do “Almirante” e navegaria pelo mundo da bola em voo solo de muito sucesso – viveu até 4 de setembro de 1986.
Nascido em 9 de janeiro de 1917, no Rio de Janeiro, sua vida de boleiro rolou até dois de setembro de 1986. Antes de chegar aos gramados, Otto foi ligado ao basquetebol, como atleta e treinador. Na década-1960, tornou-se o primeiro técnico do futebol brasileiro a enfrentar o time canarinho em uma Copa do Mundo. E o colocou pra voar. Abortou o "voo do tri", na inglesa Liverpool, dos Beatles, em 1966. Mas esta é uma história que vamos ler abaixo.
Em 1954, Otto Glória trocou São Januário por Portugal. Encontrou um futebol muito amadorzão e organizou o Benfica pelos moldes brasileiros, abrindo caminho para colegas do Brasil, da Argentina e da Hungria melhorarem as coisas, ainda mais. Mas só por volta de 1960 mesmo foi que a casa portuguesa, com certeza, estava profissionalizada, como deveria. Em 1966, assumiu o comando da seleção lusitana. Até então, os atletas lusos procuravam assimilar a técnica brasileira, encantados com as nossas fintas e dribles. Quando vinha por aqui, Otto filmava treinos e jogos cariocas e paulistas, que seus jogadores assistiam à exaustão.
Veio, então, o Mundial inglês, e o Brasil era o adversário a ser batido. Otto se ligou quando os portugueses passaram a achar o futebol canarinho muito lento. Estavam na nossa mesma chave, juntamente com a Hungria e a Bulgária, e tremiam de ouvir falar no duelo Brasil x Portugal. Otto Glória, malandro, levou sua patota para assistir Brasil 2 x 0 Bulgária e Brasil 1 x 3 Hungria. De cara, viu um sistema de jogo "completamente desarvorado", sem agressividade, principalmente diante dos húngaros, como contou à revista "O Cruzeiro", de 09.08.1966. E os gajos perceberam que o lobo era, na verdade, um cordeiro pronto para ir pra panela.
"A defesa jogava com dois zagueiros plantados na área e os laterais subiam ao mesmo tempo" anotou Otto, informado de que o homem que deveria apoiar o ataque, indo e vindo durante 90 minutos, o lateral-direito Fidélis, estava há 20 dias sem jogar. Logo, não deveria estar bem fisicamente. Foi por ali que ele armou o esquema para quebrar a asa do canarinho, pois o time lusitano estava melhor preparado, fisicamente.
"O primeiro problema era vigiar o Pelé. Coloquei o Jaime Graça adiantado, para lhe dar o primeiro combate. Caso (Pelé) passasse, encontraria, no meio-de-campo, o Coluna. E Vicente, mais atrás, lha daria combate, ao passar da intermediária", explicou aos repórteres Mário de Moraes, Geraldo Viola, Ronaldo Moraes e Waler Luiz, os enviados de "O Cruzeiro" à Copa-66.
Otto Glória viu, também, que o ponta-esquerda Paraná era outro que precisaria ser neutralizado, pois jogaria recuado, auxiliando a defesa. Então, pensou e contou aos jornalistas: "Vindo pela lateral, (Paraná) encontraria Simões; caindo pelo meio, era o Torres quem o combateria, pois este corre o tempo todo, os 90 minutos."
O meio-de-campo do Brasil, para o ex-atleta juvenil vascaíno, era completamente nulo, com Denilson destruindo pouco e passando mal, e Lima inoperante. Aquilo dava tranquilidade à defesa portuguesa. Otto viu as bolas passadas, diretamente, da defesa para o ataque. "E ali não existia ninguém", disse à revista.
No dia do jogo, Jairzinho esbarava em Hilário; Silva estava completamente desorientado; Pelé e Paraná bem marcados e Fidélis sem condições físicas. Antes de a bola rolar, Otto chamou Simões e disse-lhe: "Dê os dois primeiros piques com o Fidélis. Talvez, você perca, mas vai ganhar todos os seguintes, pois ele não aguentará. Jogue, então, as bolas nas suas costas. Por ali, cairá, também, o Euzébio. Vão trocando passes, enquanto penetra o Torres, que aguardará o cruzamanto de um de vocês". Não deu outra: Portugal 3 x 1. Otto, uma glória cruzmaltina!
DESTINO - Quando ele nasceu, seus pais já tinham decidido que ele chamaria Otaviano Martins Glória. Mas o seu nome atravessou o oceano e fez fama na Europa foi como Oto Glória, um treinador de futebol que, primeiro passou pelo basquete. Na Colina, São Januário, desembarcou em 1951, e por lá totalizou três, a primeira como auxiliar técnico de Flávio Costa, o “cara” da época. Estava escrito, porém, que ele assumiria o comando da esquadra do “Almirante” e navegaria pelo mundo da bola em voo solo de muito sucesso – viveu até 4 de setembro de 1986.
Oto Glória
chegou ao futebol como assistente
técnico de Zezé Moreira, no Botafogo. Ao deixar o Vasco, foi para o português
Benfica, ganhar as Taças de Portugal de 1955/1957/1959. Invejou aos Belenenses,
que o levaram, para fazer o mesmo, em 1960. No ano seguinte, o Sporting também
tentou, mas mas não deu. Então, foi requisitado pelo francês Olympique, de
Marselha.
DE VOLTA PARA A COLINA - Já que Jorge Vieira
perdera dois jogos do Campeonato Carioca-1962, para o Olaria, um deles dentro
de São Januário, desperdiçando quatro pontos que fizeram a exata diferença para o
campeão Botafogo, o Vasco foi buscar Oto Glória, querendo parar de pisar na bola. Como a cartolagem não lhe deu um time forte, voltou para Portugal e
dirigiu o Porto (1964/1965). Nesta última temporada, o Sporting voltou a
convidá-lo e, daquela vez, ele ganhou a Taça de Portugal.
Em 1966, teve a missão de dirigir a seleção portuguesa na Copa do Mundo. Saiu
da Inglaterra com o terceiro lugar, eliminando o Brasil, que sonhava com o tri.
Então, o futebol espanhol o quis. E o Atlético de Madrid o levou, por dois
anos. Voltou ao Benfica (1968), para fatuar o Campeonato Português e Taça
de Portugal em dose
tripla: 1968/69/70.
NOVA DÉCADA -
Oto Glória reatravessou o Atlántico e foi aos Pampas (1971/72,), como gremista; depois, foi campeão paulista, pela Portuguesa de Desportos (1973) e ficou
nela até 1975. O novo destino (1977) seria o Santos. Em 1979, estaria na Colina pela terceira vez. Seguiu-se uma voltinha (1978/1979) pelo
mexicano Monterrey e uma "revolta" à Colina, pela quarta vez, em 1979. Próximo passo: iniciar os anos-1980 ganhando a Copa África de Nações, com o selecionado nigeriano, para voltar à seleção portuguesa (1982/ 1983). Já era hora de encerar a carreira. E esta
acabou como começou, em São Januário. Otto, que se escrevia, também, com dois
“t”, era um vascaíno. Pelo menos o foi, por cinco vezes, no comando da sua
esquadra.
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