Vasco

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domingo, 13 de janeiro de 2013

EM CIMA DO MURO DA ESQUINA DA COLINA

 Em 1954, o Brasil vivia mais uma crise política. Diante de acionamento popular  à Câmara dos Deputados, solicitando o “impeachment” do presidente da república, Getúlio Vargas, um dos líderes militaresa, o brigadeiro Eduardo Gomes, pediu ao principal partido de oposição, a União Democrática Naciona (UDN), que levasse o assunto a sério e criasse uma de discussão nacional. O partido, no entanto, não se mexia, porque a iniciativa não partida do parlamento.
Embora a UDN tivesse perdido o bonde, ficara o aviso de que seria exigido eleições estaduais limpas, em 1954, e presidenciais, no ano seguinte, com sucessão normal dos poderes republicanos.
Em Pernambuco, rolava a mais apaixonantes das campanhas  estaduais, desde que o governador Etelvino Lins apoiara o velho conspirador e general Cordeiro de Farias. Vários pernambucanos ilustres residentes no Ri de Janeiro, o centro cultural e político país, apoiavam a iniciativa, caso do escritor José Condé, do historiador Eustáquio Duarte, do ensaísta Luís Santa Cruz e do crítico literário Álvaro Lins. De sua parte, o poeta Manuel Bandeira era contra, enquanto o acadêmico Múcio Leão abstinha-se de revelar a sua preferência.    
De todos aqueles pernambucanos "acariocados", nenhum tinha tanto apelo popular quanto um atleta futebol do Vasco da Gama: Ademir Marques de Menezes. Campeão carioca-1945/1949/1952/1952; sul-americano de clubes campeões-1948; sul-americano de seleções-1949 e pan-americano-1952,  ele fora o principal artilheiro da Copa do Mundo-1950 e ainda era o maior “matador” destas plagas. Razão pela qual seguia idolatrado pelo torcedor, desde 1942, quando desembarcara em São Januário, revelado pelo Sport Club Recife.
Ademir no entanto, parecia não se ligar muito nos temas políticos. Indagado pela revista de maior circulação nacional (e continental)  da época, “O Cruzeiro”, de 19 de junho de 1954, sobre o que pensava da escolha do futuro governador do seu Estado, simplesmente, respondeu: “Tenho procurado ler nos jornais os acontecimentos políticos do meu Estado. A minha impressão é a de que não está tudo muito claro, motivo por que não me sinto em condições de opinar”.
OPINIÃO DO KIKE – Claro que estava tudo claro, com o governador apoiando o general. Logo, o “matador” segurava o meio-de-campo e fugia das bolas divididas. O melhor esquema tático, para ele, era ficar, literalmente, em cima do muro.  

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