O
treinador vascaíno campeão carioca em 1956, Martim Francisco, assegurava
ter partido dele a proposta de trabalho da Seleção Brasileira para o
Mundial da Suécia. Contava que a Confederação Brasileira de Desportos (CBD, atual
CBF) solicitara a colaboração dos treinadores do país, mas só ele atendera ao
apelo, tendo entregue o seu trabalho a Ibrahim Thebet, na presença do
presidente vascaíno, Artur Pires.
- O
Ibrahim o levou, ao Sílvio Pacheco (vice-presidente) da CBD, garantia.
Na cópia
do documento que Martim guardava, ele escreveu: “São inúmeros, quase
intermináveis mesmo, os problemas que envolvem o futebol brasileiro. Somos, via
de regra, eivados de vícios e suposições que nos distanciamos, dia que passa,
das lições emanadas dos grandes centros do desporto internacional. Não nos
preocupamos mais em aprender coisas novas e instrutivas. Talvez, não
sabemos, por autosuficiência ou comodidade. Normalmente, o homem do esporte
trabalha até obter o sucesso, depois do que estaciona, vivendo do passado
Entende, desnecessário especular, observar, estudar. Por isso, quando novas
ideias surgem, despontam como aproveitáveis, as criticas que se fazem prontas
no sentido negativo, raramente encontrando receptividade. Em razão, muitas
vezes, de tal ocorrência é que deixamos de apresentar trabalhos sobre
futebol para os estudos convenientes quanto à possibilidade de aproveitamento.
Mas “arriscamos-nos a nós” e passamos a produzir. Há de existir alguém que,
mercê do esforço e experiência, poss alcançar nosso objetivo de colaborar,
desprentensiosamente, sem o desejo a cargos, com o desporto nacional”.
O
PROGRAMA – “Falaremos de selecionado, de representações que enviamos ao
exterior para defender nossas cores. E o faremos baseados nos grandes exemplos
colhidos nas viagens que empreendemos à Europa e à América do Sul,
preliando com adversários da melhor envergadura e categoria técnica. Contudo
para tratarmos do assunto a que nos propomos, faz-se imprescindível abordar
aspectos internos do futebol brasileiro.
Fala-se
de sistemas, táticas, chaves, individualismo conjunto e liberdade de ação,
a fim de que o jogador possa preliar à vontade, impondo suas
caraterísticas pessoais. Fala-se demais, convenhamos. A questão é apresentar a
solução como complemento à crítica. Não ata falar apenas. O jogador pode,
perfeitamente, atuar à vontade, dentro de um planificação tática. É questão do
técnico idealizar, considerando sempre o adversário, a evolução tática às
características do executante.
Quando o
sistema é aplicado ao jogador, não há problema de adaptação. Nunca tivemos tal
problema. Eis a razão pela qual diversos jogadores considerados medíocres se
transformam ascensionalmente, quando da substituição do técnico ou quando se
transferem de agremiação. Assim também o caso dos selecionados. Dizem – estamos
a ouvir sempre – que determinados atletas não produzem o que sabem nas seleções
nacionais, sem que atinem com os motivos. Levam normamente o caso para o lado
de falta de sorte ou complexo. Maneira fácil de esclarecer diante da ausência
de argumentos lógicos e incisivos”.
SENSO DE
CONJUNTO – Falam muito, falam demais. Poucos, entretanto, argumentam. Falam que
o futebol é conjunto. Disso sabemos, Mas não como entendem. Comparam os
jogadores em campo, a exemplo da sociedade, com os grupos - que o
entendimento, o conjunto vêm naturalmente, em razão da necessidade precípua de
auxilio mútuo. Esquecem-se, todavia, que os grupos que se formam para
compro uma sociedade não prescindem do chefe, do guia, o orientador, o líder.
Um se salienta entre os demais e os conduz aos ideais, traçando normas e
distribuindo setores de atividades. Também no futebol o técnico é o orientado,
o líder o guia, o chefe. Distribui as atividades dos jogadores e os conduz
planificadamente aos seus objetivos traçados por meio da preparação
estratégica. Na sociedade, até mesmo a rudimentar dos índios, os grupos lutam
por conquistas e seus chefes planificam com astúcia e malícia como superar os
obstáculos”.
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