Vasco

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sábado, 4 de março de 2017

KIKE EDITORIAL-13 - O 'BANDEIRANTE'

 O general Eurico Gaspar Dutra declarava-se flamenguista e apresentava a carteirinha de sócio. Votava em toda eleição rubro-negra.  Nascido em Cuiabá-MT, em 1883, veio a este mundo  no tempo errado. Deveria ter sido entre 1557 e 1689, quando floresceram os bandeirantes que seguiam para onde o vento assoprasse.
Nomeado Ministro da Guerra, por Getúlio Vargas, o legalista Dutra mostrou-se incoerente com os seus princípios políticos, apoiando o ditador  que tomou o poder,  em 1930, dissolveu o Congresso Nacional, interveio em governos estaduais e rasgou a Constituição de 1891. Dutra apoiou um Getúlio que governoua por decreto até o país ter uma nova Constituição, em 1934, e seguiu com ele pelo Estado Novo, período cruel da “Ditadura Vargas”, extinta em 1945.

PELOS INÍCIOS da II Guerra Mundial, em 1939, Vargas defendia a neutralidade do Brasil e  assinou o decreto-lei1 1.561, encerrando a discussão. Enquanto o embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Oswaldo Aranha – irmão de Cyro Aranha, futuro presidente do Vasco da Gama – , travava uma queda de braço com militares, para convencer Vargas a ficar do lado dos Aliados, os “milicos” liderados pelo General Dutra defendiam uma aproximação com o nazi-fascismo, contando com o forte apoio do também líder militar General Pedro Aurélio de Góes Monteiro e do Chefe de Polícia do Distrito Federal (Rio de Janeiro, então), Felinto Muller, fã ardoroso do chefe das forças da elite (SS) militares alemãs, Henrich Himmler.
 Enquanto Dutra simpatizava com a política do alemão Adolf Hitler e do italiuano Benito Mussolini, os submarinos  nazistas e fascistas atacaram 35 navios mercantes brasileiros, matando 1.081 pessoas, mais do dobro dos 465 homens tombados no “front” de guerra, na Itália, lutando vestidos com o uniforme da Força Expedicionário Brasileira.
Em 1942, quando o fanático capitão nazista Harro Schacht, comandante do submarino U-507, torpedeou os navios  Baependy, Araraquara, Aníbal Benévolo, Itagiba, Arará e Jacira, matando mais de 600 pessoas, o clamor popular foi muito grande. Dutra, então, traiu os seus ideais nazi-fascistas. De sua parte,  Getúlio Vargas decretou os estado de beligerância (inicialmente) e de guerra, enquanto o vento do momento empurrava o “bandeirante” Eurico Gaspar para um outro pensamento.

EM OUTUBRO  de 1945, a “Era Vargas” agonizava. Então, o ministro que jurara fidelidade ao presidente liderou um golpe de estado, juntamente com Góes Monteiro, e o expulsou do poder. Sem Getúlio atrapalhar, candidatou-se à sua sucessão e tornou-se o 16º presidente da República brasileira, com 55% dos votos.            
 Dutra fez um governo sem grandes realizações para o país, com a maioria dos seus atos criticados, principalmente por não cumprir parâmetros fixados para  alimentação, saúde, transporte e energia. De positivo, criou a Companhia Hidrelétrica do São Francisco e aproximou o Nordeste do Sudeste, abrindo a Rodovia Rio-Bahia.
Em setembro de 1946, promulgou  a quinta Constituição brasileira, mantendo a estrutura fundiária que tornava intocáveis os grandes latifúndios e a estrutura sindical fascista dos grandes sindicatos trabalhista vinculados ao Estado. Para não perder o costume de ser “bandeirante” levado pelo vento do momento, ele aproveitou de os Estados Unidos saírem da II Guerra Mundial liderando, ideologicamente, o mundo ocidental, e jogou-se, inteiramente, nos baços de Washington.  Numa puxada de saco monumental, cortou relações com a União Soviética.  
Dutra valeu selos e moeda
O presidente Dutra era considerado um “camisolão”. Às sete da noite, já estava de pijama, por conta da Primeira Dama, a carolíssima Dona Santinha, a quem atribuíram lhe exigir o fechamento dos cassinos no país. Mas não fora coisa dela. Independentemente daquilo, com a sua canetada, Dutra traiu e desempregou milhares de trabalhadores, entre artistas, empresários e demais gente que tirava dos palcos – e demais setores debaixo daqueles telhados –, o sustento de suas famílias. Coisa típica de flamenguista: em 1987, o “Urubu” concordou com o regulamento do Campeonato Brasileiro, mas, no final, traiu a sua assinatura na aprovação do documento, recusando-se a participar de um quadrangular final entre times de dois módulos, como concordara antes.      

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