Vasco

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domingo, 24 de outubro de 2021

REVISTA DO KIKE - Nº 28 - LIGADERAÇA

Para aquela temporada, a Liga Desportiva de Anandera prometia o seu maior e mais sensacional campeonato infanto-juvenil de futebol. Para aumentar a temperatura no termômetro das torcidas, colocou os jogos do torneio feminino nas preliminares dos garotos.

 A disputa teria  - AlVinagre, Baianinho, BlauGrana, Celestial, Colorado, Mandin, Real Matismo, Tricoline e Vasco das Gramas – seis times fortes, que bem o demonstraram durante os amistosos preparativos para as refregas que movimentava a desportividade de Anadenanthera, terra que herdara o seu nome de uma planta tropical macrocarpa, de presença marcante em ritos religiosos de tribos indígenas - e que o estava reduzindo, na Câmara Municipal,  para Anandera, como o povo falava.

 O marketing promocional da temporada incluía o time Tricoline feminino jogando com o nome de Tricoloras, com todas as meninas tingindo os cabelos de loiro; o Alvinegro sendo AlVinagre, patrocinado pelo Vinagre Bertin; o Real Matismo tendo o patrocínio da Farmácia Bandeira Coité; o Celestial formado pelos rapazes do grupo Jovens Ananderenses Sportivos Católicos; o Colorado, impulsionado por produtores de soja gaúchos, e o Vasco das Gramas, do comerciante vendedor de gramas Vasco Sines, poitugu|ês que vivia noBrasil há mais de 30 temporadas. Faltava patrocinadores só para o BalGrana, que negociava com o Banco da Bahia-Oeste, e o Baianinho, que abria conversações com a Casa Bahia Festas.           

 Pela opinião dos experts, “não tinha pra ninguém”. Segundo os tais,  a Liga poderia até começar logo um outro campeonato, pois aquele já estaria no papo do Vasco das Gramas, principalmente por causa do garoto da sua camisa 10, um “menino estratosférico” - diziam em realmente, jogava demais. 

 Era tradição na Ligandera, após o final das temporadas das categorias infanto-juvenil, juvenil, principal e feminino promover amistosos dos três primeiros colocados, os chamados “jogos da consagração”, contra convidados de vizinhas cidades de Barrila, Camandaroba e Jupaguá,  podendo neles incluir o  craque do campeonato, reforçando a sua equipe. E o jogo das seleções (masculina e feminina)  canarinhas, formadas pelos 11 melhores de cada posição durante a temporada, tradicionalmente patrocinado por uma fábrica de brinquedos que lançara um canarinho em suas vendas. 

 Como es experts previam, no infanto-juvenil, que vinha sendo o campeonato mais emocionante, o Vasco das Gramas, com uma defezaça rocha, foi caminhando sem ver ninguém pelas suas proximidades. Só o seu astro fatal, o FeraFerinha, como ficou apelidado, marcara 19 gols, em nove jogos do primeiro turno.

                Arte: Renato Aparecida - www.desenhosrosart@gmail.com


 2 – Com os vascaínos campeões, invictos da etapa inicial do certame, marcando 44 gols e levando só dois, sem nenhuma perspectiva de os demais lhe incomodarem,  a mãe do Fera, Ferinha,  que era a treinadora do juvenil da vasquense, o tirou dos infantos–juvenis e o levou para o seu grupo, pelos inícios do returno, pois a sua moçada não conseguia liderar a competição, que tinha o BlauGrana na frente, desde a terceira rodada do turno.

Com aquilo, o torneio infanto-juvenil perdeu muito do seu atrativo, que foi herdado pelos juvenis. O FeraFerinha seguiu repetindo as mesmas grandes atuações dos tempos de infanto, como se não tivesse passado a jogar contra garotos um pouco mais velhos.

Quando o Vasco das Gramas tomou a ponta do BlauGrana, o assessor de imprensa da Lingandera  aproveitou para fazer, pela Revista do Esporte, que cobria todas as modalidades presentes na entidade - grande publicidade em torno do feito da treinadora do novo líder, Mária Petras, como lhe chamavam os europeus que não conseguiam  pronunciar o brasileiro nome dela nos tempos em que ela jogava por um time da então Tchecoeslováquia - até disputou um amistoso festivo pela seleção do país e se benzeu, após marcar um gol, razão do apelido. Como era noiva de um jornalista que a promovia, as diretorias da sua equipe e do JASC – este tinha por treinador o Padre Geraldo, que jogava no time principal -  aproveitaram para enaltecer os “valores cristãos da família unida”. E rolou marketing e bola.

 A Tia Mária (para a galera), além de treinadora da garotada, jogava pelo time das Tricoloras, das quais ela fora a primeira a tingir os cabelos de blonde. Ao levar os seus dois esquadrões aos títulos da temporada, ela ganhou duas páginas inteiras da revista da Ligandera, pela seção A Ficha do Craque (da Craca, para seus fãs), desfilando as suas particularidades e preferências. Durante os três amistosos chamados por Jogos da Consagração, esquisitamente, ela anunciou o fim de sua carreira de atleta e de treinadora, para fazer curso de arbitragem e mudar tudo em sua vida desportiva.

 De sua parte, o a fase dos , campeão infanto-juvenil e juvenil, quando rolou  a fase dos  Jogos da Consagração, foi encarregado de recepcionar o Rei do Futebol, o convidado especial do evento. E provocou grandiosa agitação entre os desportistas anandetherenses, ao anunciar a sua transferência para o Bahia, que seria no novo nome do Baianinho, por exigência do patrocinador Banco da Bahia-Oeste. 

 Pelo time do Bahia, o artilheiro Fera Ferinha, que crescia na bola e no corpo,  teve o seu apelido (criado pela torcida) trocado para Feraça. E não demorou para a Liga enaltecê-lo pela sua Revista do Esporte. Mas o que aconteceu depois com a careira dele? Isso você lerá em "CCCP - Companhieiros Cuidado com Pelé". Aguarde lançamento do livro.

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