Vasco

Vasco

domingo, 24 de novembro de 2019

O DOMINGO É UMA MULHER BONITA. REPÓRTER QUE ESCREVIA ESTRELAS


Se não foi a primeira – o Kike nunca encontrou textos assinados por mulheres em revistas esportivas brasileiras de antes de 1970 -, Meg foi  dona desta glória, escrevendo para Manchete Esportiva, uma magazine do grupo Adolpho Bloch, que dominou o seu setor, da metade até quase o final da década-1950.
 Por aquele tempo, jornalismo esportivo era algo completamente machista. Como o grosso da cobertura ficava com os rapazes, o diretor Augusto Rodrigues (irmão de Nélson Rodrigues, colunista da publicação) aceitava que Meg fizesse pautas mais leves. E ele  jogava pra cima, principalmente, dentro de uma página totalmente colorida, as belas, belas do esporte.
 Por exemplo, na edição de N 63, de 2 de fevereiro de 1957, ela contou que a basqueteira Neide de Araújo, do América, jogava com tanta garra que chegou a deixar a quadra, durante jogo contra o Flamengo, para receber 11 pontos no queixo. 
Segundo Meg, por ter baixa estatura, a atleta americana levava muita desvantagem nos confrontos corpo a corpo, o que lhe obrigava a se virar cuidado para não sair do jogo desfigurada. “E não quer sair tão cedo. Quer jogar até enjoar”, ressaltava Meg, realçando mais o seu personagem: “... Neide acha que esporte é vício. Entra na vida da gente e só sai um dia, não se sabe quando. É moça ativa...” – texto bem adequado à proposta editorial da Manchete Esportiva, bem mãos femininas.     

A ótima revista Manchete Esportiva, que foi publicada na cidade do Rio de Janeiro, pela Bloch Editores, que detinha a segunda revista de maior circulação do Brasil – Revista Manchete (1952 a 2000). ]A semanária dedicado ao esporte surgiu a partir de novembro 1955 indo até maio de 1959, retornando entre 1977 e 1979. Geralmente, cada número continha 60 páginas, em formato de aproximadamente 26 cm x 35 cm. 
  O valor de capa era de Cr$ 15,00 (quinze cruzeiros), considerado baixo para o período.  As reportagens apresentavam um padrão de escrita, falam sobre a modalidade esportiva praticada pelas atletas, os eventos que já participaram ou que iriam estar seus prêmios e suas vitórias. 
 Também, era perguntado para a atleta sobre seus hábitos, gostos culturais e em algumas aparecem sua opinião sobre o futuro, estudos e profissão. As reportagens eram sempre assinadas com pseudônimo de MEG9 . Nos textos eram frequentes perguntas sobre casamento, estudos, trabalhos e bons hábitos, que reafirmavam para as mulheres as funções de boas esposas e mães zelosas.        

Nenhum comentário:

Postar um comentário