IMAGENS REPRODUZIDAS DE CAPAS DE DISCOS
Pelas metades da década-1950, o jovem brasileiro só ouvia aqueles bolerões, sambas-canções, guarânias e baladas românticas (com muita dor-de-cotovelo) que os seus pais ouviam, e não era bem aquilo que elds gostariam de ouvir. As suas pernas, braços e cintura pediam algo frenético, que pudesse fazê-los levantar da cadeira, saltar no meio do salão e se esbaldar, dançando. Foi quando pintou por estas terras brazucas o rockn´n´roll norte-americano, repleto de guitarras alucinantes.
Para os filhos do Seu Renato e da Dona
Elair, animação melhor não poderia aparecer em sua casa, principalmente porque
a mãe deles, colega de Dalva de Oliveira, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro,
lhes ensinava a tocar violão, mas cantando aquelas
coisas. Por haver no bairro em que moravam um bloco carnavalesco chamado
Bacaninhas, eles criaram o roqueiro Bacaninhas do Rock da Piedade, para impressionar
as meninas namoradeiras, e deixaram de cantar (e tocar) o que mamãe mandava. Breve, gravariam Twist, o primeiro LP.
Para a moçada, não deixava de rolar um som
mais legal do que o dos bolerões, mas eles, quase
sempre, só o ouviam o rock em língua
desconhecida (inglês), ou com covers
brasileiros – The Playing e The Rebels, por exemplo – tirando onda de norte-americanos.
Veio 1959, temporada em que Renato Barros considerou o ponto de partida de Renato e Seus Blue Caps, com formação mais definida, pois, pelos inicios da brincadeira, o grupo chegara a ter 11 membros. Enquanto ele e a sua turma imitava (na época, falava-se fazer mímica) os caras da hora, Fred Jorge, o “Rei das Versões”, entregou à interiorana paulista Celia Benelli, isto é, Cely Campello, a letra de Estúpido Cupido, o trepidante Stupid Cupid, cantado por Neil Sedaka e composto, pelo tal, em parceria com Howard Greenfield. No Brasil, a gravadora EMI-Odeon não botou muita fé naquela que seria a segunda gravação da mocinha – teve participação do irmão Sérgio “Tony” Campello – e a desprestigiou, colocando-a no lado B, aquele que entra no disco só para preencher espaço.
Erasmo Carlos, em pé, acima, no centro, era o cantor Mesmo com a pisada na bola, a Odeon vendeu horrores e fez de Cely rainha da
música jovem brazuca, eleita pelos
leitores da Revista do Rock. Já estava
perto da chegada de Renato e Seus Blue Caps ao bloco dos reis da juventude, encabeçado, em 1961, por Sérgio Murilo, graças
a uma Marcianita que poderia ser
jovem, mas nunca roqueira. Quando nada, serviu, aqui na Terra, para ele (e Cely) terem por súditos, entre
outros, o topetudo Demetrius (Ritmo da Chuva/versão),
imitando a cabeleira de Elvis Presley; Wilson Miranda (levando Long Tall Sally, de Little Richard, gravada em 1957); o alemão George
Freedman (Advinhão) acontecendo por
aqui via rock, genuinamente, nacional,
de Baby Santiago, e Tony Campello, também correndo atrás do sucesso da irmã,
que lhe deu uma forcinha levando-o para o seu lado na apresentação do programa Crush em Hi Fi, da TV Record-SP – em
Smpa, a concorrência tinha Os Brotos
Comandam, na TV Bandeirantes, e Alô Brotos,
na Tupi. No Rio, Renato e Seus Blue Caps pegavam cancha em programa de TV
comandado por Carlos Imperial, ainda, sem nenhuma perspectiva de sucesso.
Ser rainha da juventude, no entanto, não pareceu fazer a cabeça de Cely Campello, que tirou a coroa, em 1962, saiu do sucesso e entrou para a cozinha, como falavam os críticos que não a perdoavam por trocar grande momento musical por casamento, com um contador comercial classe média baixa. Mas Cely queria aquilo, inapelavelmente, e até aceitou posar para a revista O Cruzeiro, servindo um cafezinho ao marido.
Junto com o bolo (passado nos fãs, a bonequinha Cely ajudou a Bossa Nova a ocupar o seu espaço e, só em 1964, a música jovem reconsegui um grande sucesso, com Ronny Cord, o antes Ronaldo Coedovil,
trafegando pela badalad paulistana Rua Augusta,
em musica composta, especialmente, para ele, pelo pai e musico Hervê
Cordovil (?).
Chegado 1965, Renato e Seus Blue Caps já estava ali na esquina, pronto para pegar embalo e chegar ao topo das paradas de sucesso, o que não havia conseguido com dois LP gravados antes, um deles, tendo Erasmo Carlos por cantor (crooner, na época). Antes de atingir o primeiro lugar das paradas de sucesso, por conta de uma “Manina Lina”, como exímio guitarrista, Renato criou solos jamais usados por aqui, em Splish, Splash, com a qual Roberto Carlos decolou para a glória. E com ele foi subir muito, muito mais durante o programa Jovem Gurda, da TV Record-SP.
A partir dali – 1965 -, podia-se dizer que a moçada brazuca já poderia ir ao museu e pesquisar a pré-história da sua música jovem, aquela do tempo em que conjuntos como The Clevers (futuro Os Incríveis), The Jet Black (gravou LP, em 1963) e The Jordans, entre outros, faziam sucesso e os Blue Caps sonhavas com ele.
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