O noticiário do mundo político do início do segundo semestre deste 2001 gerou manchetes por todos os jornais do planeta, no 7 de julho, quando documentos divulgados nos Estados Unidos confirmando denúncias de participação do país na Operação Condor - torturas e assassinatos de rebeldes à dominação norte-americana na América Latina e que lutavam pelo socialismo ou, regimes menos vorazes.
O voo do condor começou à luz de golpes de estado apoiados por duas
agências norte-americanas - CIA e USAID -, desde as décadas 1960/1970. Durante
a Primeira Reunião Interamericana de Inteligência Nacional, em 26 de novembro
de 1975, no Chile, representantes da inteligência militar da Argentina, Brasil,
Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai abriram caminhos para reuniões entre
o presidente chileno, Augusto Pinochet, o secretário de estado
norte-americano, Henri Kissinger e o
diretor da CIA, Vernon Walters.
Resultantes sinistras: oposição às
ditaduras valeriam tortura na obtenção de informações.
O
Paraguai foi o primeiro parceiro a ir à caça dos “contra”, seguido por
Argentina, Chile e Uruguai. O Brasil entrou nesse jogo pelo segundo tempo, ao
lado da Bolívia, desencadeando uma larga escala de onda de prisões. Com apoio
técnico, logístico, financeiro e treinamento nos Estados Unidos, os agentes do
plano contavam com informação centralizadas no
Chile-Condor 1 - sobre pessoas e
entidades consideradas subversivas. Como ainda não havia Internet, as trocas de
informações ocorriam por telex-Condortel.
Era por aquela máquina
que os donos do poder no cone sul trocavam colaborações para capturas,
interrogatórios, torturas e execuções. Também, com ajuda do “Tio Sam”, decidiam
sobre atuação em países fora da área sulista, fustigando comitês de
solidariedade, entidades ligadas aos direitos humanos, exilados e seus
familiares.
A
Operação Condor pretendia, ainda, por meio da CIA, desestabilizar o regime
cubano e cortar influências da ilha por todo a “Sudamérica”. Nessas operações
usava-se exilados cubanos, cooptados em Miami-USA e que usavam base montada na
Venezuela. Muito importantes na preparação de extermínios.
Entidades de direitos humanos afirmam que a
Operação Condor, entre exterminados e desaparecidos, atingiu mais de 40 mil
pessoas, sendo a maioria, cerca de 30 mil, na Argentina da ditadura do
presidente-general Jorge Rafael Videla. No Brasil, o Ministério Público Federal
encontrou documentos das Forças Armadas, comprovando a participação do país no
que a imprensa chamou na época de “rede internacional de ações criminosas”,
conforme denúncias em relatórios das entidades citadas acima, em 1978.
Foram indiciadas 32 acusados de participação na operação, entre as quais o ministro do Interior boliviano Luis Arce Gómez; primeiro-ministro peruano Pedro Richter Prada; o chefe dos serviços secretos chilenos, Juan Manuel Contreras, e o presidente do Peru (1975 e 1980), general Francisco Morales Bermúdez - deveriam responder processos por sequestros, torturas e homicídios de 43 pessoas de várias nacionalidades. Os primeiros julgamentos são datados de 2015, quando Morales Bermudez rolava pelos 94 de idade, mesma idade de Richter Prada. O boliviano Arce Gomes tinha 78, ‘vegetando’ em cadeira de rodas, enquanto Contreras celebrava 86, sem saber nem onde estava. E os brasileiros? Assunto para um novo voo do JBr na história da política internacional.
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