Foi o segundo jogo da Seleção Brasileira, em Brasília. O futebol candango vivia a sua segunda fase e, pela primeira vez, se convocava um selecionado. Interrompeu-se o Torneio Imprensa e enfrentou-se a Seleção Brasileira, do técnico Osvaldo Brandão, no dia 21 de fevereiro de 1976, em homenagem ao secretário de estado norte-americano Henri Kissinger, que visitava a cidade e foi ao estádio em companhia do presidente da república, Ernesto Geisel.
Formada por atletas do Ceub, Brasília e Grêmio Esportivo Brasiliense, o time do técnico Cláudio Garcia (do Brasília), auxiliado por Inácio Milani (do Grêmio), surpreendeu quem foi ao Estádio Mané Garrincha.
Quando a bola rolou, Brasília mostrou um futebol alegre, saído de um começo nervoso, quando o centroavante Léo “Fuminho” perdeu bolas dominadas. Mas, como os “canarinhos” estavam desentrosados, os candangos, aos poucos, foram equilibrando as ações e partindo para cima. E deram o primeiro chute ao gol, com o volante Marquinhos. Ele dominou uma bola próximo da área e, como os zagueiros da seleção brasileira não lhe deram combate, ajeitou e desferiu um chute violento, à direita do goleiro Valdir Perez.
O time canarinho tentou reagir, com o lateral Nelinho e o ponteiro-esquerdo Lula chutando para a área, onde não encontravam companheiros. Num desses lances, porém, Marinho tabelou com Lula, pela esquerda, o ponta foi até a entrada da área e cruzou. A bola passou por todo mundo, e o centroavante Palhinha perdeu, incrivelmente, a chance do gol. Minutos depois, Nelinho atacou, pela direita, caiu para o centro e esperou Palhinha se colocar para ser lançado. Como aquele não escapou da marcação do zagueiro Fabinho, o lateral arriscou o chute a gol. A bola quicou no gramado e quase vence o goleiro Nego, que se recuperou a tempo de mandá-la a escanteio.
Depois daquilo, a seleção brasileira caiu de produção, pois seu meio-de-campo não se entendia. Rivelino e Chicão jogavam pela direita, embolando com Geraldo 'Assoviador'. O jeito era fazer lançamentos longos para os ponteiros Flecha e Lula, ou esperar um momento para os laterais Nelinho e Marinho Chagas avançarem. No entanto, aos 36 minutos, a seleção marcou. Nelinho atacou, pela direita, a zaga brasiliense tirou o perigo e a bola ficou com o recuado centroavante Léo. Sozinho, o Fuminho tentou cruzar o meio do campo, mas adiantou demais a pelota, oferecendo-a para o volante Chicão, que viu a defesa candanga adiantada e esticou um passe para Flecha. O goleiro Nego ameaçou sair, voltou e quanto se decidiu era tarde. Flecha chegou primeiro na bola e fez o gol.
A Seleção Brasileira não deslanchou. Só fez um bom ataque, aos 44 minutos, quando Nelinho chegou perto da área e desferiu um chute violento, para Nego “voar” e mandar a bola a escanteio.
SEGUNDOTEMPO - O time da casa encantou. Só não empatou por falta de sorte. Alencar e Marquinhos tomaram conta do meio-de-camo, mas Léo não jogava bem e Ney mostrava-se dispersivo, permitindo ao zagueiro Amaral aparecer como um dos poucos bons canarinhos, cobrindo em cima. Aos 16 minutos mesmo, Júnior Brasília percebeu Marquinhos penetrando e o lançou. O gremista driblou Rivellino e lançou Ney, que foi derrubado quando ia penetrar na área. Xisté cobrou a falta na barreira. Minutos depois, a melhor chance de empate. Xisté, pela esquerda, lançou Léo dentro da área. O “Fuminho” livrou-se da marcação, mas perdeu o equilíbrio, para Miguel para salvar o perigo.
Os dois ataques brasilienses acordaram a seleção brasileira, que mudara o meio-de-campo, no intervalo. Falcão substituiu Palhinha, ficou mais próximo de Rivellino, e o time passou a explorar a velocidade do ponta-direita Edu (Palmeiras). Mas o lateral Nenê (Ceub) não o deixou fazer nenhuma jogada de linha de fundo. O melhor momento canarinho foi um cruzamento par a área, com Rivellino passando pela bola e parando dentro do arco de Nego.
Sem desanimar, a seleção brasiliense apertou e Junior Brasília chegou a “chapelar” e a driblar muito Marinho Chagas. Numa de suas gracinhas, ele chamou o lateral pra cima, puxou a bola para trás, a suspendeu e cruzou, para a defesa brasileira rebater. Outra boa jogada dele foi um cruzamento que Valdir Perez espalmou, e a bola bateu na trave. Com a seleção brasileira devendo bom futebol, o público passou a aplaudir a brasiliense, que não empatou, mas encantou.
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