Vasco

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segunda-feira, 31 de julho de 2017

OS XERIFES DA COLINA - MOISÉS-6

Quando defendia o Bonsucesso, iniciando a carreira, ele batia até na sombra. Ganhou os apelidos  de “Xerife” e de "Moisés Paulada" e era o "profeta do apocalipse. Recomendava descer o sarrafo nos inícios das partidas, garantindo que nenhum juiz expulsava ninguém de campo nos primeiros cinco minutos.
A camisa do Vasco levou Moisés à Seleção Brasileira.
Reprodução de www.netvasco 
No entanto, a sua proposta mais indecorosa foi avisar aos zaguerios que eles jamais deveriam pensar em ganhar o Trofeu Belfort Duarte, uma extinta premiação aos ateltas brasileiros que ficassem 10 temporadas sem expulsões de campo.
Mesmo com tanto veneno na língua (e nas chuteiras), Moisés foi excluído de poucas pelejas. Jogou pelos quatro “grandes” do Rio de Janeiro, teve uma passagem pelo Paris Saint-Germain e foi campeão paulista, pelo Corinthians-1977.
 Moisés Matias Andrade, nascido em Resende-RJ, viveu entre 30 de novembro de 1948  e 26 de agosto de 2008. Ao Vasco da Gama, chegou em 1971 e saiu em 1976, tendo feito parte da equipe que levou para São Januário o primeiro título de campeão brasileiro (primeiro, também, de um time carioca), comandado por Mário Travaglini – Andrada; Fidélis (Paulo César), Miguel, Moisés (Joel Santana/Marcelo) e Alfinete; Alcir, Zanatta e Ademir (Peres/Fred/Amarildo); Jorginho Carvoeiro (Jaílson/Cláudio), Roberto Dinamite e Luiz Caralos Lemos.     
 Moisés, mesmo deixando implícito que atacante pretendente a entrar na área do Vasco da Gama fizesse, antes, o seu testamento, chegou à Seleção Brasileira. Convocado pelo treinador Mário Jorge Lobo Zagalo, disputou um amistoso, em 21 de junho de 1973, asssitido por 80 mil almas, em Moscou, vencendo a então União Soviética, por 1 x 0 – Wendel; Zé Maria, Luís Pereira, Moisés e Marco Antônio; Clodoaldo e Rivellino;   Valdomiro, Jairzinho (autor do gol), Leivinha e Paulo César “Caju” foi a o time.
Moisés também fez parte dos jogadores que vestiram as camisas do Vasco e do Flamengo, os maiores rivais do futebol carioca. Pelos rubro-negros, passou antes (1968) e depois de ter sido um cruzmaltino (1978). 

 

domingo, 30 de julho de 2017

OS XERIFES DA COLINA- RENÊ-5

  Fora de campo, um sujeito conversador e muito educado. Dentro, durão, não dava boa vida a atacante. Foi por aquilo que o Vasco pediu o seu empréstimo ao Bonsucesso, em 1969, quando contava 21 anos de idade.
 Renê, isto é, Carlos da Silva, não teve dificuldades para se inscrever no “xerifado” vascaíno, pois o esquema de jogo do técnico Duque era semelhante ao que ele estava acostumado no “Bonsuça”, rodízio nos lances. As vezes, começava a partida jogando na sobra e terminava saindo para o primeiro combate. Preferia a primeira opção.
Nesta reprodução de www.apaixonadosporfutebol, Renê é o  terceiro jogador
em pé, da esquerda para a direita, no Vasco campeão-RJ-1970.
 Surgido nos infantos-juvenis do Bonsucesso, Renê tornou-se nome de destaque na zaga rubro-anil durante uma excursão à Europa, em 1968.
 O técnico Velha deu-lhe a chance e ele a segurou. Nascido em 14 de outubro de 1948, ganhou o apelido de Renê quando chegou ao estádio das Avenida Teixeira de Castro para mostrar o seu veneno.
Por usar um boné caído sobre os olhos e roupas moderninhas, a turma achou que ele fosse francês. Mas mostrou futebol bem brasileiro e, depois do treino, foi chamado para fazer a sua ficha de inscrição. 
 Quando chegou ao Vasco, em 1969, Renê encontrou o veterano Orlando Peçanha, campeão mundial na Copa de 1958, na Suécia, de volta a São Januário, para encerrar a carreira.
Os reservas Moacir e Fernando, também. paqueravam uma vaga. No ano seguinte, ele tornou-se titular, ao lado de Moacir, formando o miolo da zaga campeã carioca daquela temporada que encerrou um jejum de 12 anos sem o título de campeão carioca indo para a Colina – Andrada: Fidélis, Moacir, Renê e Eberval; Alcir e Buglê; Luis Carlos Lemos, Valfrido, Silva e Gílson Nunes foi o time-base da conquista comandadas pelo treinador Elba de Pádua Lima, o Tim. Renê atuou em 15 dos 18 jogos, com 13 vitórias, três empates e duas escorregadas.
  Renê seguiu titular pelas duas temporada seguintes, fazendo dupla de zaga com Miguel. Em 1973, perdeu a vaga para Moisés. Em 1974, já não aparecia mais nas escalações vascaínas.     

 

   

 

88 - DOMINGO É DIA DE MULHER BONITA - ÂNGELA DINIZ, A PANTERA DE MINAS

Ao hospedar-se, em São Paulo, na casa do casal Adelita Scarpa-Raul Fernando do Amaral Street, o Doca, a socialite mineira Ângela Diniz não imaginava que rolo iria arrumar. Encantou o anfitrião, de 45 de idade, e este terminou abandonando a sua rica mulher, filha do empresário Nicolau Scarpa, para ficar com ela.    
 Tida como uma mulher liberada demais e que colecionava parceiros, Ângela era comentada por já ter dividido a casa com os empresários Tuca Mendes, Fernando Moreira Salles, Eduardo Viana, Baldomero Barbará, o engenheiro Milton Villasboas, além de casos com o colunista social Ibrahim Sued, que a apelidou por “Pantera de Minas” e a jornalista televisiva Márcia Mendes.
 PARA O ADVOGADO Evandro Lins e Silva, a moça era dada à devassidão e amores anormais. Chamou-a de “Vênus lasciva...a mulher de escarlate de que fala o Apocalipse” (prostituta de luxo da Babilônia, que pisava corações e, com as suas garras de pantera, arranhava o coração dos homens que passavam pela sua vidas).
Vênus, na mitologia grega, fora para as nuvens com todos os deuses, mas sem recriminações. Ângela jamais tivera a acusação de “devassa” comprovada.  
 FOI PELA VERTENTE citada pelo jurista que Ângela Diniz foi parar na história da crônica policial brasileira, assassinada por Doca Street, na tarde de 30 de dezembro de 1976, usando uma pistola Beretta 7.65, quando passavam o verão na Praia dos Ossos, em Cabo Frio.
Ao se desentenderem, ela o expulsou de casa, ele entrou em seu Maverick (carro da moda), saiu e voltou para mata-la.
O CASO TERMINOU com Doca Street levado a julgamento, em 1980, em Cabo Frio, por um júri formado por cinco homens e duas mulheres, com idade média de 55.
Foi um duelo entre o promotor Sebastião Fador Sampaio (acusou o réu de ser gigolô e integrante de quadrilha internacional de tráfico de drogas, sem apresentar provas) e o advogado de defesa, Evandro Lins e Silva (pintando a imagem de prostituta suicida para a vítima). Foi, também, um espetáculo televisivo que mobilizou 102 jornalistas e 61 técnicos de rádio e TV.
DURANTE 21 horas de júri, houve vaias e risos, com o juiz Francisco Motta Macedo só pedindo silêncio à assistência em uma ocasião. De acordo com a defesa de Doca,  na manhã do doo crime, Ângela Diniz teria tentado seduzir a alemã Gabrielle Dayer, que fazia “satreep-tease” em São Paulo e era suspeita de comprar drogas na Bolívia para clientes em Búzios, onde vendia jogos de gamão na praia.
 Ângela teria exigido de Doca, também, aceitar novas parcerias na cama. De sua parte, o assistente de acusação, Evaristo de Morais Filho, lembrou ao júri que o réu já havia dito à revista “Manchete” ter participado de uma noite a três, com uma outra mulher no programa.
ÀS 10 DA MANHÃ do dia seguinte ao início do júri, Doca foi condenado, por 5 x 2, a dois anos de prisão, por homicídio doloso – por imprudência, imperícia ou negligência, sem a intenção de matar – com direito a “sursis”, o que tornou a pena, meramente, simbólica. Em sua defesa,  Evandro Lins e Silva usou uma tese usada pelo criminalista mineiro Pedro Aleixo, em 1964, de “legítima defesa da honra”, convencendo quase todos os jurados de que Doca se excedera ao reagir a agressão moral de ter que aceitar Gabrielle Dayer na mesma cama de Ângela.
 DO LADO DED FORA do fórum, populares faziam manifestações de apoio a Doca, muitos levando cartazes, apoiando condenou à vitima e absolvição do matador que desferira quatro tiros contra o rosto da “Pantera”. Mas o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro anulou o julgamento e Doca foi a um segundo julgamento, em 1981, sem a participação de Evandro Lins e Silva. Condenado a 15 anos de prisão, cumpriu três em regime fechado, dois no semiaberto e o restante  na condicional.             

 

sábado, 29 de julho de 2017

34 - O VENENO DO ESCORPIÃO - GUSTAVO CAPANEMA, MINEIRO QUE NÃO SALVOU JK

Pintura de Capanema reproduzida de
www.cultura.gov.br
 
 O deputado federal Gustavo Capanema Filho fora o principal redator, em 1948, do programa do PSD-Partido Social Democrático. Em 1962, convocaram-lhe para elaborar a Declaração de Brasília, durante a 9º convenção nacional da legenda.
 Na época, a sigla era considerado de centro e ele identificou 10 problemas a serem atacados, iminentemente, entre eles inflação, reforma agrária, relações exteriores, progresso municipal, engajamento no sistema parlamentarista e  educação.
Sobre o último caso, Capanema considerava o analfabetismo um probema permanente do Brasil, “há dois séculos”, afirmava não ver perspectivas de resolução e previa a sua continuação por mais dois séculos, ou pelo resto da existência do país. 
  Capanema dizia produzir texto humanista e desenvolvimentista, mas o ex-presidente Juscelino Kubitscheck,  principal líder popular pedessista, não gostava do que lhe informavam. Se ele desejava voltar ao cargo, a postura de aderir ao governo de gabinete de nada adiantava aos seus insistentes apelos de mobilização partidária pelo retorno do presidencialismo. Logo, ele poderia sonhar com novo mandato, mas desde que não fosse com o apoio do PSD, devido à guinada parlamentarista.
 NO MEIO DAQUELE tiroteio político, o deputado Neiva Moreira, que presidira a comissão parlamentar de transferência do Congresso Nacional para Brasília, via a obra política do JK ameaçada. De sua parte, o presidente do PSD, Amaral Peixoto, o ironizava, chamando-o de “Raul Pilla do Presidencialismo” –  Pilla era um político gaúcho fanático defensor do parlamentarismo e autor da emenda constitucional que permitira a João Goulart assumir a Presidência da República.
 Com certeza, o deputado Neiva Moreira não tinha bola de cristal e nem os militares já pensavam na Revolução de 31 de Março de 1964. Mas aconteceu, tempinho depois, e  um golpe de estado encerrou a carreira política do homem que construira Brasília.
Juscelino Kubitscheck
De acordo com Luís Viana Filho, chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Capanema dissuadira o presidente Castello Branco da aprovação de propostas governamentais à Câmara dos Deputados, onde PSD e PTB, detentores da maioria, queriam salvar JK, que tivera os seus direitos políticos suspensos pelo Ato Institucional N º 1 (AI-1), em 9 de abril de 1964.
COM AQUILO,  em 27 de outubro de 1965, medidas foram tomadas à revelia do Congresso Nacional, por meio do AI-2, assinado por Castello, extinguindo os partidos políticos de então e fazendo nascer ARENA-Aliança Renovadora Nacional, de situação, e MDB-Movimento Democrático Brasileiro, de oposição.  Sem PSD e PTB, o JK já era.
 Gustavo Capanema, nascido em Pitangui-MG (10.08.1900 a 10.03.1985), iniciara a vida política como vereador de sua cidade, em 1927. Três anos depois,  já estava conspirando contra o presidente Arthur Bernardes.
 Em 1931, encarou Getúlio Vargas e pegou em armas contra a tentativa de deposição do governador mineiro Olegário Maciel. Terminou negociando um acordo que deixou os dois juntos e que ele fez valer, como representante de Maciel, durante a Revolução Constitucionalista-1932, quando São Paulo propusera união a Minas, para derrubar Getúlio.
Em 1933, sem mais Olegário Maciel vivo, Capanema foi nomeado interventor federal em Minas Gerais. Mas, como Virgilio de Melo Franco também quria o cargo, Getúlio o entregou a Benedito Valadares e fez de Gustavo o seu ministro da Educação, até 1945, quando foi deposto pelas Forças Armadas.
 Fora do governo, Capanema elegeu-se depuado constituinte (1946 a 1951), tendo participado da comissão elaboradora das leis complementares à nova Constituição e votado a favor da casssação dos manatos do Partido Comunista do Brasil, (depois Brasileiro), que perdera registro, em 1947.
Cartaz com Getúlio Vargas
reproduzido de www.maishumanas
REELEITO DEPTUADO FEDERAL, em 1950, com Getúlio Vargas de volta ao poder – pela coligação Partido Trabalhista Brasileiro-PTB e Partido Social Progressistas-PSPS –, Capenema, tornou-se líder de sua maioria na Câmara, pois o homem o via com um bom de jogo de cintura e lábia para tratar com as estrelas da UDN-União Democrática Nacional.
 Na função lhe entregue por Getúlio, Gustavo Capanema teve atuação destacada em várias missões. Também, no afastamento dos ministro do Trabalho, João Goulart, criticado pelos mlitares, por aumentar, em 100%, o salário minimo – os quartéis já andavam insatisfeitos, por se verem esqeucidos pelo Governo.
 Veio a crise político-militar que culminou com o suicídio do presidente Vargas e, passados os agitos, Capanema voltou a reeleger-se deputado federal, pelo PSD, em 1954, para atuar na legislatura parlamentar coincidente com a presidência do JK e a vice do JG que ele ajudara a derrubar do ministério. 
Em 1966,  ele ingressou na ARENA e esteve cogitado, pelo general Artur da Costa e Silva, para seu o vice na sucessão presidencial. Mas foi preterido por Pedro Aleixo, um outro mineiro, proposto pelo presidente Castello Branco – castigo por ter contribuído para o AI-1 sumir com JK, um orgulho de Minas.




 





OS XERIFES DA COLINA - BELLINI-4

 
 
 O capitão Bellini já foi embora, mas deixou muitas histórias para o torcedor vascaíno jamais esquecê-lo. A primeira delas está entre a lenda e o real.
Conta-se que ele e diretores da São-Joanense, de São João da Boa Vista-SP, aproximavam-se do estádio do Palmeiras, onde negociaram o seu passe, por Cr$ 400 mil cruzeiros. Quase na porta, ouviram o  radialista Antônio Cordeiro anunciar, pelo programa “No Mundo da Bola”, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que o Vasco da Gama iria oferecer Cr$ 500 mil pelo atleta. Imediatamente, voltaram e, no dia seguinte, foram para São Januário.
O futebol de Bellini chegara ao conhecimento dos cruzmaltinos por conta de duas notícias publicadas por jornais paulistas e lidas pelo vice-presidente de futebol da Colina, Eurico Lisboa. Este o contratou, pagando-lhe Cr$ 10 mil mensais, que seriam aumentados para Cr$ 12 mil, caso ganhasse a vaga de titular – na São-Joanense, faturava Cr$ 2 mil mensais.
 
ÍDOLOS -Assim que começou a viver o Vasco, Bellini deslumbrava-se ao cruzar com Barbosa, Augusto, Ely, Danilo, Ademir e Chico, os mais famosos atletas do clube. Era 1951 e, de início, ele treinava pela lateral-direita. Até 1952, só conseguira jogar duas oportunidades, o que valeu-lhe a inscrição na galeria dos campeões cariocas da temporadas. Mas o treinador Gentil Cardoso não gostava do seu futebol.
A sorte dele foi o homem sair, após o titulo estadual, e o substituto Flávio Costa mudar o seu futuro. Lançou-o como “beque central”, como eram chamados os camisas 3 da época, com a ordem de não tocar a bola. Só chegar, decidir e espanar. Realmente, classe Bellini não tinha. Nenhuma! Mas raça e liderança lhe sobravam. Tanto que os companheiros do Vasco da Gama o apelido por "Boi". Trabalhava tão duro nas partidas, sem se queixar de nada, que mais parecia o animal ferroado nos antigos engenhos de açúcar.

 ESTOURÃO - O jeito desajeitado, bastante "desclassificado" pelos torcedores rivais, devido aos muitos estouros de bola, era a sua "marca registrada". Inclusive, fez um presidente vascaíno  dizer ao treinador Flávio Costa que não iria ao estádio, caso ele escalasse "aquele zagueiro durão que só faz despachar a bola pra frente". Ao que Flávio respondeu-lhe: "Então, prepara-se para ficar sem muito tempo sem ir ao Maracanã". 
A "Revista do Esporte" que circulou com data de 30 de julho de 1960, com o Nº 73, considerou  Bellini "o mais famoso capitão que já passou pela Seleção Brasileira". Verdade! Os seus sucessores campeões do mundo – Mauro Ramos de Oliveira, Carlos Alberto Torres, Carlos Caetano Bledorn Verri (Dunga) e Marcos Evangelista de Morais (Cafu) – não atingiram a sua mística.    

SORTE - Bellini caiu como uma luva na mão de Flávio Costa. Tornou-se o dono da sua posição e não demorou a ser  convocado – pelo treinador Jorge Vieira – para a Seleção Carioca que enfrentaria os paulistas.  Em 1957, Flávio Costa reapareceu em sua vida e o convocou para a Seleção Brasileira, como reserva de Edson (do América-RJ), para as Eliminatórias da Copa do Mundo-1958. Mas sentou-se no banco dos reservas só por dois jogos. Ganhou mais uma parada e foi campeão mundial na Suécia, como capitão do escrete nacional.

Além de ter barrado Édson, antes disso, durante 1955, Bellini já havia feito o treinador vascaíno Martim Francisco tirar a braçadeira de capitão do veterano Augusto da Costa e a entrega-la.
Mais: às vésperas do Mundial-1958, o treinador Vicente Feola ainda não tinha um capitão. Então, Nílton Santos o indicou. Bellini peitava adversários e discutia com os árbitros, sempre que visse seu time prejudicado.

BATISMO - Uma das histórias mais marcantes sobre Bellini rolou fora de campo. Envolveu o esquentado garoto Almir, que o Vasco fora buscar, no Sport Recife, ainda juvenil. Se ele não o segurasse, o garoto (fã do conterrâneo Ademir Menezes, pelo rádio), seria expulso em todos os  jogos. 
Bellini havia alugado um apartamento, em Copacabana, e os companheiros  Miguel, Écio e Delém costumavam a pintar no pedaço. De repente, Almir foi mais um. Capitão também no “ap”, ele não permitia algazarras à noite, ninguém em pé, após as 22 horas, pois teriam que treinar a partir das oito da matina, no dia seguinte.
 Entre os amigos dos jogadores vascaínos estava um frei torcedor, que vivia batendo papo com a rapaziada. Um dia, ele descobriu que Almir era pagão e chamou Bellini para armar o batismo, o que se deu na igreja de São Paulo Apóstolo, em Copacabana.
Tempos depois, Almir já era atleta do Corinthians. O time do Vasco estava concentrado, em São Paulo, para um jogo pelo Torneio Rio-São Paulo, quando o telefone do hotel tocou. Era Almir pedindo-lhe para arrumar um terno, correr para a igreja e ser o seu padrinho de casamento. 

FAMILIA - Casado, com Giselda, e pai de Carla e de Hideraldo Júnior, depois de pendurar as chuteiras, Bellini dizia que o Vasco fora tudo para ele. Sempre sonhava com Antônio Calçada (futuro presidente) chamando-o para jogar.
 Com relação à estátua à frente do Maracanã – inaugurada em 13 de novembro de 1960 –, muito dizem não ser a figura de Bellini, mas ele tinha uma versão diferente, conforme contou ao Nº 13, da Revista do Vasco, de outubro de 1986. 
Seguinte: o então presidente da CBD, João Havelange, o levou ao Catete, para ver duas estátuas – uma com a taça à altura do peito e a outra a erguendo como ele fizera, na Suécia.
 O JH perguntou-lhe qual delas preferia e a respostas foi a de que gostara mais da erguendo o troféu. "O artista (Matheus Fernandes, professor de escultura do Museu Nacional de Belas-Artes),  também gostava mais daquela e trabalhava com uma fotografia minha à suas frente", contou à mesma publicação citada acima.

COMEÇO DE HISTÓRIA - No dia 7 de junho de 1930, o time do Vasco estava concentrado para enfrentar o Botafogo, 9º rodada do 1º turno do Campeonato Carioca. Em Itapira-SP, o casal Hermínio Bellini e Carolina Levatti recebia a visita da “cegonha”, trazendo o garotão Hideraldo Luís Bellini. Um ano depois, o Vasco vencia o Bangu, por 1 x 0, pela temporada oficial carioca. Na casa dos  Bellini, apagava-se a primeira velinha de um dos nove filhos dos moradores.
 O garoto cresceu e, aos 13 anos, assim como muitos outros de sua idade, deslumbrava-se com os espelhos, máquinas, pentes, aventais brancos e demais implementos da barbearia de seu Pedro Manfredini. Era 1943 e o Vasco rumava para formar o quase imbatível “Expresso da Vitória”, a equipe montada pelo treinador uruguaio Ondino Viera, que fora um dos mais fortes do planeta, entre 1944 e 1952.
 
CABELEREIRO - Antes de bater a sua bolinha no time da Sociedade Esportiva Sanjoanense (escudo ao lado, à esquerda) o adolescente Hideraldo circulava pelas cadeiras giratórias do salão de Seu Manfredini, olhando para os vidros coloridos que ocupavam uma parede. Que inveja seus os amigos tinham dele! Principalmente, das gorjetas.
O tempo passou e o garoto Hideraldo trocou as tesouras pela bola. E de nome. Passou a ser Bellini. Veio, então, um dia muito importante em sua vida. Ele estava nervoso, as pernas tremiam, mesmo conhecia os segredos do seu ofício, pois treinava, há quatro meses, para dar conta do recado. Sabia do perigo que a sua carreira sofreria, se fracassasse.
  Bellini encarou firme e partiu, decisivo, para encarar a fera que o esperava. Concentrou-se no que iria fazer, e, nervoso, suava muito.
Depois de 60 minutos de atuação, abriu um sorriso. Aquela batalha estava ganha. Levou tapinhas nas costas e agrado no bolso. Não dormiu, de tanta felicidade.
 O que você acabou de ler não rolou no gramado de Rasunda, na Suécia, onde Bellini ergueu a Taça Jules Rimet, como campeão do mundo. Mas quando ele cortou o cabelo do seu primeiro cliente.

FAIXA NO PEITO - Em 1952, o  Vasco da Gama estava tirando dos trilhos a sua locomotiva frenética, o "Expresso da Vitória".
Ainda deu, no entanto, para ser campeão carioca, com um time envelhecido, basicamente, formando com: Barbosa, Augusto e Haroldo: Ely, Danilo e Jorge; Sabará, Alfredo, Ademir Menezes, Ipojucan e Chico.
O ainda reserva Bellini entrou em três partidas – 17.08 – Vasco 5 x 2 Madureira: 23.08 – Vasco 2 x 1 Canto do Rio; 31.08 – Vasco 5 x 2 Bonsucesso. 
A partir de 1953, ninguém tascava mais na posição de Bellini. Ele era, ainda, o líder da rapaziada, cargo que só passou adiante em 1962, quando foi para o São Paulo, após 430 usos das jaqueta cruzmaltina.
Foram 10 anos de Bellini na  Colina, onde ele colecionou os títulos de campeão dos torneios Quadrangular do Rio de Janeiro; Octogonal do Chile e Rivadávia Corrêa Meyer, em 1953; dos Campeonatos  Carioca de 1952/1956/1958; do Torneio Rio-São Paulo de 1958; dos Torneios de Paris e de Santiago do Chile, e do Troféu Teresa Herrera, em 1957.
   Pelos esquemas táticos de sua época vascaína, Bellini era obrigado a ser uma espécie de “cão pastor alemão”. Não podia atacar e nem cair para as laterais. Tinha que marcar o centroavante, geralmente, um sujeito alto e forte.
 Decidido, Bellini não tinha a vergonha de bater de bico na bola. Atuava com tanta disposição que chegou a ter o osso malar afundado e um menisco rompido.  
 
ANTIGAMENTE, zagueiro  ficava lá atrás e só tomava conta de sua área. Dificilmente, fazia gol. Bellini, porém, teve dia de comparecer ao barbante. No 1º de novembro de 1961,  uma quarta-feira, saiu do
"time do gol zero”.
A "Turma da Colina" jogava, amistosamente, no Estádio Centenário, em Montevidéu, contra o Nacional, e perdia, por 0 x 2. De repente, a bola sobrou para Bellini, que se mandou ao ataque, como não era comum.
Próximo da área uruguaia, mandou uma pancada e diminuindo o marcador. Entusiasmado com o lance inusitado, a sua turma foi à  frente e o meia Viladônega empatou: 2 x 2.

Além de Vasco e São Paulo (foto), Bellini defendeu, ainda, o Atlético-PR. Mas foi quando ainda era um cruzmaltino que fez as suas três maiores partidas, como contou à “Revista do Esporte”: Brasil 1 x 0 Peru, que valeu a classificação à Copa do Mundo-1958; Brasil 2 x 0 União Soviética e Brasil 5 x 2 França, estas duas da disputa na Suécia.       
  Na entrevista, Bellini lembrou da fama que cercava a seleção soviética (Moscou controlava uma união várias repúblicas), apontada como provável ganhadora da Taça Jules Rimet, criando um clima de muita expectativa pela partida e até influenciando jogadores mais experientes. "Atuar ao lado de Orlando (Peçanha de Carvalho, companheiro na zaga do Vasco), muito facilitou o meu trabalho, mas nessa partida estive bem, quer nas marcações, coberturas e antecipações”, considerou.
Sobre seu terceiro grande jogo, o eterno capitão da “Turma da Colina” relatou à mesma publicação: "A defesa da Seleção Brasileira passou por severo teste e foi aprovada. A França apresentou, naquela ano, uma linha de ataque, realmente, endiabrada. Conseguimos (mesmo tendo sofrido dois tentos), praticamente, anular todo o perigo que eles representaram para o nosso arco. Fui feliz, pois Fontaine (Just, o artilheiro do Mundial-58, com 13 gols, ainda não superados e que atuou bem naquele dia) não pode realizar tudo aquilo que vinha fazendo e, em grande  parte, por minha causa”. Grande Bellini!   

sexta-feira, 28 de julho de 2017

OS XERIFES DA COLINA - ORLANDO-3

 Cria do Fonseca, de Niterói, o craque Orlando Peçanha de Carvalho (era quarto zagueiro), formou dupla terrível com Hideraldo Luís Bellini, que emplacou na Seleção Brasileira campeã mundial-1958, na Suécia. Foi levado para a Colina, em 1953, pelo atacante Edmur, que já era cruzmaltino. 
Reprodução da Revista do Esporte
Nesse ponto, há uma história que parece lenda. Edmur nada teria falado ao treinador Carlos Volante e este não teria deixado Orlando treinar, por ver o seu físico aquém do que ele exigia para um zagueiro. Teria sido preciso um amigo comum de ambos pedir ao homem para dar-lhe uma chance. E, mesmo magrinho, o garoto mostrou que tinha muito veneno e foi convidado a voltar para o treino do sai seguinte. Foi campeão carioca juvenil, em 1954, e logo subiu ao time A. 
Com a altura de 1m79cm, boa altura para um zagueiro de sua época, Orlando calçava chuteiras 41 e, por jogar anto, foi levado pelo argentino Boca Juniors, em fevereiro de 1961,  por antigos Cr$ 16 milhões de cruzeiros, valor que se fosse  hoje seria uma ninharia. Tanto que, ao voltar ao  futebol brasileiro, em 1965, o Santos pagou Cr$ 99 milhões de cruzeiros (US$ 55 mil dólares) para repatriá-lo.
 PAI DE SANDRA, de Suzi e de Soraia, o craque vascaíno foi chamado, na Argentina, de “Senhor Futebol”. Mostrava que sabia tudo de bola e jogava onde fosse preciso, na defensiva. Convocado (juntamente com Bellini) para o escrete nacional, pela primeira vez, em 1956, pelo treinador Flávio Costa, Orlando dizia que ser inútil tentar fazer alguém sem pendor para empolgar a torcida, porque não via bancos escolares capazes de ensinar a matéria.
Mesmo contra “escolarizar” o futebol, Orlando era um “professor” para os novatos, aos quais recomendava evitar deixar a defesa desguarnecida, com subidas constantes ao ataque. Em agosto de 1959, sentindo não estar bem, mesmo recuperado de lesão durante o Torneio Rio-São Paulo, ele procurou o treinador Filpo Nuñez e pediu-lhe para encaminhá-lo ao time dos aspirantes (categoria extinta). Achava que seria a melhor maneira de recuperar o seu futebol e a forma física.
NASCIDO, em Niterói, em 20 de setembro de 1935, Orlando viveu até 10 de fevereiro de 2.100 e conquistou títulos importantes com a camisa cruzmaltina, como os Campeonatos Cariocas-1956 e 1958, o Torneio Rio-São Paulo-1958 (o Brasileirão da época)  e os torneios internacional de Paris e do Chile, ambos em 1957. Pela Seleção Brasileira, fez 34 jogos e ficou campeão, além do Mundial-1958, das Taças O´Higgins-1959 e do Atlântico-1960. 

A VOLTA  – Foram oito temporadas longe de São Januário. Em março de 1969, Orlando voltou à Colina para encerrar a sua carreira, iniciada por ali mesmo. Reestreou em 17 de maio, quando rolava o segundo turno do Campeonato Carioca, diante de, 28.086 pagantes que foram ao Maracanã assistir a queda do Vasco, diante do Bangu, por 2 x 1, com o seu tento marcado pelo zagueiro Brito, cobrando pênalti marcado pelo árbitro Arnaldo César Coelho. Evaristo de Macedo era o treinador e a escalação do time teve: Andrada; Fidélis, Brito, Orlando e Eberval; Alcir e Buglê; Nado, Adilson, Bianchini e Raimundinho.
 Orlando fora vascaíno antes, entre 1953 e 1961, tendo saído para defender o argentino Boca Juniors, até 1965. Campeão nacional em 1962 e em 1964, foi chamado pela imprensa portenha de “Senhor Futebol”, pela dinâmica que exibia, jogando em várias posições. Em 1965, o Santo o repatriou e ele o ajudou, no mesmo ano, a ganhar o título estadual paulista e a Taça Brasil, estas valendo vaga na Taça Libertadores. Em 1967, voltou a ser campeão paulista, tendo, na temporada anterior, representado o “Peixe” na Seleção Brasileira que fora à Copa do Mundo na Inglaterra.
 Orlando não saiu bem do Santos. Acusou o treinador Antoninho Fernandes e Zito, seu companheiro de Seleção Brasileira-1958, de terem lhe afastado do time sem explicações, quando, garantia, estava muito bem físicas e tecnicamente, embora já tivesse 33 anos de idade. 
O primeiro treino de Orlando em sua volta ao Vasco foi no estádio do Manufatura, um clube do Departamento Autônomo da Federação Carioca de Futebol. Lotou as arquibancadas da casa e entusiasmou o técnico Pinga (José Robles), ídolo da torcida vascaína na década-1950, mesma fase em que ele foi campeão dos torneios internacional Rivadávia Correa Meier-1953, no Brasil; de Paris e do Chile, ambos em 1957, e dos Estaduais-RJ de 1956 e 1958.
 O grande momento de Orlando, naquela sua primeira fase vascaína, foi reviver, com Bellini, a dupla de zaga do “Almirante” na Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo-1958, na Suécia. Foi apontado pela imprensa internacional, como o jogador mais eficiente, encarando a violência dos europeus, o que valeu-lhe o apelido de “Sarrafo Humano”, devido a disposição com que ia em cada jogada, principalmente nas bolas divididas. Ele totalizou 34 partidas canarinhas, com 25 vitórias, sete empates e só uma derrota, esta durante o Mundial-1966.

CONTRA – Orlando jogou contra o Vasco em três oportunidades. A primeira, em 14 de janeiro de 1961, quando o Boca Juniors venceu os vascaínos, por um torneio amistoso de verão, mandando 2 x 0, em La Bombonera, o seu estádio, em Buenos Aires. Ele entrou em um time contando com três brasileiros – Almir Pernambuquinho, também ex-vascaíno, Paulo Valentim, ex-botafoguense e Dino Sani, ex-são-paulino –, treinados pelo também brasileiro Vicente Feola. Era uma equipe muito forte, a começar pelo bom goleiro Ayala. Na defesa, Rico, Heredia e Benitez seguravam bem o rojão, enquanto o meio-de-campo tinha um dos maiores nomes do futebol argentino da década, Rattin. Na frente, Nardielle, Grillo e Yudica rolavam a bola legal.
 Os outros dois jogos de Orlando contra o “Almirante” já foram vestindo a camisa do Santos. O primeiro, em 1º de dezembro de 1965, no paulistano Pacaembu, abrindo as finais da Taça Brasil. Ele atuou como apoiador, formando o meio-de-campo com Lima. O “Peixe” mandou 5 x 1, com aquele ataque arrasador que alinhava Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.  Na defesa, estavam o goleiro Gilmar e o zagueiro Mauro Ramos, colegas da Copa do Mundo-1958. Além do lateral-direito Carlos Alberto Torres, que seria o capitão do tri, em 1970, e o menos votado Geraldino. Por fim, Orlando voltou a encarar o Vasco na finalíssima daquela disputa, uma semana depois, no Maracanã, em Santos 1 x 0, e ele atuando na zaga, ao lado de Mauro, que fora reserva do vascaíno Bellini, na Suécia, mas invertendo a situação, em 1962, no Chile – a escalação foi a mesma. 

quinta-feira, 27 de julho de 2017

XERIFES DA COLINA - BRITO/FONTANA-2

O técnico Zezé Moreira, em 1966, pedia e eles jogavam duro. Brito e Fontana formavam a dupla mais temida do futebol carioca, na década de 1960. De acordo com a Revista do Esporte, Da explicação para o rigor de suas atuações tinha uma explicação só: ... “venceram pela perseverança. Tiveram que lutar bastante e enfrentar muitos obstáculos” para serem titulares no Vasco.
No caso de Hércules Brito Ruas, a revista lembra que, depois de se destacar no time amador do Flexeiras, da Ilha do Governador, passou pelos times de juvenis, não pode subir para os aspirantes vascaínos, porque havia Viana barrando-lhe a vaga de zagueiro central. O jeito foi ser emprestado do Internacional, de Porto Alegre, onde Sílvio Pirillo, o primeiro a convocar Pelé para a Seleção Brasileira, era o treinador. Brito esteve emprestado, também, a um outro Inter gaúcho, o de Santa Maria, e só pode mostrar veneno na Colina depois da saída de Bellini, em 1961.
Antes da chegada de Zezé Moreira a São Januário, Brito brincava muito na área. Depois disso, o homem mudou completamente a sua forma de atuar. Nascido na ilha onde rolava a bola, em 9 de agosto de 1939, Brito deixou de enfeitar jogadas, passando a ser o que a imprensa chamava de “zagueiro enxuto”.
Fontana, quarto-zagueiro, trilhou caminho parecido com o de Brito. Tinha dois fortes concorrentes pela frente, Russo, nos aspirantes, e Barbosinha, no time A. assim, arrependia-se de não ter aceito convites do Fluminense e do São Cristóvão, pelo qual chegara a preencher ficha de inscrição como amador.
José de Anchieta Fontana, capixaba de Santa Tereza, nascido em 31 de dezembro de 1940, quando subiu, pegou uma noite brava pela frente. O Vasco vencia o Santos, pro 2 x 0, e ele sacaneava Pelé. A dois minutos do final, o “Rei do Futebol” empatou a partida, o que poderia ter liquidado a sua carreira. Mas recuperou-se, para falar muito durante as partidas, xerifar, transtornado. Reclamava dos colegas, ao mínimo, e era mestre em irritar o adversário. Fora de campo, assegura o ex-capitão vascaíno Buglê,“era um santo”, como o xará jesuíta José de Anchieta.

MATADOR - Dario José dos Santos. Carioca, nascido em 4 de março de 1949, no subúrbio de Marechal Hermes. Atacante do Atlético-MG, fazia tantos gols que foi apelidado de “Apolo Nove” (usava a camisa 9), pelo locutor Waldir Amaral, da Rádio Globo-RJ, quando o projeto espacial Apolo, da NASA-EUA, estava no auge. Medindo 1m82cm de altura, pesando 76 quilos e calçando chuteiras de número 42, sem erros, estava no padrão dos mais pesados atacantes brasileiros do seu tempo.



Imperdoável “matador” do  “Galo” alvinegro mineiro, Dario vivia dizendo não ter medo de cara feia, mesmo sabendo que não sairia ileso nas disputas de bola. No entanto, separava uma dupla de zaga. Foi o que ele declarou ao repórter (torcedor vascaíno) Elionário Valente, pelo Nº 505 da “Revista do Esporte” data de 9 de novembro de 1968.
Indagou Eliomário: “Qual o seu mais implacável marcador, Dario?” Resposta: “São dois: Brito e Fontana. Como batem bem. Até tapas no resto já levei, além de outras entradas mais violentas. Quando eu apanhava a bola e partia para a área do Vasco, temia pela minha saúde”.
OBS: Dario é o segundo maior artilheiro da história do Atlético-MG, com 211 gols – o primeiro é Reinaldo Lima. Quando defendia o Sport Recife, em 1976, marcou 10, durante os 14 x 0 sobre o Santo Amaro, suplantando Pelé, que tinha oito na conta. Por sinal, Pelé telegrafou-lhe congratulando-se pelo

2 - Se perguntassem ao zagueiro Brito qual seria a principal arma de um atleta, sem dúvidas, ele responderia: a união com os colegas. Aprendera como reserva do grande capitão vascaíno Hideraldo Luís Bellini, entre 1958, quando assinou o primeiro contrato como profissional, e 1961.
Sem chances de ser titular, – ainda havia Viana para a sua posição – Brito foi emprestado a dois xarás  gaúchos, o Internacional de Porto Alegre e o de Santa Maria. Em 1962, com a saída de Bellini, enfim, ele assumiu a vaga de titular, para se firmar como um dos maiores zagueiros que passaram por São Januário.
Brito protagonizou uma história semelhante à que vivera quando reserva: não dava vez ao bom zagueiro Caxias, que foi trocado pelo goleiro Edson Borracha, com o Fluminense (o Vasco pagou mais Cr$ 10 milhões de cruzeiros, a moeda da época). Chegou à Seleção Brasileira, para a Copa das Nações, no Brasil, em 1964 e, em 1965, provocou grande choradeira da torcida cruzmlatina, por não ser incluído entre os convocados para uma excursão dos canarinhos ao exterior. Mas não fora por queda de rendimento. A galera é que não tinha boa memória
 SEGUINTE: a Federação Carioca de Futebol adiara  Vasco x Bangu para a “Turma da Colina” enfrentar o Náutico-PE, pela Taça Brasil-1965 (classificava o campeão à Taça Libertadores) e o Vasco negociara não ter jogador seu convocado, pois almejava o título - terminou vice, com o Santos campeão. 
 Ver os fãs chorando  o seu esquecimento pelo escrete nacional já não era novidade para Brito. Fora assim, também, em 1963, quando o selecionado fizera uma outra excursão externa, faturando em cima do prestígio de bicampeão mundial. Desprezado, Brito só reclamou do esquecimento dos "meiucas" Maranhão e Lorico. “...não poderiam estar fora dessa de maneira nenhuma. São craques autênticos, dignos de, pelo menos, uma chance no período de treinamentos”, reclamou, pela “Revista do Esporte”.
 Sobre si,  Brito comentou, para a mesma publicação: “Se não me chamara é porque o meu futebol ainda não serve para os olheiros (da Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF)... ainda há muito tempo para eu mostrar que o meu futebol serve também para o escrete”.
  Brito dizia jogar a depender do adversário. “Se é leal, sei jogar com lealdade; se é duro, sei jogar duro; se é desleal, sei ser desleal”, avisava.
 Talvez, se o time vascaíno tivesse conquistado o titulo carioca-1962, Brito tivesse chegado mais cedo à Seleção Brasileira. Para ele, faltara mais experiência e sorte à rapaziada, como citava o caso da contusão do ponteiro Da Silva, à véspera do clássico com o Fluminense, pelo returno, quando o treinador Jorge Vieira tivera de mudar tudo de última hora.        

ZERO A DEZ – Campeão da I Taça Guanabara, em 1965, e do Torneio Rio-São Paulo de 1966 (título dividido com Botafogo, Santos e Corinthians), Brito teve, também, momentos nota zero na zaga cruzmaltina. Por exemplo, durante o Torneio Rio-São Paulo-1965, fez lambança em Vasco 2 x 3 Palmeiras, no Maracanã.  O goleiro Ita gritou o tradicional “deixa”, ele deixou e o camisa 1 escorregou,  facilitando o gol palmeirense. Ficou a impressão de que ele se esquivara ao combate.
Contra o mesmo Palmeiras, um ano antes, com o mesmo placar, pela mesma disputa, Brito havia sido dez.  O  Vasco perdia, por 0 x 2, no Pacaembu, e virou o placar, em um contra-ataque, a poucos minutos do final. Segundo ele, lutando “... contra a torcida, o mau tempo...e, em alguns momentos, decisões parciais do árbitro”.
 Os grande momentos de Brito com a camisa cruzmaltina começaram quando ele ainda era reserva de Bellini. Em 1957, participando de sua primeira excursão ao exterior, entrou em campo durante os últimos minutos da final do Torneio de Paris, ajudou o Vasco avencer o Real Madrid, por 4 x 3, pegando pela frente Alfredo di Stefano, considerado, então, o melhor atacante da época.
Pouco depois, Brito foi campeão da Taça Tereza Herrera, na Espanha, igualmente, entrando no segundo tempo. “Superamos todos os adversários.  O público (na capital francesa) foi atencioso conosco, não poupando aplausos após a nossa vitória sobre o Racing-FRA  (no primeiro jogo)... Durante os seis dias que passamos  em Paris (após o título), fomos cercados de atenção por parte da imprensa e dos torcedores. Sentia-me como dono do mundo, tal a alegria de te colaborado para a conquista do torneio”, disse à “Revista do Esporte”, à qual apontou, também, um outro momento nota 10, em 1962, como titular absoluto, na conquista do Torneio Pentagonal do México, decidindo com o Dukla, da antiga Tchecoeslováquia, base da seleção vice-campeã da Copa do Mundo do Chile.            

RENOVAÇÕES – Mesmo sendo ídolo da torcida vascaína,  tendo jogado pela Seleção Brasileira-1964, Brito teve dificuldades paras renovar o seu contrasto com o Vasco, no ano seguinte. Achava que valia o que pedia, por um ano de vínculo. “Hoje em dia, um jogador que atua num time como o Vasco, na condição de titular,  tem a obrigação social de andar bem vestido,  e ter uma casa de acordo com o seu prestígio”, defendia.
Só depois que Botafogo e Santos demonstraram interesse por ele, o Vasco jogou para não perdê-lo. Brito brigou por Cr$ 450 mil, entre luvas e ordenados, mas houve um componente importante no lance. Ele gostava do clube e levou em consideração o apelo para o exercício de vascaínice, partido dos cartolas de São Januário.  
Pior do que brigar por renovação de contrato, para Brito, só o susto que passou na volta, para o Rio de Janeiro, de uma viagem ao Espírito Santo, após um amistoso, em Vitória, contra o Rio Branco. O tempo estava fechado e o avião não tinha condições de descer no aeroporto do Galeão. O piloto ficou sobrevoando a cidade, até surgir uma brecha no céu. Brito só respirou quando estava no chão.    

O MELHOR DO BRASIL - “Contra fatos , não há argumentos”, disse Brito à “Revista do Esporte” Nº 520, de 22 de fevereiro de 1929.  Motivo da frase: ele afirmava ser “o bom” da sua posição no país e citava tal eleição pela crônica esportiva.
Brito chorava não ter sido convocado para os amistosos da Seleção Brasileira, contra os então alemães ocidentais e iugoslavos, e avisava: “Para as Eliminatórias (da Copa do Mundo-1970), terão que me engolir, pois sou o melhor zagueiro central do Brasil”.   
 Ele jurava não ser indisciplinado, um dos motivos citados pela não convocação, pois teria participado de um movimento, com mais quatro companheiros, por aumento de “bichos” em uma participação anterior no time canarinho. Ele garantia ter sido envolvido e segurado tudo calado, para não entregar ninguém. “Alguns que  estiveram naquela onda voltaram à Seleção (Brasileira), e eu fiquei de fora”, chorou mais, afirmando: “Foi uma grande injustiça, mas o povo compreendeu e me deu apoio”.
 Embora jurasse ter estado fora de um momento de  trepidação no escrete, Brito não esquivou-se de dar uma ”mordidinha”  no treinador Aymoré Moreira. “Acho...que ele deve ter pulso mais firme nas convocações e...também, quando der uma ordem ao jogador, deve falar com mais firmeza”.
Por aquela época, Brito era visto como um autêntico líder no grupo cruzmaltino e era muito querido, principalmente, por estar sempre aconselhando os mais jovens. Muito brincalhão, vivia sorrindo. Mas, durante os treinos, não aliviava. Para ele, “a área (onde jogava) é zona militar em tempo de guerra”.     


 

OS XERIFES DA COLINA - BRILHANTE - 1

De acordo o “Jornal dos Sports”, o verdadeiro inventor da “bicicleta”, jogada que tem vários pretensos pais e consagrou o atacante Leônidas da Silva, foi um zagueiro: Brilhante, astro do Vasco da Gama, que o buscou no Bangu, em 1924. Pode até ter sido, pois Leônidas teve a humildade de dizer que o lance não fora criação dele. 
Além de possível pai da “bicicleta”, Alfredo Brilhante da Costa teve a glória de disputar o primeiro (e único) jogo pela Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, em 1930, no Uruguai, formando dupla de zaga com o também vascaíno Luís Gervazoni, o  Itália.
Era 14 de junho, no estádio do Parque Central de Montevidéu, diante de calculadas cinco mil pagantes, quando Brasil 1 x 2 Iugoslávia foi o placar e Brilhante foi barrado para o jogo seguinte, porque o seu colega Fausto o acusou de ter jogado sem pegada forte.
 Escalada pelo treinador Píndaro de Carvalho, a defesa brasileira do dia teve Joel, Brilhante e Itália. Na então linha média,  Hermógenes, Fausto, também, vascaíno, e Fernando Giudicelli. Atacando,  Poly, Nilo, Araken, Preguinho e e Teófilo.
Reprodução de O Globo Sportivo
  Brilhante foi vascaíno até 1933. Em sua primeira temporada ficou campeão carioca, pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT), numa época em que o Estadual teve duas disputas, devido  segunda cisão entre os clubes, por conta do estatuto que permitia o voto de agremiações sem muita importância.
OS "GRANDES" revoltaram-se e criaram a Associação Metropolitana de Esportes Athéticos (AMEA), que não aceitou o Vasco, por reunir negros e brancos pobre.
Ao lado de 21 times das LMDT   – Andarahy, Bonsucesso, Carioca, Campo Grande, Confiança, Engenho de Dentro, Esperança, Everest, Fidalgo, Independência, Mackenzie, Mangueira, Metropolitano, Modesto, Olaria, Palmeiras, Progresso Ramos, River, São Paulo e Vila Isabel –,  o Vasco de Brilhante foi o campeão, tendo por base esta formação: Nélson, Leitão e Mingote; Brilhante, Claudionor e Artur; Paschoal, Torterolli, Russinho, Cecy e Negrito.
A rapaziada, treinada pelo uruguaio Ramón Platero, disputou 16 partidas, vencendo todas, tendo Brilhante atuado nas 16, o maior número, por atleta, igualado a Nelson, Artur, Pascoal e Negrito.       
Brilhante voltou a ser campeão carioca, em 1929, quando o Vasco já estava na AMEA, a temporada teve 11 disputantes e foi decidida, em uma melhor de três, contra o América. Os vascaínos somaram 15 vitórias, em 23 jogos, além de empatarem sete vezes e caírem em só uma. Marcaram 60 e sofreram 24 tentos. Brilhante participou de 21 compromissos do time que era dirigido pelo inglês Harry Welfare. 
 ANTES DE FIRMAR-SE como zagueiro, atuou pela (antiga) linha média do time vascaíno, que reunia três homens protegendo a zaga.  Nascido em 5 de novembro de 1904, no Rio de Janeiro, viveu até 8 de junho de 1980, tendo sido vascaíno entre 1924/1933. 
Em 1924, Brilhante estava no time campeão carioca, pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres – houve um outro campeonato, pela preconceituosa Associação Metropolitana de Esportes Athléticos, que reunia os “grandes” América, Botafogo, Flamengo e Fluminense.
 O Vasco, excluído da entidade, venceu os 16 jogos contra 21 times considerados “pequenos” e acusados de terem atletas com “profissão  duvidosa”. O torneio espalhou os participantes por três séries e o Vasco, vencedor do seu grupo, decidiu a disputado em um triangula final entre os dois outros ganhadores de chaves, Engenho de Dentro e Bonsucesso –Nelson, Leitão e Mingote; Brilhante Claudionor e Artur; Pascoal, Torterolli, Russinho, Cecy e Negrito foi o time-base durante o torneio que teve 22 times.




    

quarta-feira, 26 de julho de 2017

33 - FLAMALTINOS & CRUZBRO-NEGROS

É possível juntar santos e capetas? Só neste texto. Casos de Tita, sujeito muito religioso, praticante da religião mórmon, e do danadão baiano Edílson. Ambos atacantes, fizeram a alegria de torcedores flamenguistas e vascaínos. Eles encerram, hoje, esta série, que reuniu personagens que estiveram dos dois lados do balcão. Vamos lá, incluindo um outro baixinho no lance, ao final da matéria.    
A reprodução de www.netvasco mostra Tita em uma comemoração
 de gol que virou moda
 TITA - Ele marcou um gol e a comemoração virou moda: sair correndo com o rosto encoberto pela camisa.
 Aconteceu em 9 de agosto de 1987, quando o Vasco venceu o Flamengo, por 1 x 0, no Maracanã, e carregou o caneco do Estadual.
 Para muitos vascaínos, o lance começou com Romário fazendo a sua única roubada de bola. Estava no meio do campo e lançou Luiz Carlos Martins, que cruzou para o peito de Roberto Dinamite. Este fez uma atrasada legal e Tita, que vinha na corrida, finalizou, sem chances de defesa para o goleiro Zé Carlos, com a bola ainda batendo na trave.
 Antes daquilo, Tita marcara um gol que valera título ao Flamengo, pela decisão do Estadual Especial-1979, substituindo o contundido Zico, o maior nome da história rubro-negra. O lateral Toninho Baiano cruzou bola quase da intermediária, para ele, da entrada da grande área, cabecear e vencer o goleiro Emerson Leão.
Edílson em reprodução
 www.netvasco
Tita tem outros títulos importantes como rubro-negro: campeão das Taças Guanabara-1979/80/81/84; dos Estaduais-1978/79/81; dos Brasileiros-1980 e 1983; da Taça Libertadores e do Mundial Interclubes, ambos de 1981. Além de nove torneios rápidos, contar clubes estrangeiros.
 Pelo Vasco,  ganhou, também, as Taças Guanabara-1989/90; o Brasileirão-1989; a Copa Ouro-1987, nos Estados Unidos, e o Torneio Ramón de Carranza-1987, na Espanha, onde já o havia ganho, em 1979/80, pelo Flamengo.   
  Milton Queiroz da Paixão, o seu nome, é carioca, nascido em 1º de abril de 1958. Começou a carreira no time dente do leite do Flamengo, aos 12 anos de idade, em 1970. Ficou até 1985 e voltou, em 1990. Totalizou 387 jogos e 131 gols rubro-negros. Chegou à Seleção Brasileira, fez 36 jogos e seis gols canarinhos, e esteve na Copa do Mundo-1992. Com treinador, começou a carreira vascaíno, em 2000. Depois, passou por 13 clubes (três do exterior) e voltou a São Januário, em 2008.

EDÍLSON – Ele já havia passado por oito times – um capixaba; um japonês; um português e cinco paulistas –, quando chegou à Gávea, para ficar entre 200/2001. Nesta última temporada, além de campeão, foi o artilheiro da temporada, com 12 gols, e eleito o melhor jogador do Estadual-RJ. Mas prêmios de “o melhor” já não eram novidade para ele, que fora o “cara” do Brasileirão-1998, pela revista Placar (Bola de Ouro), e do Mundial de Clubes da FIFA-2000. Fazia jus ao apelido de Capetinha.
O baiano Edílson Ferreira da Silva, nascido em 17 de setembro de 1970, em Salvador, após deixar o Flamengo passou por mais dois clubes, voltou à Gávea e rubro-negrou entre 2003/2004. Voltou a sair, passou por mais três clubes e tornou-se um vascaíno, em 2006. Demorou só por aquela temporada na Colina, disputando 23 jogos e marcando cinco gols. Pelo maior rival do “Almirante”, foram 19 tentos, em 58 partidas.
Também canarinho, Edílson fez 22 jogos e deixou seis gols para a Seleção Brasileira. Foi campeão (penta) mundial, em 2002, tendo entrado em Brasil 4 x 0 China; 5 x 2 Costa Rica; 2 x 1 Inglaterra e 1 x 0 Turquia.          

MARQUINHO  CARIOCA – Era um ponteiro autêntico, jogando pelos lados do campo.  Marco Antônio Rodrigues nasceu em 8 de agosto de 1960, eme São João do Meriti, na Baixada Fluminense. Profissionalizou-se no Vasco da Gama, em 1980, e marco o gl do título estadual de 1982, com um gol de cabeça na decisão 1 x 0 Flamengo.
Sasou da Colina por desentender-se com o treinador Antônio Lopes. Foi parta o Flamengo e sagrou-se campeão estadual- 1986, como rubro-negro, nos 2 x 0 Vasco.
  

O cariocaOswaldo de Oliveira Filho, nascido em 5 de dezembro de 1950,  é um terinador sem títulos no Vasco da Gama, mas poderia ter dois  no currículo, se não tivesse brigado com o presidente do clube, Eurico Miranda. Ele havia chegado à Colina em julho de 2.000 e estava com a rapaziada classificada às finais da Copa Mercosul (atal Copa Sul-Americana).  Faltando só a decisão, ele perdeu o cargo par Joel Sanana, que foi campeão em seu lugar.
Em janeiro, Oswaldo deveria ter conquistado, também, a Copa João Hvelange, substituta do Campeonato Brasileiro, por motivos políticos, mas já reconhecida como Brasileirão. O time estava acertadinho e não teria problemas para vencer o São Cetano-SP,como o fez, por 3 x 1. E, mais uma vez em seu lugar, Joel Santana comandou a carregada do caneco.
Em 2003, Oswaldo estava no Flamengo, pelo qual teve uma segundas passagem, em 2015. Totalizou  38 comandos, com 17 vitórias, seis empates e 15 derrotas, ou 44,7% de aproveitamente.