Bonitão e bon vivant, Rey era tão bom goleiro quanto arrumador de confusões. Cria do Coritiba, este paranaense esteve vascaíno, entre 1933 a 1938, e foi campeão carioca por duas vezes: 1934/1936, herdando a camisa que fora do legendário Jaguaré (tirado da Colina pelo espanhol Barcelona). Os rolos do registrado José Fontana, nascido no 19 de março de 1912, começaram, rapídadmente.
Fora de campo, Rey adorava uma noitada no Cassino
da Urca, point de muitos artistas que
faziam a cabeça dos brasileiros durante a década-1930. Por ali, ele pegou as
cantoras Zaíra Cavalcante e Aracy de Almeida, esta aplauldidíssima e consideradas
a melhor intérprete de Noel Rosa. Rolos que terminaram, como ele admitiria,
mais tarde, prejudicando a sua carreira, que só incluiu três partidas pela
Seleção Brasileira - 24.02.1935 – Brasil 2 x 1 River Plate-ARG (amistoso); 27.12.1936
– Brasil 3 x 2 Peru (Sul-Americano); 13.01.37 – Brasil 5 x 0 Paraguai
(Sul-Americano.
Encerrada a vida nos gramados, em 1935, quando defendia paulista Bragantino, o goleiro de dois títulos pelo Vasco da Gama não tinha bolso forrado e nem mais fama. Em 1971, quando contava 56 de idade, era um solteirão nada charmoso, para quem as mulheres não olhavam mais. Não estavam interessadas em um pobretão. Sem fama, dinheiro e belas mulheres, Rey, no entanto, dedicou-se a um outro ofício: descobrir bons goleiros e encaminhá-los para os grandes clubes cariocas, paulistas e mineiros. A sua lista contou com Raul Plasman (São Paulo e Cruzeiro); Ado (Corinthians), Joel Mendes (Santos), Valdomiro e Marco Aurélio (Flamengo), Vanderlei (América-RJ) e Arlindo (Grêmio-RS). Sobre estes, Rey falou - Nº 48 de 12.02.1971 - à revista paulistana Placar:
O jovem e o velho ReyRaul
– “alto, loiro, elegante, ágil, forte...só lhe faltava...o que tratei de ensinar...
não levava o negócio muito a sério... visitava a namorada (em Curitiba) todo
final de semana...surgiu a proposta para (o São Paulo) trocá-lo por Fábio, do
Cruzeiro... desaconselhei a troca.. bem feito!... no Cruzeiro, Raul deslanchou
(foi um dos melhores do Brasil (entre as décadas-1960-a 80).
Valdomiro
– amistoso Athlético-PR x Flamengo, em 1963, em Curitiba. Rey falou para o
velho amigo Flávio Costa prestar atenção no goleiro (do Furacão). Depois do jogo, Flávio alinhavou negócio e levou o rapaz
para ser campeão carioca-1965.
Marco
Aurélio – “...boa pinta, sabia mergulhar bem...expliquei-lhe que bastava fazer
defesas arrojadas, esticando-se todo, para arrancar suspiros da plateia e ir
embora do Paraná”. Não deu outra: o Flamengo, também o levou, na década-1960.
Ado
– Rey o recomendou ao Palmeiras e ao São Paulo, que não lhe deram ouvidos. O
rapaz, então foi fazer testes no Corinthians, que não botou muita fé nele, por ser
reserva no Londrina-PR. Quando entrou no time, mesmo pouco tendo jogado, Ado foi
parar na Seleção Brasileira do tri-1970.
Arlindo – Rey tentou fazer o treinador Fleitas Solich, do Corinthians, acreditar em sua indicação. Mas quem acreditou foi o São Paulo que, no entanto, queimou a jovem promessa. Sorte do Grêmio-RS, que apostou no carinha e teve um dos melhores goleiros do país, durante a década-1960.
Vanderlei – Rey o indicou a Zezé Moreira, treinador do São Paulo, que o teve jogando junto com os astros Pablo Forlan, Jurandir, Gérso Canhotinha de Ouro, Pedro Rocha, Toninho Guerreiro e Paraná, campeões paulista-1971. Em 1973, Vanderlei viveu outra grande fase, com a camisa do América-RJ.
Rey foi bom com
bola, belas e goleiros. Mas ficou devendo: nunca indicou um grande camisa 1 ao Vasco da Gama. Fotos reproduzidas de Revista do Vasco, Esporte Ilustrado e Placar.
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