O dia: 14 de maio de 1988, um sábado à noite. O placar anotara Vasco da Gama 2 x 0 América, pela sétima roda do Estadual-RJ. Grande resultado vascaíno, deixando o Almirante a um ponto do líder Fluminense - 15 x 16 e o mesmo (7) número de vitórias - e a dois pontos de vantagem sobre p o seu maior rival, o Flamengo (15 x 13). Moçada comemorando e sucesso (evidentemente) e esperando pular pra a ponta, na rodada seguinte, vencendo o Botafogo e torcendo para o Flu cair, ou empatar, com o Fla.
Quadro perfeito para a cartolada do Vasco da Gama comemorar, descendo pescoço a dentro um bom vinho português. No entanto, não era o que
condizia com o alegre momento registrado no vestiário. Mais tarde, quando todos entraram no ônibus pra deixar o Maracanã, a rapaziada sacou mau humor da parte da chefia. Lira, ficou sem entender nada. E
comentou com o colega Josenildo, que sentava-se do seu lado e da janelinha: “Ué!
Os homens parecem não terem gostado da nossa vitória". Josenildo ouviu aquela conversa esquisita e retrucou: “Deve ser, então, a primeira vez que alguém ganha e não gosta. Tem
jacu baleado nesta história. Vamos descobir”.
Só descobriram no dia seguinte, quando o Jornal dos Sports noticiou que a diretoria do Vasco da Gama ficara indignada com público da partida (contra o Diabo Rubro), de apenas 2.888 pagantes, que deixaram no cofrinho do Maraca a miséria de Cr$ 738 mil e 700 cruzeiros. Realmente! A cartolada chiou porque a folha salaria do Almira era uma montanha de dinheiro, e esperava-se galera tirando o escorpião do bolso, pois o Almira, dentro de mais 21 dia, teria de depositar uma fortuna (salários) na conta bancária dos credores – Acácio, Paulo Roberto, Donato, Fernando, Lira, Josenildo, Geovani (Mazinho), Henrique, Vivinho, Roberto Dinamite (William) e Romário, além do treinador Sebastião Lazaroni, a formação que vencera os americanos.
Enquanto os cartolas execravam os torcedores que não prestigiaram o clube, o zagueiro Fernando sorria (pra cachorro, gato, lebre, etc), não só pela vitória, mas por ter sido o cara da partida e marcado um golão – os 34 minutos do primeiro tempo, quando desarmou um (pelo meio do gramado), passou por mais três, invadiu a área do Diabo e mandou um porradaço para o canto direito da baliza em frente – Romário fez o outro gol, aos 15 da mesma etapa. Segundo Lira, se ele tivesse vendido ingresso para aquele jogo, teria devolvido o dinheiro do comprador, por entender que a sua patota só havia trabalhado por 34 minutos, ficando "deitado na rede" pelo restante da partida.
Kapranóiz: Já que o Diabo não queria nada com o pecado, porquê, não, uma morcegadinha? Confere?
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