Carreata saudando time que cansou de perder na Europa - fotos: A Gazeta Esportiva
Em 1958, o futebol brasileiro encantara o planeta, vencendo a Copa do Mundo da Suécia. Motivo pra muita gente sonhar com o fantástico. Caso dos dirigentes do Bela Vista, de Sete Lagoas, inexpressivo representante do futebol mineiro e que foi Europa, levado pelo empresário Roberto Fauslinger, para excursão autorizada pelo Conselho Nacional de Desportos, o extinto CND - levou 16 atletas, o treinador Orlando Rodrigues e o jornalista Roberto Silveira sendo o chefe da delegação. Criado em 21 de abril de 1930, até ali, o máximo que o time sete-lagoano conseguira fora ser um dos seis classificados, entre times interioranos, em torneio envolvendo 16 equipes pretendentes a vagas na primeira divisão do futebol mineiro. Em 1987, pulou fora, deixando escrita uma das mais esquisitas histórias do futebol brazuca. Apresentado aos europeus como “o campeão brasileiro”, o Bela Vista chegou a levar bastante torcedores ao madrilenho Estádio Santiago Bernabeu, para cair ante o Real Madri, uma das equipes mais fortes do planeta, por só 1 x 2.
Muita gente na chegada a Belo Horizonte
Rola a excursão e os mineiros, que já haviam passado pela França e a Espanha, foram à Alemanha e à Suíça venceram o alemão Heider, por 1 x 0, e o suíço Lausanne, por 3 x 2. Depois, e ficaram no 1 x 1 Combinado Rotation-Locomotiv, na alemã Leipzig. Também, foram à Itália empatar, por 3 x 3 Bolonha. Dali por diante só foi vexames, com pancadões escabrosos: 4 x 0, 5 x 0, 6 x 0, 8 x 0 e até 12 x 1, o que fez o CNC e até o Ministério das Relações Exterior entrarem em ação, tentando repatriar os sete-lagoanos. Mas eles se recusaram a fazê-lo, alegando contratos a serem honrados, com o beneplácito do mesmo órgão estatal que permitira a viagem. Por aquele giro maluco, constantes de 19 derrotas, dois empates e duas vitórias, marcando só 18 gols e levando 75, o Bela Vistas faturou Cr$ 805 mil cruzeiros de cota, à média de Cr$ 35 mil por partida. Mas o vexame em nada envergonhou a sua cidade. Foi recebido com foguetório, desfile motorizado e a sua torcidas gritando o nome do clube. Ao contrário, antes, no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, representantes da Federação Mineira de Futebol e de seus filiados – só o América-MG compareceu, discretamente – não haviam dado as caras. À noite, na sede do clube, rolou coquetel para os associados e baile, no qual jogadores como Adelmar, Izaías, Gaia, Toledo, Salvatore, Edésio, Marin, Neném, Jorginho, Zico e Murilinho dançaram muito, sobretudo Gaia que, pelo início de outubro – o giro começara em 3 de agosto -, teve de assumir o comando técnico do time, devido a debandada do treinador.
Mala dos jogadores só trouxeram vexames
Confira os placares do giro: Bela Vista 1 x 3 Olympique de Marselha-FRA; 1 x 2 Real Madri-ESP; 1 x 2 Alemannia Aachen-ALE; 0 x 2 Fortuna Dusseldorf-ALE; Bela Vista 3 x 2 Lousane-SUI; 0 x 2 Vib Luebeck-ALE; Bela Vista 1 x 0 Hayde-ALE; 1 x 2 Grashoppers-SUI; Bela Vista 3 x 3 Bolonha-ITA; Bela Vista 1 x 1 Leipzig-ALE; 1 x 4 Tênis Borussia-ALE; 1 x 2 Alianceu-DIN; 3 x 5 Holstein-ALE; 1 x 3 Werder Bremem-ALE; 0 x 1 Concórdia Hamburgo-ALE; 0 x 2 Braunschweig-ALE; 0 x 6 Blaw-Wittamsterdan-HOL; 0 x 5 Birminghan-ING; 1 x 12 Newcastle-ING; 0 x 4 Midlesbrough-ING; 0 x 4 Sheffield-ING; 0 x 4 Lutton Town-ING; 1 x 3 Tottenham Hotspur-ING
Nenhum comentário:
Postar um comentário