Vasco

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sábado, 21 de setembro de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - O OUTRO LADO DA PAUTA DE UM REPÓRTER EM BRASÍLIA

Ministério da Justiça, onde encontrava-se seres humanos parecendo chaminés 
No dia 19 de agosto de 1999, sendo repórter da Rádio Nacional de Brasília, fui pautado para cobrir reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoas Humana, órgão do Ministério da Justiça. 
Na mesma pauta, havia, ainda, a posse do novo Secretário Nacional de Segurança Pública, do qual não lembro mais do nome.
Jamais me senti tão mal, como naquele ambiente, cercado por velhos carecas, com pele parecendo pele amassado e não parando de  tossir. 
Nada tenho contra os velhos, pois até pretendo ser de sua turma, futuramente. Só que estes deveriam, após os 65 de idade, proponho, abrir espaços para os jovens no mercado de trabalho em órgãos públicos.
 Durante aquela pauta, não vi um jovem pelo recinto. O mais antipático, porém, era a puxação de saco. Agentes de segurança babaricavam delegados de polícia; advogados faziam gracinhas para conselheiros; estes para o ministro e, por ali, rolavam as ridiculices. 
 Antes de fazer a cobertura jornalística de órgãos governamentais, eu havia passado pela reportagem esportiva. Convivia com atletas saudáveis, sem o hábito do fumo e a consequente tosse mais desagradável ainda.
 Saí do Ministério da Justiça deprimido pela babação de ovo, em cima dos superiores, da parte dos protagonistas do evento, bem como pela audição da linguagem policialesca e do juridiquês que só pendia para o lado da punição.
 Aquela, realmente, não era a minha praia. Fiquei com o astral mais pra baixo do que o buraco mais pra baixo do mais profundo abismo.   
Parque Nacional da Água Mineral, em Brasília, uma graça da natureza

Por volta das 15 horas, encerradas as minhas tarefas na Rádio Nacional, segui para o Jornal de Brasília, onde eu trabalhava, também.
 Só de ler a minha pauta, viver a natureza no Parque Nacional da Água Mineral, já me senti melhor. Iria cobrir o lançamento de projeto do governo distrital, oferecendo natação para mulheres grávidas. 
 Coincidentemente, o time do Gama estava no local, fazendo trabalhos de recuperação física em piscina. Aproveitei e fiz duas matérias. Vendo jovens fortes, saudáveis, correndo, saltando, longe de fumaça de cigarros e de tosses infindáveis, recuperei o meu astral, com a colaboração, também, de simpáticas gordinhas à espera de mais um brasileirinho.
 Com eles e com elas, consegui respostas para todas as minhas perguntas. Diferente do que eu vivera pela manhã, quando indagara ao ministro da Justiça – acho que era José Dias – sobre a absolvição de comandantes militares acusados de participação no Chacina de Carajás – matança de trabalhadores no Pará – e ele se negara a responder à rádio do Governo, alegando que o exercício do cargo e a sua ética profissional – era advogado – não lhe permitiam comentar decisões da Justiça.
Se o ministro da Justiça não podia comentar decisões da Justiça sobre fato que deixara o país e o planeta perplexos, quem poderia?
- Nem como cidadão, o senhor pode comentar? – indaguei.
- Eu não divido ao meio – respondeu.
Hora depois, os jogadores do Gama não tiveram nenhuma vergonha de explicar os muitos erros cometidos na partida da véspera, contra o Santos, quando fizeram muitos torcedores sair de casa, voltar quase à meia-noite, gastar dinheiro indo ao estádio e ver 0 x 0 no placar. Abriram os seus deméritos para quem pagou para ter decepção.                   
 Ainda bem que ministro não lota estádio!

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