Vasco

Vasco

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

O REPÓR'TIM' E O ALMIRANTE 'VASKIM'

 Um dos maiores repórteres investigativos das últimas décadas na imprensa carioca, Tim Lopes foi assassinado, barbaramente, em 2 de junho de 2002, pelo traficante Elias 'Maluco", que o golpeou com uma espada, quando investigava o tema para uma reportagem da TV Globo, da qual era produtor, desde 1996. Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, o seu nome verdadeiro, nascera gaúcho, em 18 de novembro de 1950 e, quando o Vasco conquistou a Taça Guanabara-1986, ele escreveu este artigo para um jornal do grupo:  

Reprodução de www.jornalismojunior. Agradecimento
Por Tim Lopes
"Foi uma festa vascaína. Às 19h45, quando o Maracanã apagava seus refletores, o herói e artilheiro da Taça Guanabara descia as escadas para o vestiário suado e cansado, mas feliz. Ele sabia que estava começando ali uma nova era para a equipe de São Januário, a sua era, a era Romário.
Depois de habitar por mais de 17 anos os apaixonados corações dos torcedores vascaínos, o veterano ídolo Roberto Dinamite começa a dividir as luzes da ribalta com seu pequeno sucessor. Romário, 20 anos, mereceu os dois gols que marcou contra o Flamengo, aos 5 e aos 45 minutos do segundo tempo, que deram o título da Taça Guanabara ao Vasco e o colocaram na frente do eterno Roberto na artilharia do campeonato. Agora, Romário tem 12 gols e Roberto 11, o que deixa o Vasco com os dois primeiros goleadores e o ataque mais positivo: 29 gols.
 
O GRITO SELVAGEM da galera contagiava os jogadores. Afinal, o Maracanã teve público e renda recordes da temporada: 3 377 325 cruzados e 121 093 pagantes. Para ajudar o Vasco, a Mancha Verde, torcida do Palmeiras, também compareceu, o que aumentou a ira rubro-negra. Eram cânticos de guerra, batalha de bandeiras e muito carnaval, tudo misturado. Na arquibancada, parte da bateria da Escola de Samba Império Serrano empurrava o Vasco em campo. O tradicional "Casaca, casaca, zaca, zaca, zaca.../A turma é boa, é mesmo da fuzarca..." se misturava com o refrão do samba-enredo mais popular do carnaval: "Me dá, me dá, me dá o que é meu / Foram oito anos (tempo em que o Vasco ficou sem o título da Taça Guanabara) que alguém comeu..." 
O jovem Romário,
reproduzido da revistas Ela&Ela
"Nunca perdi uma decisão para o Flamengo", dizia Romário confiante, ao acordar, domingo, na concentração do clube. Em sua curta carreira, iniciada num time de bairro, o Estrelinha, Romário de Souza Faria sempre foi artilheiro e nunca tremeu diante do Flamengo. Foi campeão juvenil, de juniores e, agora, no profissional, sempre sobre o Flamengo. "Voltei a provar que não faço gol só em time pequeno. Meti logo dois no Flamengo que é para calar a boca de muita gente", desabafava.
 O TÃO SONHADO título vascaíno continuou a ser comemorado, pela quente noite carioca, por dirigentes e jogadores. Boa parte do grupo foi para uma churrascaria em Copacabana, mas o artilheiro Romário preferiu refugiar-se na casa dos pais, no modesto bairro de Vila da Penha. Lá, ele esqueceu a injustiça do corte da seleção de juniores que foi a Moscou e conquistou o bicampeonato mundial. E sonhou em ser, para o Vasco, o que Roberto, o velho Bob Dinamite, representa hoje. Um ídolo e craque inesquecível".

FICHA TÉCNICA -  20.04.1986 – VASCO 2 x 0 FLAMENGO. Estádio: Maracanã-RJ. Juiz: Luís Carlos Félix. Renda: Cr$ 3 milhões, 377 mil, 325  cruzeiros. Público: 121 093. Gols: Romário, aos 5 e aos 45 min do 2º tempo. VASACO: Paulo Sérgio; Paulo Roberto “Gaúcho”, Donato, Fernando e Lira; Mazinho, Gersinho (Geovani) e Josenílton; Mauricinho, Roberto e Romário. Técnico: Antônio Lopes. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário