Vasco

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sábado, 7 de setembro de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - SABINADA, OU QUANDO A BAHIA PULOU FORA DO BRASIL

Reprodução de Biblioteca Virtual Consuelo Pondé 

Se os brasileiros plagiaram o himno nacional e a principal pintura das nossas artes plástica - O Grito do Ipiranaga -, porque não fariam, também, uma revolução armada supermuitoloquíssiuma?  
Acontece na Bahia – só podia ser! Mais precisamente, em 7 de novembro de 1887, quando a  patota do doidão Sabino Francisco Álvares da Rocha Vieira,  médico e editor de jornais de oposição, desafiou a Regência Imperial (1834 a 1940) e tocou fogo, literalmente, na Bahia, dando uma do imperador romano Nero que, assim como  ele, era um taradão.
 Por qela época, o Império brasileiro já andava às voltas com revoluções maiores e mais sérias, como a Cabanagem, no Pará, e a Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Na Bahia, a turma da Sabinaa falava muito, malucava mais ainda e fazia pouco de útil para o seu projeto. Mas enchia o saco da Regência.
Sabino , reproduzido de www.todamatéria.com.br
 Os perrepes começaram em maio daquele 1837, quando o presidente da Província da Bahia, Souza Paraizo, vendo um inferno rondando o pedaço, fuxicou à Regência, no Rio de Janeiro. Disse ser coisa igual a 1832, quando rebeldes baianos se viam oprimidos pelo comando da Província e o que chamavam de “ruinoso Governo do Rio de Janeiro”, que aumentara o carreamento de recursos para a Corte. Além de quererem ver queimando no inferno os filhos da putas dos portugueses com os seus sequazes. Por tanto, desejavam federalizar a terra. E o pau quebrou, cinco temporadas depois.
 Era noite de 6 de novembro, quando a evolução surrealista  arrebentou. Já rolavam aprontações depois de 10 de setembro, quando o líder farroupilha gaúcho Bento Gonçãlves - preso, desde junho,  em um forte de Salvador -, fugiu a nada e foi recolhido, em um barco, pelos seus colegas de maçonaria. Por ali, ele prestou assessoria revolucionaria à patota baiana, segundo denúncias do Chefe de Polícia, Francisco Gonçalvaes Martins, no que  não o desmente o historiador gaúcho Walter Spalding.
 Vendo que o doidão Sabino havia feito a cabeça de civis e militares, Souza Paraízo e Gonaçalves Martins deram no pé, fugindo, de saveiro, para o Recôncavo, região com cidades próximas de Salvador. Quando o sol raiava, no 7 de novembro, a Sabinada abriu a Câmara Municipal de Salvador, lavrou uma ata, assinada por 104 chegados, em sessão presidida pelo vereador Luís de Souza Gomes, e depois das sessão, a Bahia já não era mais Brasil, tornando-se província independente.
Reprodução de www.juarezribeiroa.blogspot.com - Agradecimento
 Independente? Nem tanto. A surreal Sabinada decidiu que a Bahia só se separaria do Império até a maioridade de Dom Pedro II, que se daria em 2 de dezembro de 1843. Em 11 ne novembro daquele complicado 1837 baiano, assinou declaração de fidelidade a Pedro II, o que significava o nascento Estado começar marcando a data para terminar. Não poderia mesmo ser coisa séria. Tanto que, ao levar em conta que o presidente da Província abandonara o cargo e fugira, nomeou-se um presidente interino, João Carneiro da Silva Rego – já indicado  vice-presidente da Bahia independente, por Sabino, enquanto ele, líder mais líder do que nunca, preferia ser Secretário de Governo.
 Se a Bahia não era mais Brasil, teria que ter, obviamente, o seu Ministério, pois sim?  E a Sabinada o criou seis, pelos inícios da segunda quinzena de janeiro de 1838, com o líder Sabino sendo ministro do Interior e, interinamente, dos Estangeiros – as demais pastas foram de Marinha, Negócios da Guerra, Justiça, e Fazenda.
Grupo formado, quem não se enstusiasmou muito com o que rolou foi o ministro da Marinha, Manel Pedro de Freitas Guimarães. Por ver-se comandando uma Marinha fantasma, possuindo só duas embarcações e nenhuma tripulação, ele pulou fora do barco.
Mas a sua patota fizera coisa pior: confiscou terras na Ilha de Itaparica, onde nunca pisara os pés. Como chegar lá sem barcos tripulados por marinheiros e guerreiros?
 Um dia, aquela maluquice teria de terminar. O Império decretou bloqueio naval sobre Salvador e quase matou o povo de fome. As lutas rolaram até a noite de 14 de março de 1838, quando os legalistas acusaram  a Sabinada derrota de incendiar Salvador.  Na tarde do dia 15,  eles capitularam.
Um dos bons estudos sobre a ação que pretendia
mudar o destino político da Bahia
E o que aconteceu com o doidão do Francisco Álvares  da Rocha Vieira que, em 1823  - data, para os baianos, da verdadeira independência do Brasil – lutara pela expulsão dos portugueses da Bahia, do lado do Império? Foi condenado a ter uma corda apertando o seu pescoço.
Enquanto esperava pior isso, Sabino recorria à Justiça, preso em lugares infames, desumanos, como porão de navio e em onde nem conseguia ficar interinamente de pé. Aprontou bagunças em todas as prisões, mas, no dia em que o Imperador chegou à maioridade, ele foi anistiado, como todos os outros presos que haviam participado da Sabinada.
No entanto, banido para os confins de Goiás, em março de 1841, arrumou mais bagunças por lá. Tornou-se opositor ao governo do Estado e foi expulso, par Mato Grosso, ondem, igualmente, aprontou. O taradão pegou várias mulheres e fez-lhe vários filhos. De tão tarado que era, na Bahia, a sua esposa surpreende-o transando com um negro, em uma rede, motivo pelo qual ela a matou à facada – já havia matado, também, um desafeto.
Sabino foi preso, na Bahia, em 22 de março de 1832, escondido em um armário da casa do cônsul francês - enfim, saiu do armário. Mas foi escondido em uma fazenda mato-grossense, tempos depois, que que entregou a sua inquieta alma a Deus – ou ao diabo.                


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