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quarta-feira, 4 de março de 2020

HISTÓRIAS DO KIKE - APELIDOS FEIAÇOS

             Artilheiros com apelidos horríveis, mas que faziam gols muito bonitos

                                  

 Pela primeira metade da década-1970, um atacante começou a fazer a alegria da Ferroviária de Araraquara-SP. Tinha o esquisito apelido de Maritaca, que a maioria dos torcedores nem sabia do que se tratava – ave da família dos psitacídeos, menor do que um papagaio. Assim como os papagaios, o cara “fazia muito barulho” em campo, considerava a torcida que o viu até aplicando chapéu sobre o “Rei Pelé”.

 Este atleta gostou tanto do seu apelido que até tirou uma outra carteira de identidade como Wilson Maritaca de Almeida. Jogava com a camisa 8 e começou a virar ídolo no 21 de dezembro de 1966, em dia de estádio (do Pacaembu) coberto por muito chuva, quando marcou o gol de Ferroviária de Araraquara 1x 0 XV de Piracicaba, que abriu caminho para o “tricampeonato do interior-1967/1968/1969, como eram, simbolicamente, considerados os melhores times interioranos que disputavam o Paulistão, antigamente.

 Nascido no dia 17 de outubro de 1948, em Casa Branca-SP, onde foi registrado e batizado por Wilson de Almeida, ele foi contratado, pelo Corinthians em 1974, mas não deu sorte no “Timão”. Enfrentou  muitas contusões, não conseguiu atuar mais de dez vezes e só marcou um gol - contra o Juventus-SP, em 16 de outubro de 1974,  no estádio do Parque São Jorge, com vitória corintiana por 2 x 1.


                        Reprodução de https://casabranca.portaldacidade.com

                                           Maritaca (E) chapelou o "Rei Pelé"


A história do chapéu no “Rei” aconteceu no estádio da Fonte Luminosa, em Araraquara, e Maritaca conta que foi sem querer. Segundo ele o goleiro da “Ferro” lançou-lhe a bola, ele tentou dominá-la no peito, a redonda escapou-lhe e encobriu o Pelé, levando a sua torcida a aplaudí-lo, de pé – ele jogou, também, por Botafogo de Ribeirão Preto e XV de Piracicaba, onde encerrou sua carreira, em 1976.

 Quase ao mesmo tempo em que Maritaca pendurava as chuteiras, surgia um outro ídolo de torcida interiorana no futebol paulista, no São Bento de Sorocaba. Tinha nome curto - Ademir Moraes -, mas o apelido que lhe arrumaram era um terror: Titica. Quando garoto ingênuo, pensava tratar-se do nome de algum passarinho, mas quando ficou sabendo que lhe chamavam pelo que “o passarinho joga fora” não tinha mais jeito. A torcida do São Bento já enchia o peito e gritava o seu apelido quando ele marcava um gol.

Nascido em Sorocaba-SP, em dia 23 de março de 1955, o Titica começou a carreira, em 1975, no mesmo clube alviazul sorocabano, o qual defendeu até 1977. Entre 1976/1977 defendeu a Seleção Paulista de Novos, excursionou ao exterior e impressionou torcidas asiática com dribles desconcertantes, velocidade e habilidade. Precisando de um “matador” em 1978 o Náutico-PE o levou. Entrava em campo sempre com uma das partes da camisa fora do calção e com uma meia abaixada. Quando viu o dinheiro permitindo-lhe fazer o que quisesse, descambou para as mulheradas e as bebedeiras. Terminou sendo mandado embora do clube.

Titica reproduzido de https://www2.jornalcruzeiro.com.br - agradecimento 

 

Em seu auge, Titica não fugia da disputa com os “becões assassinos”. Dizia que bastava só ter agilidade e inteligência par demonta-los. E detestava encarar zagueiros técnicos, inteligentes, que dificultavam-lhe ganhar um lance, caso de Oscar do São Paulo, como o elogiava. Em 1982, Titica ainda fez sucesso no ataque do Palmeiras de São João da Boa Vista-SP, formando dupla de frente com Mirandinha e sendo campeão paulista da Série B-1979, marcando 20 gols – Mirandinha fez 21.

 Por falar em Palmeiras, o original, o da capital paulista, com a sua camisa despontou, também, um artilheiro na década-1980. Mais precisamente, entre 1987 a 1988, quando disputou 30 partidas e marcou apenas quatro gols. Por balançar pouco as redes, ele tornou-se um dos culpados pela ausências de títulos estaduais, que vinha desde 1976 – jejum terminado em 1993 – e foi mandado embora pelo Verdão. Sorte a dele, pouco depois, tornou-se um assombro para as defesas que encaravam o Náutico-PE.

Em Recife, o goleador Bizu virou-se ídolo da sua torcida, fama crescida quando decidiu o título estadual contra o rival Santa Cruz e marcou o gol que valeu o caneco, nos últimos minutos da terceira partida da decisão e, também, vaga na Série A do Campeonato Brasileiro. Com a camisa alvirrubra, foi vice-artilheiro do Brasil, em 1989 e 1990, e artilheiro do Campeonato Pernambucano-1989, com 31 gols. Em 1990, foi o artilheiro da Copa do Brasil, marcando sete tentos. Mesmo com tão grande identificação com a torcida do Náutico, em 1993 defendeu o rival Sport Recife.

Bizu reproduzido de www.ocuriosodofutebol.com.br

Nascido em São Vicente-SP, em  18 de junho de 1960, o cidão registrado por Cláudio Tavares Gonçalves teve três passagens pelo Náutico, totalizando 179 partidas e marcando 114 gols, que o fizeram de sexto maior artilheiro da história do clube. Embora seja paulista, Bizu começou a careira pelo time paranaense do Cascavel, pelo final da década-1970. Além de Palmeiras, Náutico e Sport-PE, ele passou, também, por Blumenau-SC, Bangu-RJ, Avaí-SC, Novo Hamburgo-RS, Caxias-RS, Grêmio-RS, CSA-AL e Ceará-CE. Logo, foi, também, um cigano do futebol.

Desses três jogadores que fizeram a festa de suas torcidas, as últimas notícias dele dizem que Maritaca vive em Casa Branca-SP e trabalha no ramo de confecções de malhas; que Titica estava internado no Hospital Psiquiátrico Jardim das Acácias, em Sorocaba, com alteração no sistema nervoso periférico, com dificuldade para falar e caminhar, e que Bizu trabalhava como agente de saúde pública em São Leopoldo-RS.

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