VENENO DO ESCORPIÃO - SEXO EM TEMPO DE CORONAVIRUS E DE HENRIQUE OITAVO

Rei Henrique VIII reproduzido de www.escola.britanica.com

  O apelido dele - posto por um amigo professor de História -, era Henrique Oitavo. Não que ele fosse tão tarado, insaciável, quanto o Rei que mandou na Inglaterra, entre 1509 a 1547. Simplesmente, porque as mulheres achavam que ele era o cara. Isso, desde os seus tempos de garoto.

 Que jeito! Se as coleguinhas escolares não lhe deixavam em paz, o jeito era ele reencarnar o segundo monarca inglês da Dinastia Tudor e levar, uma por uma, ao pé da felicidade. 
Fisicamente, ele nada tinha a ver com o Henricão, sujeito com mau caráter  maior do que seu 1m88cm de altura. E nem era gordo como o tal que, após vadiar com todas as disponíveis do reino, principalmente as virgens, ainda ia tirar o fôlego da rainha, com a derradeirinha da noite.
 Por sinal, matou duas -Ana Bolena e Catarina Howard -, para ir atrás de outras perseguidas - Catarina de Aragão, Jona Seymour, Ana de Cleves e Catarina Parr tiveram mais sorte e saíram vivas de sua cama.  

 O nosso carinha em questão foi passando pela adolescência como sério concorrente do monarca, ao qual se atribuía ter visitado a intimidade de metade das perseguidas do seu reinos, além das suas seis esposas. Seria até muito provável que ele já o tivesse ultrapassado, pois, a partir dos 15 de idade, quando a primeira coleguinha de escola se abriu e ele cravou, jamais deixou de atender a duas, três danadinhas, semanalmente. Como já estava com 18, se não tivesse escamoteado em algumas ocasiões, já teria ultrapassado o paralelo 500.

 Durante aquela sua fase dos 18, ele só passou por uma baixa  em suas gavionices quando prestou o serviço militar, pois não tinha tempo disponível para as suas devoradoras. Ao dar baixa da turma verde oliva, voltou à ativa, cada vez mais requisitado por elas. 

Ana Bolena reproduzida de www. wikipedia

Aos 20, calculava ter penetrado na perigosa-900, a de uma bancária – de comerciárias a estagiárias, passando médicas, advogadas, engenheiras, arquitetas, biólogas marinhas, astrofísicas e bioquímicas, não havia classe que ele não lhe convidasse a fazer uma visitinha.

Um dia, o nosso herói se deu mal. Quer dizer: parcialmente mal, pois o mal virou bem, no futuro. Aconteceu quando uma tremenda pandemia mundial, provocada pelo coronavírus, deixou o povão em quarentena, preso em casa, fazendo com que as taradinha subissem pelas paredes. Caso de três amigas dele que dividiam um ap e apelaram para o seu help -  estavam sem namorados.  

Sem problemas! O campeão foi lá e krau! Resolveu o problema das chegadas. Dias depois, uma delas queria mais, mas ressaltando precisar fazer uma caminhada antes, pois era atleta maratonista e estava ficando enferrujada. Fizeram, então, um puxado rolé pela Avenida das Nações, espaço muito verdejante, superventilado e pouco trafegado por gente. 

O novo Henrique Oitavo,em
desenho por Ayres 

 Por menos provável que pudesse acontecer, eles cruzaram com um sujeito saindo de uma embaixada, e ela quase trupica com o tal, que tossiu sobre seu rosto.  Dias depois, a moça começou a sentir dor de cabeça, febre, falta de ar e a apresentar tosse seca. O tal da tosse havia lhe passado o coronavírus. Mas ela nem se lembrou do fato. Acusou o amigo de lhe ter feito o mal. E o denunciou à polícia.

 Preso e colocado em uma solitária, de 3 x 2 metros, o rapaz passou 14 dias infernais naquela situação. O seu retrato saiu em todos os  jornais impressos e de TV, como sendo o inimigo público número um. Foi execrado e a policia precisou reforçar o seu efetivo em frente ao local onde ele se encontrava enjaulado, para não haver linchamento.

No meio de tudo aquilo, as autoridades haviam cometido o grande erro de prende-lo, expô-lo à imprensa, sem submetê-lo a nenhum exame médico. Só quando ele saiu do cubículo o fizeram. E os exames revelaram-se negativos.

 Libertado, ele não quis processar à amiga traíra e nem o Governo de Brasília.

- Bobagem! Fui preso só comer uma aranha. Eu, eu não sabia que era crime ecológico  -  falou, quando acossado pelos jornalistas.

 Passada a crise, viralidade controlada, tempos depois, veio a corrida eleitoral pelo governo brasiliense. Assediado por vários partidos políticos, ele aceitou encarar uma legenda. 
O povo o queria, agora bem informado e revoltado pelo tratamento que recebera das autoridades que o haviam encarcerado em condições que só animais irracionais suportavam.

 O campão de sexo foi avassalador, também, nas urnas. Mandou avisar que o pleito estava liquidado, no primeiro turno, quando obtivera 99% dos sufrágios.

 Eleito governador de Brasília, o Apolo das coleguinhas de colégio e de todas as mulheres brasilienses foi empossado. Surpreendentemente, tempinho depois, licenciou-se do cargo. Não tinha tempo para governar. Só para tentar bater o recorde de Henrique VIII.

DESENHO: criação Gustavo Mariani. Arte: Simperson (lápis) e Renato Aparecida (computador).