Conta-se que quando o técnico Elba de Pádua Lima, o Tim, fora convidado a dirigir o time como qual o Vasco da Gama disputaria o Campeonato Carioca-1970 vários amigos lhe aconselharam a não topar, dizendo que ele só disputaria o quarto, quinto lugar, todos considerando o time do Almirante um terror. Alguns até lhe diziam que ele teria muito mais prazer cozinhando as suas peixadas para os atletas, do que comemorando vitórias. No entanto, ele topou o desafio de acabar com o jejum, de 12 temporadas sem o título estadual.
Veio o primeiro turno do Estadual
e o Vasco ficou naquela de ganhar apertado de times pequenos – 2 x 1
Bonsucesso; 2 x 1 Madureira; 1 x 0 São Cristóvão; 1 x 0 Olaria e até 0 x 0
Campo Grande, além de 1 x 3 América, que já andava na curva descendente rumo ao
seu apequenamento. Quando nada,
empatara com dois grandes – 1 x 1
Fluminense e 0 x 0 Botafogo – e vencera o Flamengo – 1 x 0 -, o que fora considerado
zebra. No returno, a moçada do Tim
seguiu vencendo os lebréias - 3 x 1 Olaria; 2 x 0 Madureira; 3 x 2 América
e goleou o Campo Grande – 4 x 0. Surpreendentemente, mandou 2 x 1 Botafogo, de
Jairzinho, Paulo César Caju, Roberto Miranda e Zequinha, todos jogadores da
Seleção Brasileira e rezebrou 1 x 0 Flamengo. Por ali, os amigos de Tim (precisava de inimigos pra quê?) que o
desaconselhavam treinar o Vasco, já mandavam
tapinhas em suas costas.
Conta Sérgio Cabral em sua coluna
–Abrindo o Jogo – da revista Placar – Nº 592, de 18.09.1981 – que o
grande dilema do Tim naquela campanha fora convencer o estabanado centroavante Valfrido
(Campos Filho) a cair para a esquerda, quando o volante Alcir (Portela)
estivesse com bola dominada, saindo para o ataque. Deveria entrar no espaço
aberto pela saída do centroavante grandalhão, apelidado por “Espanador da Lua”. Valfrido resistia obedecê-lo,
durante os treinamentos, alegando que o companheiro não lhe faria um passe,
pois estava entre os que o consideravam “grosso”.
Ao que Tim disse-lhe: “O Alcir é meu amigo e me garantiu que vai lhe passar a
bola”.
Com aquela variação tática, Valfrido marcou cinco e Alcir dois gols na campanha de 18 jogos, com 13 vitórias, três empates e só duas quedas – 1 x 3 América e 0 x 2 Fluminense, esta na última rodada, quando o time recebeu as faixas de campeão e não precisavas mais vencer. Alcir jogou todas as 18 partidas e Valfrido 17.
Segundo o mesmo Sérgio Cabral,
pela mesma coluna da revista paulistana, a diretoria vascaína cobrava do Tim a
assinatura de contrato, mas ele teria passado todo o campeonato sem assinar,
alegando que as letras eram muito miúdas e ele, ainda, não tinha comprado os novos
óculos lhe receitados pelo seu oftalmologista.
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