Vasco

Vasco

segunda-feira, 26 de junho de 2023

DULCE, UMA LINDA ROSA NA COLINA-2

Dulce (C) topou organizar a torcida e Martim prometeu o título

Em 1956, o Vasco da Gama tinha torcida uniformizada, mas não organizada. Entre os participantes ativos estavam Dulce Rosalina, Domingos Ramalho, Tião, Zé Fonseca, Madame Bastos, Idalina, Teresinha, Aída, Marina, Hilda,  Marlene, Conceição, Ermelinda e Norma Uchoa, principalmente.  
Aquela turma empurrara, tremendamente, o time, na vitória (2 x 1) sobre o Flamengo, na tarde do domingo 18 de março, deixando o treinador Martim Francisco deslumbrado com a força que saía das arquibancadas. Ele era, ainda, treinador do América, que levara ao título do terceiro turno do Campeonato Carioca, na véspera. Mas, como andava brigado com o “Diabo” e já estava enfeitiçado pelo Almirante, no dia seguinte, compareceu ao vestiário vascaíno, após os 2 x 1 Flamengo. 
Depois da partida, Erasmo Porto apresentou Dulce Rosalina a Martim Francisco, que pediu-lhe: “Organizem a torcida, que eu darei o campeonato ao Vasco”. 
Dois dias depois, Marim Francisco mandava o Diabo  (apelido do América) pro inferno e seria anunciado como treinador da Turma da Colina” substituindo Flávio Costa.  Tão empolgada quanto ele, a patota levou a sugestão a sério e, rapidamente, se estruturou. Entre outros cargos, Fonseca ficou tesoureiro; Idalina vice-presidente; Madame Bastos diretora social e Ramalho sendo uma espécie de maestro, mandando clarinadas em um canudo de mamona. Do lado da diretoria, João Silva era um colaborador. E, assim, pelo incentivo do treinador, surgiu a primeira mulher brasileira chefiar uma torcida de clube de futebol, Dulce Rosalina, quei ficou sendo considerada a torcedora-símbolo do Vasco da Gama.
 Antes de Dulce, um torcedor apelidado pro Margarida era quem liderava  galera. Mas ele andava triste, pela perda do pai, e afastou-se do ofício. Foi então que outros torcedores, como Tião e Ramalho, e até o presidente vascaíno, Arthur Pires, convocaram Dulce para suceder o tristonho. Naquele mesmo 1956, ela passou a dirigir a Torcida Organizada do Vasco e criou concurso de baterias e lançamento de papel picado à entrada do time no gramado. Martim Francisco recebia aquilo como um grande incentivo à equipe, que tinha no zagueiro  e capitão Hideraldo Luiz Bellini o atleta mais admirado pela galera. “Foi o ídolo que deixou mais saudade”, declarou Dulce à Revista do Esporte.
 O apoio da torcida organizada a Martim Francisco cresceu após vitória, comvirfadas de placar - Vasco 3 x 2 Fluminense -, após os tricolores fazerem 2 x 0, no primeiro tempo. “Foi o jogo mais emocionante que assisti”, contou Dulce Rosaslina à  revista Manchete Esportiva, sobre aquele clássico - Livinho (2) e Valter Marciano bateram na rede. 
Pelos inícios da década-1960, Dulce Rosalina foi eleita  “maior torcedora  brasileira”,  pela Revista do Esporte, a então única semanária esportiva de circulação nacional. Em 1977,  por conta de divergências políticas, deixou a Torcida Organizada do Vasco e criou a Renovascão. Em um dos episódios mais conhecidos da sua história de torcedora-símbolo, ela foi detida à entrada do Maracanã, por caregar papel picado. Chamou os policiais por “flamenguistas" e piorou as coisas. Quando o time vascaíno ficou sabendo do problema, decidiu só entrar em campo se Dulce fosse solta – soltaram-na e, só assim, a bola rolou.
Dulce Rosalina viveu até 2004. Em homenagem ao seu amor pelo Vasco da Gama, a Prefeitura do Rio de Janeiro emplacou rua com o seu nome, no bairro de São Cristóvão, perto do estádio vascaíno, entre as ruas  de São Januário/Almério de Moura. Ele foi homenageada, também, pelo lançamento de uma boneca, por fabricante que mandou-a para o mercado com o nome de Dulcinha. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário