Quando Rosemiro chegou a São Januário, em 1981, de sacanagem, a torcida pegou no seu pé, dizendo que ele era invencível no quesito jogador mais feio que já passou pelo Vasco da Gama. Ele nem ligou. Respondeu com futebol bonito, versátil e habilidoso. Atacava e defendia com a mesma impetuosidade, correndo por onde o lance precisasse dos seus serviços. “No Remo (de Belém do Pará), eu atacava mais do que defendia, mas aprendi a conter anta agressividade depois que vim pro Sul”, contava.
Rosemiro Correia de Sousa, nascido no 22 de fevereiro de 19543, em Belém
do Pará, antes de se tonar um vascaíno passou pela seleção olímpica - disputou
os Jogos Pan-Americanos-197, no México-197; um torneio pré-olímpico e as Olimpíadas
da canadense Montreal-1975 – e o Palmeiras. Ele achava que, no futebol do sul
do país, não seria preciso treinar tanto como ele o fazia no Clube do Remo,
sendo escalado só na fama. Viu tudo ao contrário, na Colina. E mais: não deveria
se preocupar apenas com quem marcasse, mas fazer com que o marcado se
preocupasse, também, com ele. Quando saía da defesa, contava com um volante o
cobrindo, e quando fazia o passe para um atacante caía pelo meio, para ser uma
opção de recebimento da bola. Costumava dar certo.
DE PIRES NOS PÉS - Certa vez, um garoto estava tristaço, no banco dos reservas do time juvenil do São Bento, de Sorocaba-SP. Com pena dele, o grande, extraordinário zagueiro Luís Pereira, amigo de um irmão dele, prometeu-lhe levá-lo pra fazer um teste no Palmeiras. Cumpriu a promessa, o garoto foi, agradou e ficou, de 1976 a 1981. Aos 19 de idade, tornou-se volante titular, jogando ao lado do craque Ademir das Guia, o maior ídolo da história palmeirense.
José Sebastião Pires Neto é o nome da fera, que pintou pela Colina, em 1984 - e ficou até 1985. Chamado só por Pires, ao se tornar vascaíno, a torcida do Almirante não botou muita fé nele, por se baixinho – 1m68cm – e magrinho – 62 quilos, para proteger becões altos e fortes, como Daniel Gonzalez, Nenê e Ivan. Pior: segurar a barra contra atacantes malandros, quando os xerifões saíssem da área para cobrir os laterais.
Enfim, rolou a bola para Pires, que não se
mostrou nenhuma fera arrebatadora, mas jogador taticamente aplicado, que sabia ler a partida, demonstrando muita personalidade e fôlego - tudo o que um
bom volante precisa. “Ah se esse menino fosse maior!”, imaginavam muitos
torcedores, ao que o Pires respondia: “Já joguei contra gente que tinha o dobro
da minha altura (nem tanto!), como de Sócrates (Corinthians - 1m93cm) e Pedro Rocha (São Paulo-1m85cm), e não me
dei mal”.
As primeiras escalações de Pires no time vascaíno foram pelo treinador Edu
Antunes, assim: Acácio; Edevaldo, Daniel Gonzalez, Nenê e Aírton; Oliveira,
Pires e Geovani; Jussiê, Roberto Dinamite e Arthurzinho. As suas boas atuações para
a Turma da Colina levaram-no à Seleção Brasileira, pela qual disputou duas
partidas. Foi eleito o melhor de sua posição, no Campeonato Brasileiro-1984,
mas, em setembro daquela temporada, sofreu uma fratura de tíbia e nunca mais
foi o mesmo. Perdeu espaço no time. Tempinho depois do Vasco, clube fundado por
portugueses, Pires defendeu três clubes portugueses – de Portugal.
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