Vasco

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sexta-feira, 9 de junho de 2023

FERAS DA COLINA - ROSEMIRO & PIRES

  Quando Rosemiro chegou a São Januário, em 1981, de sacanagem, a torcida pegou no seu pé, dizendo que ele era invencível no quesito jogador mais feio que já passou pelo Vasco da Gama. Ele nem ligou. Respondeu com futebol bonito, versátil e habilidoso. Atacava e defendia com a mesma impetuosidade, correndo por onde o lance precisasse dos seus serviços. “No Remo (de Belém do Pará), eu atacava mais do que defendia, mas aprendi a conter anta agressividade depois que vim pro Sul”, contava.

Rosemiro Correia de Sousa, nascido no 22 de fevereiro de 19543, em Belém do Pará, antes de se tonar um vascaíno passou pela seleção olímpica - disputou os Jogos Pan-Americanos-197, no México-197; um torneio pré-olímpico e as Olimpíadas da canadense Montreal-1975 – e o Palmeiras. Ele achava que, no futebol do sul do país, não seria preciso treinar tanto como ele o fazia no Clube do Remo, sendo escalado só na fama. Viu tudo ao contrário, na Colina. E mais: não deveria se preocupar apenas com quem marcasse, mas fazer com que o marcado se preocupasse, também, com ele. Quando saía da defesa, contava com um volante o cobrindo, e quando fazia o passe para um atacante caía pelo meio, para ser uma opção de recebimento da bola. Costumava dar certo.


Rosemiro deixou o Vasco da Gama, em 1982. Em sua primeira temporadas vascaína, com o treinador Mário Jorge Lobo Zagallo, uma das formações em que ele atuou tinha: Mazaropi; Rosemiro, Orlando Lelé, Ivan e João Luís; Dudu, Guina e Zandonaide; Wilsinho, Roberto Dinamite e César. Em 1982, com time treinado por Antônio Lopes, entrava nesta escalação: Mazaropi; Rosemiro, Nei, Celso e Pedrinho; Serginho, Dudu e Geovani; Pedrinho Gaúcho Roberto Dinamite e Palhinha.     

            DE PIRES NOS PÉS -  Certa vez, um garoto estava tristaço, no banco dos reservas do time juvenil do São Bento, de Sorocaba-SP. Com pena dele, o grande, extraordinário zagueiro Luís Pereira, amigo de um irmão dele, prometeu-lhe levá-lo pra fazer um teste no Palmeiras. Cumpriu a promessa, o garoto foi, agradou e ficou, de 1976 a 1981. Aos 19 de idade, tornou-se volante titular, jogando ao lado do craque Ademir das Guia, o maior ídolo da história palmeirense.

José Sebastião Pires Neto é o nome da fera, que pintou pela Colina, em 1984 - e ficou até 1985. Chamado só por Pires, ao se tornar vascaíno, a torcida do Almirante não botou muita fé nele, por se baixinho – 1m68cm – e magrinho – 62 quilos, para proteger becões altos e fortes, como Daniel Gonzalez, Nenê  e Ivan. Pior: segurar a barra contra atacantes malandros, quando os xerifões saíssem da área para cobrir os laterais. 

Enfim, rolou a bola para Pires, que não se mostrou nenhuma fera arrebatadora, mas jogador taticamente aplicado, que sabia ler a partida, demonstrando muita personalidade e fôlego - tudo o que um bom volante precisa. “Ah se esse menino fosse maior!”, imaginavam muitos torcedores, ao que o Pires respondia: “Já joguei contra gente que tinha o dobro da minha altura (nem tanto!), como de Sócrates (Corinthians - 1m93cm) e Pedro Rocha (São Paulo-1m85cm), e não me dei mal”.

As primeiras escalações de Pires no time vascaíno foram pelo treinador Edu Antunes, assim: Acácio; Edevaldo, Daniel Gonzalez, Nenê e Aírton; Oliveira, Pires e Geovani; Jussiê, Roberto Dinamite e Arthurzinho. As suas boas atuações para a Turma da Colina levaram-no à Seleção Brasileira, pela qual disputou duas partidas. Foi eleito o melhor de sua posição, no Campeonato Brasileiro-1984, mas, em setembro daquela temporada, sofreu uma fratura de tíbia e nunca mais foi o mesmo. Perdeu espaço no time. Tempinho depois do Vasco, clube fundado por portugueses, Pires defendeu três clubes portugueses – de Portugal.   

                                                   

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