Vasco

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sexta-feira, 2 de junho de 2023

TRAGÉDIAS DA COLINA - A VÍTIMA JAÍLSON

 A única coisa que Jaílson dizia saber fazer era rolar a bola. Definia-se por um pobre que ajudava a sustentar uma família com 11 irmãos. Barra pesadíssima! Principalmente, no dia – mais precisamente, no 14 de agosto de 1973 – em que o seu Fusca colidiu com um Dodge na estrada Rio de Janeiro-Magé e um estilhaço do vidro do pára-brisa vazou o seu olho esquerdo.

Que terror! Jaílson passou por cirurgia de emergência e os dois próximos dias sem saber se conseguiria a recuperação foram de arrepiar. Ficou desesperado, pois tinha pouco estudo. Além dele, só o seu pai, Jair Guimarães, pedreiro mestre-de-obras, e três dos 11 irmãos trabalhavam e  levam grana curta pra casa – ele ganhava Cr$ 4,5 mil cruzeiros mensais, uma micharia diante dos Cr$ 3,5 milhões que o Vasco pagara ao Cruzeiro-MG pelo passe do tricampeão mundial Tostão.

                        REPRODUÇÃO DA REVISTA O CRUZEIRO

               Estilhaço de vidro feriu o olho esquerdo de Jaílson

Profissional, há três temporadas, Jaílson estava casado (há uma virada de calendário) e já tinha um filho quando aconteceu o acidente. Morando em Alcântara-RJ, ainda não havia conseguido terminar a construção de sua casa, que estava só no tijolo. Não saber se teria de parar com o futebol lhe tirava o sono. Sem a bola, já se via tendo de trabalhar com o pai em obras. Pra piorar, estava emprestado ao Bangu e o seu empréstimo havia terminado um dia antes da tragédia.

Levado, primeiramente, para um hospital de Magé, pouco depois do choque dos dois veículos, Jáílson enfrentou cirrugia no Hosptal Sousa Aguiar, no Rio de Janeiro. Sorte a dele que os profissionais que levaram uma hora na cirrugia foram muito competentes e deram conta de resolver o problema - lesão penetrante na córnea, com hérnia de íris. 

O Vasco da Gama, que o mantinha sob contrato, até agosto de 1974, pagou a sua recuperação em clínica particular, com o acompanhmento dos cirurgiões. Jaílson pagou tudo ajudando o Almirante a se tornar o primeiro clube do Rio de Janeiro campeão Brasileiro, em 1974, atuando em 12 partidas e marcando seis gols – Andrada; Fidélis, Joel Santana, Miguel e Alfinete; Alcir, Zanatta e  Fred; Cláudio, Jaílson, e Luís Carlos Lemos, dirigido por Mário Travalgini, foi uma das formações em que ele iniciou partida daquele Brasileirão – 13.04.19743 – Vasco 0 x 0 Vitória-BA –,  naquele dia, substituindo Roberto Dinamite.   

                    REPRODUÇÃO DO ARQUIVO DE VALDIR APPEL 

                             Gílson Nunes, Valdir Appel e Jaílson

Antes disso, Jailson Guiomarães – nascido no 27 de abril de 1950 – havia ajudado Vasco da Gama, também, a quebrar o tabu, de 12 temporada sem carregar um caneco de campeão carioca. Durante a campanha, de 18 jogos, ele participou de 10, maracando um gol – 08.07.1970 – em Vasco 4 x 2 Bangu. Uma das formações em que ele saiu jogando – 22.07.1970 -, foi a de Vasco 1 x 0 São Cristóvão, que teve: Andrada; Fidélis, Moacir, Renê e Batista; Alcir e Buglê; Luiz Carlos Lemos, Jaílson, Silva e Gílson Nunes.

                     REPRODUÇÃO DO ARQUIVO DE VALDIR APPEL

Benetti, Jaílson, Buglê, Silva e Gílson Nunes

Jaílson começou a aparecer nos times do Vasco da Gama a partir de 1969. Em 1973, como já lemos acima, esteve emprestado ao Bangu, tendo voltado a São  Januário e ficado até 1975. Ao deixar de ser um cruzaltino, partiu para a ciganada em sua carreira, vestindo a camisa de mais seis equipes, uma delas do futebol português. Ao deixar de rolar a bola, tornou-se treinador e fez vários trabalhos em São Januário, conseguindo títulos juvenis  da Taça Belo Horizonte; cinco vezes de campeão carioca e duas do Torneio Otávio Pinto Guimarães. Além disso, foi  auxiliar técnico de Antônio Lopes e de Abel Braga, e observador técnico para Renato Gaúcho. Fora do Vasco, dirigiu times do Americano, de Campos-RJ, São Cristóvão-RJ, Volta Redonda-RJ, Bragantino-SP e Rio Branco-ES.

   

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