Seu
nome era tão grande – Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães d'Áurea Bengell
–, do tamanho do movimento que foi a sua vida. Entre 21 de fevereiro de 1935 e
9 de outubro de 2013, ela deu o que falar, como cineasta, produtora, cantora e
atriz, neste papel como uma das maiores musas do cinema brasileiro das décadas
de 1950 a 1970.
Norma havia sido uma menina nada feliz,
convivendo com as muitas brigas entre o pai belga e uma rica mãe carioca,
deserdada pela família quando trocou o marido por um pobretão imigrante
italiano. Como nas histórias do cinema, que teve “La Bengell” em 64 filmes,
vários na Europa, com atores e diretores famosos, como Alberto Sordi e Alberto
Lattuada – no Brasil, foi dirigida pelos nomes mais importantes de sua época,
como Carlos Manga, Walter Hugo Khouri, Anselmo Duarte, Ruy Guerra, Glauber
Rocha, Domingos de Oliveira, Paulo César Saraceni e Braulio Tavares.
COM A MÃE passando a ser uma “nova pobre”, aos
10 anos de idade, após a separação dos pais, Norma foi para um colégio de
freiras. Tornou-se uma menina rebelde, deixou os estudos e foi trabalhar, em
um atelier de modas, frequentado por artistas, para ajudar nos gastos da casa.
Em 1955, fez o primeiro comercial de TV – para a Toddy. O diretor
Carlos Manga gostou e a levou para as filmagens da chanchada “O
Homem do Sputinik”, contracenando com Oscarito. No mesmo ano, Norma estreou
como cantora, gravando um bolachões de vinil, incluindo a Bossa Nova de Tom
Jobim. Tinha 23 anos de idade.
Aos 25, Norma escandalizou o país, fazendo o primeiro
nu frontal no cinema nacional, em “Os Cafejesates”, de Ruy Guerra.
ENQUANTO A SUA NUDEZ nas telas era proibida no Brasil, ela ajudava o filme
brasileiro “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, a ganhar, em Cannes, na
França, o prêmio principal de um festival internacional, interpretando uma
prostituta que abriu-lhe as portas à carreira internacional.
Norma foi uma mulher de muitos amores – entre
eles, Alain Delon, que encantou-se por ela, ainda quando namorav Rommy
Schneider, de tremendo sucesso em “Sissi, a Imperatriz”. Mas só se casou uma
vez, com o galã italiano Gabriele Tinti, com quem ficou, de 1963 a 1969.
Dona de postura política crítica da ditadura dos generais-presidentes
brasileiros, viu censores lhe perseguindo e o seu mercado de trabalho
encurtando-se.
COMO CINEASTA,
Norma filmou “Eternamente Pagu”, em 1988, sobre um dos ícones do Brasil das
três primeiras décadas do século 20, Patrícia Galvão – jornalista, escritora,
poeta, diretora de teatro, tradutora, desenhista, comunista e primeira mulher
presa no Brasil por motivações políticas – e “O Guarani”, baseada na obra
naturalista do escritor cearense José de Alencar.
Este filme foi um caso traumático na vida de
Norma. Acusada de “sumir com a grana”, ela passou o restante da vida se
defendendo. A produtora Cristina Caneca, que aproveitou tudo o que Norma
deixara escrito, para um livro sobra atriz, jura que “La Bengell” não ficou com
dinheiro algum, pagando o preço de ser desorganizada em prestação de contas – o
processo não deu em nada.
A foto acima que você vê de Norma Bengell
foi reproduzida da
"Revista do Esporte". Por ser clone da "Revista do
Rádio", a semanária do mesmo grupo do empresário/jornalista Anselmo
Domingos convidava uma artista e a fazia falar de esporte. E era sagrado
esta levar os homens a pecar, por pensamento e visão de corpos esculturais, em
uma épocas em que a sociedade era muito moralista, conservadora, sobretudo
regulada pela Igreja Católica Apostólicas Romana. Norma Bengell foi uma dessas
belas mulheres que enloqueciam a rapaziada a posar em trajes reduzidíssimos
para a "RE". Ela é linda mulher homenageada de hoje. Um bom domingo,
rapaziada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário