Vasco

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domingo, 16 de fevereiro de 2020

A BELA DO DIA - JUNE DO CORONAVIRUS

Esta é uma autêntica história de gata borralheira. Escocesa, de Glasgow-1930, aos 16 de idade, June deixou de estudar, por falta de grana. Então, arrumou emprego para ser técnica em  laboratório de histopatologia. Depois, mudou-se para Londres e trabalhou no no Hospital Saint Bartholomew.  Aos 24, ela casou-se com o artista venezuelano Enrique Almeida e, tempinho depois, mudaram-se para o Canadá, onde ela fi tabalhara comoo técnica em microscopia eletrônica, na cidade de Ontário.

 June não tinha diploma universitário, mas os seus conhecimentos científicos eram evidentes. Tanto que valeram convite para  ela escrever em publicações, principalmente sobre estruturas de vírus que ainda não eram visualizadas. Foi o caminho para ela voltar a Inglaterra, onde foi contratada, pelo Hospital Saint Thomas, e cursar um doutorado da Escol de Medicina de Pós-Graduação, de Londres.

June Almeida reproduzida de www.hypness.com
Era 1964, a moça pobre que não podia frequentar a universidade recebeu diploma de “Doutora em Ciência”, concedido a quem publicava artigos científicos de qualidade indiscutível. Pela mesmas época,  analisando amostras de lavagens nasais, ela ia ao microscópio  analisar vírus do resfriado comum e que não podiam ser cultivados convencionalmente em laboratório. Por ali, quando muitos novos vírus ainda não eram identificados, June descobriu a praga que hoje assusta o planeta. Revelou que o coronavírus era parecido com o gripal influenza, mas não igual. Ela já o havia visto durante investigações sobre a hepatite, em ratos, e bronquite infeciosa, em frangos.
Este trabalho, no entanto, não chegou a ser publicado, por ter os avaliadores considerado que as imagens das partículas do vírus influenza analisados estavam ruins. Quando nada, ela e o pesquisador David Tyrrel batizaram o coronavírus, devido coroa que envolvia a partícula na imagem. Ela usou por técnica na descoberta do coronavírus a imunoeletronmicroscopia, por contraste negativo. Sua técnica levou a ciência, também, ao vírus da hepatite A e da rubéola.
June havia conseguido um grande feito, mas aquilo não lhe valeu muito, pois o coronavírus não era tão relevante para a saúde pública, pois provocava só resfriado ou gripe. Em 2002, com o surgimento da Síndrome Respiratória Aguda Grave, na China, um coronavírus causou uma tremenda epidemia, seguida pela Mers, em 2012, no Oriente Médio. Agora, veio a Covid-19, quando ninguém mais se lembrava June, que aposentou-se, em 1985, quando desenvolvia ensaios de diagnóstico e desenvolvimento de vacinas.
Aposentada, June tornou-se tornou professora de ioga, mas voltou à ciência, pelo final da década-1980, como consultora. Viveu por 77 temporadas, até 2007, deixando uma filha, a psiquiatra clínica Joyce Almeida, e duas netas.  

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