Aos 19 de idade, ainda integrante do time dos jovens inseguros e introvertidos, o atacante Roberto treinava entre os reservas do Vasco da Gama. Ao ver aquele garotão impetuoso, valente, brigando contra os becões malvados - primeira vez em que ia a São Januário -, o tricampeão mundial Tostão (Eduardo Gonçalves de Andrade) não teve dúvida em prever que aquele rapaz brigão logo seria titular. Ao saber daquilo, Roberto sorriu, aquele seu sorriso amarelo, a sua marca registrada e que levou a revista paulistana Placar a chamá-lo por Rizadinha.
Ainda bem que o apelido não pegou, pois o ainda só Roberto poderia vir a ser mais um do time dos apelidados esquerdinhas, paulinhos, joãozinhos, pedrinhos, carlinhos, luisinhos, etc. Se o Calu dos seus tempos de peladas, em Duque de Caxias, não seguira com ele para São Januário - além de ele recusar o Carlos Roberto, por ter muitos xarás -, não seria um risadinha que iria prejudicar-lhe a carreira. Sorte dele que rolou em sua vida a noite de uma quarta-feira em que tornou-se o Roberto Dinamite, devido chute com tamanha violência que gerou imagem de tremenda explosão para manchete de um jornal carioca.
FOTO REPRODUZIDA DE WWW.NETVASCO.COM.BR
Embora fosse um sujeito risonho, o reserva Roberto só se abria mais com companheiros do time campeão carioca juvenil-1971 e que haviam subido ao time A junto com ele – Pastoril (Alberto José dos Santos), Luís Fumanchu (Jorge Luís da Silva), Gaúcho (Carlos Roberto Orrigo da Cunha), Paulinho (Paulo César Cardoso de Alcântara) e Zé Luís -, que o compreendiam bem, sabiam que ele preferia ouvir mais do que falar, e quando falava era por breves comentários.
A questão do sempre presente sorriso de Roberto devia-se a problema em sua arcada dentária. Os beques não queriam saber. Achavam ser deboches e desciam-lhe a porrada. Um deles, o também campeão mundial Brito (Hércules Brito Ruas), não o perdoou, ao vê-lo comemorar gol, sorrindo, diante dele. Mandou-lhe um soco na boca– 14.07.1973, em Vasco 3 x 2 Botafogo, pelo segundo turno do Estadual-RJ, diante de 37.777 pagantes.
O apelido proposto por Placar, que o chamou por “novo Risadinha”, em alusão ao atacante Paulo Borges (Bangu, Corinthians e Seleção Brasileira) não pegou, mas, em uma de suas edições, a revista citou caso curioso para justificar-se;
Conta a então semanária que, no 30 de setembro de 1973, em Rio Negro-AM 0 x 0 Vasco da Gama, pelo Campeonato Brasileiro, no Estádio Vivaldo Lima, em Manaus, o árbitro José Favilli Neto mostrou o cartão amarelo para o Roberto, levando o treinador vascaíno Mário Travaglini a por as mãos sobre a cabeça e grita-lhe, pedindo para não sorrir. “Roberto não consegue se controlar. Tenta apertar os lábios, mas as maçãs do rosto se franzem, a boca se abre, irremediavelmente, aparecem seus dentes pequenos e ele sorri. Favilli já o conhecia e sabia que não ria por mal. Não o expulsou. Roberto, então, riu, outra vez. Dessa, de alívio”, relata revista paulistana - história interessante, convenhamos.
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