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segunda-feira, 24 de abril de 2023

COLLOR CONFISCA A POUPANÇA E O DINAMITE ENTRA NA FILA DO BANCO

A revista semanária Placar, da Editora Abril, fez uma bricadeira com esta foto publicada em seu Nº 1032, de 30 de março de 1990, com Tita e Roberto Dinamite sentados em um banco. Com certeza, deve ter sido click antigo, pois os dois atacantes haviam sido titulares nos dois últimos jogos antes daquela data. Atuaram nos compromissos vascaínos de 21 e 25 de março, dias antes, portanto. Para o kikenauta mais novo, que não viveu a década-1990, é preciso explicar a bricadeira de Placar. Vamos lá!  

O Brasil pré-Fernando Collor olhava para bom cenário externo, com o neoliberalismo em moda. Em 1990, com o país já collorido, o homem achava ter munição suficiente para lançar plano econômico e decretar medida provisória sem papo com o Congresso Nacional. Segundo ele, acabaria com a inflação, melhoraria a economia e mataria a corrupção. Era início de março daquele 1990, rolou feriado bancário e o Collor de Melo surpendeu o povão com oito itens: poupança acima de 50 mil cruzeiros novos (moeda da época) retida; retrocesso nos preços; troca de moeda (de cruzados novos para cruzeiros); privatização de estatais; reforma administrativa, com  fechamento de ministérios, autarquias e empresas públicas; demissão de funcionários públicos; abertura do mercado brasileiro ao exterior; fim de subsídios governamentais e flutuação cambial controlada pelo Governo.

No iten retenção das poupanças nos bancos, o brasileiro sentiu-se “confiscado”, mesmo com Collor de Melo prometendo devolvê-la dentro de 18 meses, corrigida por juros anuais de 6%. Sustentava que 90% das contas “poupeiras” ficavam abaixo dos 50 mil e que a retenção não prejudicaria a economia nacional. Dizia que obteria liquidez e financiaria projetos econômicos Resultado: o Plano Collor foi um fracasso. Reduziu a inflação no primeiro mês de vigência, mas, nas semanas seguintes, os preços seguiram subindo. E o salário, óhóhóhó!

Sobraram créditos mais caros e difíceis de conseguir, levando pequenos empresários e investidores ao enfarte. Mais: o desemprego aumentou bastantíssimo, a indústria brazuca foi sucateada e algumas empresas estatais vendidas abaixo do preço de mercado. Tempos depois, Collor de Mello foi acusado por corrupção, o povo foi às ruas exigir o impeachment dele, que renunciou ao cargo em 29 de dezembro de 1992.

 O último jogo do Vasco da Gama durante o governo Collor de Mello foi no 13 de dezembro, em São Januáio, amistosamente, contra o paraguaio Olímipia. O Dinamite foi a campo, mas o Tita nem era mais um vascaíno.  

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