Vasco

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sexta-feira, 28 de abril de 2023

O BOI-DE-PIRANHA ROBERTO DINAMITE

 O contrato de Roberto Dinamite terminaria no 31 de dezembro de 1976. Por considerá-lo o melhor atacante do futebol brasileiro, o presidente Francisco Horta, do Fluminense, oferecia Cr$ 4 milhões de cruzeiros (hoje, menos de R$ 2 milhões de reais) e mais o zagueiro Miguel, o apoiador Cléber o meia-atacante Dirceu para levar o astro do Vasco da Gama da época em que preço de atleta era uma mixaria em relação a hoje. Mas o Almirante não queria conversa, considerava o seu centroavante inegociável.

REPRODUÇÃO DE NETVASCO

Rondinelli foi um dos mais duros maracadores 

 Desde que Ademir Menezes, Vavá e Almir Pernambuquinho ficaram no passado, a Turma da Colina não tinha um centroavante como o Dinamite. Mas, para ser o maior ídolo da torcida vascaína, em 1976, ele tinha quer ser um autêntico “boi-de-piranha”. O esquema tático do treindor Paulo Emílio o sacrificava, mas o Dinamite segurava a barra apanhando - muito, muitíssimo - dos becões malvados. Quando nada, saía vivo dos prélios cruzmaltinos. “Atacante não pode pipocar. Se não encarar (a pancadaria), sempre que entrar na área os zagueiros vão pra cima dele com mais crueldade, ainda”, dizia Roberto aos repórteres que o viam mancando, todo ralado depois das partidas.

 Gol poderia até ser a coisa mais fácil para um artilheiro. Para Roberto Dinamite, custava caro. Um exemplo foi o que valeu vitória (1 x 0) sobre o Flamengo – 21 de novembro de 1976, pela terceira fase do Campeonato Brasileiro, no Maracanã. O segundo tempo passava da metade, o Fla dominava e os becões Rondinelli e Jaime o espanavam. O treinador Paulo Emílio, mais parecendo um vaqueiro de boi-de-piranha, não tinha a menor pena do Dinamite. Deixava-o sozinho na frente, mordidaço pelos marcadores. Mas não fugia da pancadaria. Aos 33 minutos, a zaga rubro-negra bobeou e ele encaçapou. Antes, porém, levou uma sarrafada daquelas de ser mandado pra Lua.

                               REPRODUÇÃO DO CORREIO DO BRASIL

                       Sozinho contra dois marcadores era muito normal

 Aquela maldade de Paulo Emilio com o seu goleador acontecia porque o Vasco não tinha mais o malandro Dé Aranha, que dividia com o Dinamite as recuetas para receber bolas, atacar e apanhar lá frente. Por ali, cabia a Luís Carlos “Tatu” Lemos armar jogadas e deixar Roberto apanhando sozinho nas jogadas de área. Ao contrário do que ocorria com os vascaínos, Fluminense e  Flamengo armavam um quaradono meio-de-campo e deixavam dois homens brigando com os beques. Assim, sendo boi-de-piranha, Roberto tinha 12 gols marcados pelos inícios de dezembro de 1976, enquanto os dois outros artilheiros de São Junuário, os também atacantes Galdino e Luis Carlos Lemos, só haviam marcado, respectivamente, quatro e três gols.

             Alto, magrão e leve quando chegou ao juvenil do Vasco da Gama

 Quando chegou ao Vasco da Gama, em 1969, com 15 de idade, pessando apenas 54 quilos – já media o seu definitivo 1m82cm de altura -, o garoto Roberto não aparentava a mínima perspectiva de ser um boi-de-piranha. Em 1976, pesando 76 quilos, o seu treinadorm simplesmente, via carne e músculos em um “jogador nóvel” e o mandava sobreviere em uma tática suicida – sobreviveu.        

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