Vasco

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sábado, 1 de abril de 2023

O DINAMITE CONTRA O "DEUS DA RAÇA"

 Embora fosse torcedor tricolor, nada emocionava mais ao repórter Zildo Dantas, do jornal carioca O Dia, do que os combates entre o vascaíno Roberto Dinamite e o flameguista Rondinelli. Era intenção dele escrever um livro sobre o tema, mas ficou enrolando, enrolando, enrolando, até deixar a ideia sair a escanteio. Sem problemas! O Kike correu atras de algumas boas histórias envolvendo atacante versus zagueiro-xerifão:

13 de junho de 1976 – Vasco da Gama 1 (5) x 1 (4) Flamengo – o Maracanã recebia 133.444 pagantes na decisão da Taça Guanabara (primeiro turno do  Campeonato Carioca). Aos 6 minutos, com a bola rolando fora da área flameguista, o juiz Agomar Martins parou a partida e marcou pênalti contra os rubro-negros. Ningúem entendeu nada, não havia visto infração. No entanto, no exato momento em que ele virava o rosto para trás, flagrou o zagueiro Rondinelli mandando uma cotovelada sobre o Roberto Dinamite, que cobrou a penalidade máxima e marcou. Mas o Fla empatou, no segundo tempo, e levou o jogo para a decisão por pênaltis. Fez 4 x 3 e perdeu a quinta cobrança. Roberto Dinamite deixou o placar nos 4 x 4 e o seu colega Luís Augusto marcou o gol do título vascaíno. Depois do jogo, o zagueiro Rondinelli disse ao repórter Zildo Dantas que sentia-se o culpado pelo acontecido ao Flamengo.

 O Deus da Raça, reproduzido de recorte do Jornal de Brasília 

28 de setembro de 1977 – Vasco da Gama 0 (5) x 0 (4) Flamengo – jogo extra decidindo o segundo turno do Campeonato Carioca, com 152.059 pagantes no Maracanã. Sem movimento no placar durante o tempo regulamentar e a prorrogação, a decisão foi para cobranças de pênaltis. Chegou aos 4 x 4 e sobrou a última para o Roberto Dinamite, que mandou na rede: Vasco campeão. Pouquinho depois do apto final, quando os repórters invadiam o gramado, Zildo Dantas viu o Dinamite sendo cumprimentado por Rondinelli e os indangou: “É a primeia vez em que você saem na porrada num dia e terminam no outro?”     

03 de dezembro de 1978 – Vasco da Gama 0 x 1 Flamengo – a Turma da Colina estava obrigada a vencer para conquistar o segundo turno do Campeonato Carioca e provocar decisão contra o seu maior rival, vencedor do turno. O Maracanã recebia 120.433 pagantes que via um Almirante cauteloso e o Dinamite isolado, não incomodando. Aos 43 minutos, Zico prepaou-se para cobrar escanteio. Rondinelli deu uma de “migué”, indo para a área vascaína com a cabeça baixa, pra não chamar a atenção. A bola foi, na medida, para a sua testa e, dela para a rede cruzmaltina. Depois da partida, o Dinamaite disse ao repórter Zildo Dantas: “Eu deveria ter marcado o Rondinelli, quando ele saiu de sua área. Me surpreendeu”.  

Para o repórter Zildo Dantas, era o maior duelo do futebol carioca

28 de fevereiro de 1982 – Vavco da Gama 3 x 1 América-RJ – jogo do Campeonato Brasileiro, com público pagangte de 47.164. A dupla de zaga vascaína era Rondielli e Ivan, enquanto o ataque seguia tendo o Roberto Dinamite por sua principal figura. Aos 28 minutos do primeiro tempo, Rodinelli foi à frente e abriu o placar. Aos 27 do segundo, o Dinamite também deixou o dele. Ao final da partida, o repórter Zildo Dantas disse ter ouvido o ex-flamenguista falar para o colega cruzmaltino: “Não devo mais nada so Vasdco”, se referindo ao gol que marcara contra o Almirante, na decisão de 1978.    

06 de abril de 1982 – Vasco da Gama 5 x 0 Tocantinense, amistoso caça-níquel, no Estádio Frei Epifânio D´ Abadia, em Imperatriz-MA. Aos 30 minutos do segundo tempo, Rondinelli ataca e bota a bola no filó. Roberto Dinamite não atua naquela partida. Durante a semana, pagando cumprindo pauta ema São Januário,  o repórter Zildo Dantas disse ter ouvido o Dinamite caçoar com o Rondinelli: “Se você continuar assim (fazendo gols), vou perder o emprego”.

Antônio José Rondinelli Tobias nasceu em 26 de abril de 1955, em São José do Rio Parto-SP. Entre 1982/1983, disputou 34 jogos e marcou dois gols vascaínos. Com 1m78cm de altura, era considerado baixo para a sua posição, mas compensava tudo com grande impulsão e muita garra que valeram-lhe o apelido de “Deus da Raça”. Para Zildo Dantas, jogava “lembrando um guerreiro medieval, cuspia fogo pra cima do Roberto (nos tempos de rubro-negro), combatendo-o como se encarasse um dragão.”  

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