Vasco

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sexta-feira, 31 de julho de 2020

HISTÓRIA DA HISTÓRIA - BOCA DO COFRE

A GRANA DA GALERA
A grana foi um fenômeno porque o povo não tinha uma grande renda
O Vasco sempre foi de levar o povão ao Maracanã. Entre os 10 maiores públicos da história da casa, a sua torcida participou de três: o quinto, 174.770, em 1976; o oitavo, 165.358, em 1974, e o 10º, 161.989, em 1981. Todos em jogos contra o seu maior rival, o Flamengo – o maior de todos é Brasil 1 x 2 Uruguai, 199.854, de 16 de julho de 1950, da final da Copa do Mundo.
O jogo entre brasileiros e uruguaios foi, também, o de maior arrecadação naquela década, embora o valor exato oficial nunca se saiba.
Por aquela época, nenhuma partida conseguia aproximar daquela bilheteria. Então, em 29 de março de 1958,  um sábado, pelo Torneio Rio-São Paulo, foi registrada a maior arrecadação de uma partida entre clubes brasileiros: Cr$ 4 milhões. 140 mil 891 cruzeiros, a moeda da época, em Vasco 1 x 1 Flamengo, quando os dois times estavam igualados, com seis vitórias e uma derrota, brigando pelo caneco.
 Pelo Nº 124, de 5 de abril, a Manchete Esportiva destacou: “ No Clássico dos Milhões a vedete foi a renda”. Na abertura da matéria, escreveu: Flamengo e Vasco proporcionaram um espetáculo de raro esplendor... de renda superior a quatro milhões de cruzeiros (a maior de todos os tempos, excetuando-se a do Brasil x Uruguai...).
 O que despertava tanto interesse pela partida era a perspectiva de o vencedor ficar muito perto do título da maior competição do futebol brasileiro. E rolou a pelota. Rubens abriu o placar, para os vascaínos, aos 7 minutos do segundo tempo, cobrando pênalti, para deixar o adversário passar 24 minutos correndo atrás do empate. Écio foi eleito o melhor do clássico, que teve este Vasco: Hélio *(Barbosa)Paulino (Dario), Bellini; Écio, Orlando e Coronel, Sabará, Almir, Vavá Rubens e Pinga.
 Citou, ainda, a semanário, que Barbosa havia reaparecido no arco cruzmaltino, debaixo da mesma baliza em que sofrera o gol de Gigghia, na final do Mundia-1950. Daquela vez, no entanto, saíra de campo invicto e com nota 8.  E ajudou a encaminhar seu time para o título. Após o clássico, Vasco e Flamengo só tiveram mais um compromisso pelo torneio Rio-são Paulo. Os rubro-negros caíram, ante o Corinthians, por 3 x 0, enquanto os vascaínos golearam a Portuguesa de Desportos, por 5 x 1, E ficaram campeões.
 Com aquele rendão todo, em um tempo em quer a renda média do povo brasileiro era pequena e a maioria dos torcedores não tinha carro para ir ao estádio, dependendo do deficiente transporte público, quem pisou feio na bola foi a "Manchete Esportiva".
 Diante de um fato extraordinário, o maior daquele momento no futebol brasileiro, a revista  dispensou só duas páginas à matéria do grande acontecimento. E com um texto curto. Embora desse capa e contracapa para o fato, o tema exigia muito mais cobertura. Não foi feita a tradicional visita aos vestiários, não se entrevistou os personagens da partida e nada se explorou da quebra do recorde de arrecadação.  Quando nada, Nelson Rodrigues escreveu um bela coluna (Meu Personagem da Semana), escolhendo o meia vascaíno Rubens como o "cara", mostrando os tortuosos caminhos que o ligavam e o separavam do Flamengo, clube que o consagrou e o desprezou, para a sorte do Vasco. Pelo menos,  naquele momento.    

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