E o gato pulou pra longe. Ontem, no 17 do 7 do vinte-vinte, após 10
dias internado, no Hospital Alberto Einsten, em São Paulo, um dos maiores
radialistas/jornalistas/televisistas brasileiros, José Paulo de Andrade,
tornou-se uma pessoa espiritual. Perdeu a luta contra o coronavírus.
Ele estava com 78 de idade e mandava ver,
pelos microfones a Rádio Bandeirantes paulistana, há 57. Quem não o conheceu, o
avalie sabendo que o glorioso Zé Paulo comandou o programa O Pulo do Gato, uma
das maiores audiências do rádio brasileiro, desde 1973. Passar tanto tempo
assim no lance, seguramente, só mesmo sendo muito bom no ofício.
Zé Paulo, como o chamávamos, chegou à latinha, em 1960, quando lhe
arrumaram o emprego de escuta das jornadas esportivas da Rádio América-SP.
Tês temporadas depois, fez o primeiro pulo do gato, falando pra fora dos
telhados da Bandeirantes. Até 1977, esteve na parte de esportes, quando
destacou-se como um dos melhores comentaristas do futebol brasileiro.
Por sinal, lembro de um amigo - hoje, o engenheiro civil aposentado Paulo Henrique Oliveira, fazendeiro, na Bahia-Oeste e que, em época do Copa do Mundo, assim que terminava o primeiro tempo, ele mudava, da Rádio Globo-RJ, para a Bandeirantes-SP, por não querer perder os comentários do Zé Paulo.
Fama consolidada no esporte, a Bandeirantes tirou o Zé dos gramados e o levou para apresentar e comentar outros tipos de
notícias. Esteve apresentador de vários telejornais, entre eles Titulares da
Notícia, Jornal de São Paulo, Rede Cidade, Band Cidade, Entrevista Coletiva e
Jornal Gente, este, chegando a ancorar por 35 viradas de calendário.
Zé Paulo trabalhou junto dos grandes nomes do
radialismo paulista, como Alexandre Kadunk, Salomão Ésper, Vicente Leporace, Enzo de Almeida Passos, Joelmir
Beting, Fiore Gigliotti, Luiz Augusto Maltone
e Reali Júnior, citando poucos da
fase em que ainda não havia as redes de televisão. Em 2009, a revistas Veja-SP, da Editora Abril, o elegeu como uma das pessoas que tinham a cara de São Paulo.
Jornalista de bom nível
cultural, o Zé graduou-se em Direito e, na TV, destacou-se com corretas análises
sobre questões colocadas em debates políticos. Algo que poucos sabem sobre a
sua carreira é que, em 1962, chegou a participar de programas de narrações aventureiras,
interpretando o Zorro, no rádio-teatro da Bandeirantes.
Nascido
paulistano, em 18 de maio de 1942, o Zé foi pai de Paulo e de César, e não escondia
ser torcedor do São Paulo FC. Pelos tempos em que ele participava de programas
jornalísticos da TV Bandeirantes (manhãs dos inícios da década 2000), era difícil
a Chefe de Reportagem da Rádio Nacional de Brasilia, Rosamélia Abreu, me
colocar pra fora a redação, com uma pauta nas mãos. Eu enrolava o quanto pudesse,
pra não perder os comentários do carinha que, agora, vai comandar o Pulo do Gato
da Rádio do Céu – ele era católico.
Quando a Rádio Bandeirantes-Brasília
estava sendo montada, eu trabalhava no Jornal de Brasília e recebi um
telefonema do diretor que viera de São Paulo para comandar o processo. Não me
lembro mais do nome dele. Só de sua frase: “Estou lhe telefonando em nome o seu
amigo Zé Paulo de Andrade, que mandou-lhe a ordem de vir trabalhar com a gente”.
Fui conversar com o diretor, mas não
houve acerto, pois eu toparia cobrir Congresso Nacional, porque estava sempre
por lá e tinha caderneta de telefone bem fornida. No entanto, o Rodrigo Leitão,
amigo do JBr e que estava, também, no Projeto
Band-Brasília, me queria em sua editoria, sendo repórter-geral, cobrindo o
que rolasse na cidade, menos na Esplanada os Ministérios.
Fiquei devendo esta ao Grande Zé, de quem ouvi e concordei:
“Repórter sem caderneta de telefones......” – por incrível que pareca, ontem, ao
saber do seu novo pulo do gato, descobri
que eu não tinha o telefone dele.
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