Vasco

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sábado, 18 de julho de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO - SACANAGEM! O ZÉ DEU O PULO DO GATO E NEM ME AVISOU

          Foto reproduzida de homenagem prestada pela Rádio Bandeirantes
 E o gato pulou pra longe.  Ontem, no 17 do 7 do vinte-vinte, após 10 dias internado, no Hospital Alberto Einsten, em São Paulo, um dos maiores radialistas/jornalistas/televisistas brasileiros, José Paulo de Andrade, tornou-se uma pessoa espiritual. Perdeu a luta contra o coronavírus. 
 Ele estava com 78 de idade e mandava ver, pelos microfones a Rádio Bandeirantes paulistana, há 57. Quem não o conheceu, o avalie sabendo que o glorioso Zé Paulo comandou o programa O Pulo do Gato, uma das maiores audiências do rádio brasileiro, desde 1973. Passar tanto tempo assim no lance, seguramente, só mesmo sendo muito bom no ofício.
 Zé Paulo, como o chamávamos,  chegou à latinha, em 1960, quando lhe arrumaram o emprego de escuta das jornadas esportivas da Rádio América-SP. Tês temporadas depois, fez o primeiro pulo do gato, falando pra fora dos telhados da Bandeirantes. Até 1977, esteve na parte de esportes, quando destacou-se como um dos melhores comentaristas do futebol brasileiro.
 Por sinal, lembro de um amigo - hoje, o engenheiro civil aposentado Paulo Henrique Oliveira, fazendeiro, na Bahia-Oeste e  que, em época do Copa do Mundo, assim que terminava o primeiro tempo, ele mudava, da Rádio Globo-RJ, para a Bandeirantes-SP, por não querer perder os comentários do Zé Paulo. 
 Fama consolidada no esporte, a Bandeirantes tirou o Zé dos gramados e o levou para apresentar e comentar outros tipos de notícias. Esteve apresentador de vários telejornais, entre eles Titulares da Notícia, Jornal de São Paulo, Rede Cidade, Band Cidade, Entrevista Coletiva e Jornal Gente, este, chegando a ancorar por 35 viradas de calendário.
 Zé Paulo trabalhou junto dos grandes nomes do radialismo paulista, como Alexandre Kadunk, Salomão Ésper, Vicente Leporace, Enzo de Almeida Passos, Joelmir Beting, Fiore Gigliotti, Luiz Augusto Maltone  e Reali Júnior,  citando poucos da fase em que ainda não havia as redes de televisão. Em 2009, a revistas Veja-SP, da Editora Abril, o elegeu como uma das pessoas que tinham a cara de São Paulo.

 Jornalista de bom nível cultural, o Zé graduou-se em Direito e, na TV, destacou-se com corretas análises sobre questões colocadas em debates políticos. Algo que poucos sabem sobre a sua carreira é que, em 1962, chegou a participar de programas de narrações aventureiras, interpretando o Zorro, no rádio-teatro da Bandeirantes.
Nascido paulistano, em 18 de maio de 1942, o Zé foi pai de Paulo e de César, e não escondia ser torcedor do São Paulo FC. Pelos tempos em que ele participava de programas jornalísticos da TV Bandeirantes (manhãs dos inícios da década 2000), era difícil a Chefe de Reportagem da Rádio Nacional de Brasilia, Rosamélia Abreu, me colocar pra fora a redação, com uma pauta nas mãos. Eu enrolava o quanto pudesse, pra não perder os comentários do carinha que, agora, vai comandar o Pulo do Gato da Rádio do Céu – ele era católico.
 Quando a Rádio Bandeirantes-Brasília estava sendo montada, eu trabalhava no Jornal de Brasília e recebi um telefonema do diretor que viera de São Paulo para comandar o processo. Não me lembro mais do nome dele. Só de sua frase: “Estou lhe telefonando em nome o seu amigo Zé Paulo de Andrade, que mandou-lhe a ordem de vir trabalhar com a gente”. 
 Fui conversar com o diretor, mas não houve acerto, pois eu toparia cobrir Congresso Nacional, porque estava sempre por lá e tinha caderneta de telefone bem fornida. No entanto, o Rodrigo Leitão, amigo do JBr e que estava, também, no Projeto Band-Brasília, me queria em sua editoria, sendo repórter-geral, cobrindo o que rolasse na cidade, menos na Esplanada os Ministérios. 
 Fiquei devendo esta ao Grande Zé, de quem ouvi e concordei: “Repórter sem caderneta de telefones......” – por incrível que pareca, ontem, ao saber do seu novo pulo do gato, descobri que eu não tinha o telefone dele.       

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