Vasco

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domingo, 24 de janeiro de 2021

REVISTA DE KIKI Nº 4 - SANTOS CAPETAS

  Ganhar do Santos da fase Pelé & Coutinho só se fosse coisa do diabo. Eles eram tão encapetados que tabelavam até a bola bater na rede. Mas o Almirante tinha as suas manhãs e, também, fisgava o Peixe - de jeito!

A história Vasco da Gama x Santos tem lances sensacionais e começa bem antes de o Almira pegar pela frente o Rei do Futebol. Pra inaugurar o seu estádio, em 27 de abril de 1927, a rapaziada convidou o alvinegro praiano, que estragou a festa, escrevendo 5 x 3 no placar. O Vasco devolveu a sacanagem, em 30 de julho de 1933, no mesmo local, por 4 x 0. De lá pra cá já são 127 pegas, com 45 vitórias da Turma da Colina e 44 dos peixeiros, que levaram 190 gols, mas marcaram 202 – há, ainda, 38 empates nesse rolo.

Se o Santos ganhou o primeirão entre eles, em São Januário, o Vasco fez o mesmo na Vila Belmiro, também, amistosamente, por 2 x 1, em uma data interessante, 09.09 (1934). Durante as Era Pelé, o primeiro capítulo rolou  em 7 de abril de 1957, na Vila Belmiro, quanto o convidante promovia a Semana Alvinegra, celebrando os seus 45 de vida. O Camisa 10 ainda nem era o tal. Apenas, um reserva. Naquele dia, disputou a 15 partida de sua estrada, ajudando  a sua patota a deixar o visitante de quatro: 4 x 2.

                           Imagem montada por Renato Aparecida

Rolaram outras bolas e uma das mais famosas está no caderninho do 17 de fevereiro de 1963, pelo Torneio Rio-São Paulo, no Maracanã. Os vascaínos faziam 2 x 0 e a sua dupla de zaga xerifeira – Brito e Fontana – encarnava em Pelé, dizendo: ‘É, crioulo, nessa não dá mais. Cadê o Rei?” Faltando dois minutos para o final da partida, Pelé empatou a pugna, pegou a bola, chegou no Fontana, a entregou e recomendo-lhe: “Leve-a, de presente, para a sua mãe”.

Os vascaínos ainda não haviam esquecido da noite em que levaram 5 x 1, no Pacaembu, no 2 de março de 1961, pelo mesmo Torneio Rio-São Paulo, então maior competição brazuca da época. Dia em que,  do  imparável ataque santista – Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pele e Pele – só o Rei não batera na rede. No entanto, quatro temporadas depois, com 3 x 0, no Maracanã, o Vasco botou moral no placar.

Vieram tempos mais modernos e, no 19 de novembro de 1969, no Maracanã, Pelé marcou o seu milésimo gol, em cima do Vasco da Gama. Passado mais um tempinho, no sábado 17 de outubro de 1970, diante de um fortíssimo Santos, ganhador de nove títulos nas últimas 11 temporadas, o pega foi, de novo, no Maraca. Daquela vez, o brilho esteve nas chuteiras do camisas 10 vascaíno, Walter Machado Silva, que marcou dois gols e deixou Pelé devendo, em seu jogo 980,  quando já havia encaçapado 1.053 bolas no filó.

  Campeão paulista-1969, o Santos era fortíssimo e tinha comemorado, inclusive, um tri estadual. Que viesse o Vasco! Pra derrubar o Rei, o Almirante foi malandro. Prometeu pagar o prêmio pelo título carioca-1970 e colocar os salários em dia. Com doping financeiro Luís Carlos Lemos, Benetti, Silva (2) e Gilson Nunes construíram a maior vitória do vascaína sobre Pelé, devolvendo os 5 x 1 de 1961. 

Muitas e muitas outras histórias de Vasco x Pelé pintaram. Até que, no 21 de julho de 1974, elas terminaram. Rolava a fase final do Campeonato Brasileiro, o Vasco abriu o placar, por Luís Carlos Lemos, aos 15 minutos do primeiro tempo, e Pelé o igualou, aos 30 minutos do segundo tempo. Faltando duas voltas para o relógio encerrar história tão emocionante, o garoto Roberto Dinamite desempatou, para os cruzmaltinos, em um belíssimo tento que mereceu elogios do  Rei. 

Pelé disputou a sua última partida no Maracanã diante de 97.696 desportistas. A bola que ele mandou à rede teve aquele endereço pela 1.214ª vez, em 1.242 compromissos. Coincidentemente, o seu comandante no último jogo no Maracanã chamava-se Tim (Elba de Pádua Lima), que tentou levá-lo, para o Bangu, quando ele tinha 15 anos e defendia o Baquinho, de Bauru. 

Treinado por Mário Travaglini, o Vasco da Gama venceu contando com: Andrada; Fidélis, Joel Santana, Miguel e Alfinete; Alcir, Zanatta e Peres; Luís Carlos Lemos, Roberto Dinamite e Jaílson (Jorginho Carvoeiro). O Santos alinhou: Cejas; Hermes, Vicente, Bianchi (Oberdan) e Zé Carlos; Clodoaldo e Brecha: Fernandinho Goiano, Nenê (Cláudio Adão), Pelé e Mazinho.     

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