Exército repeliu e matou quase todos os que desafiaram o governo Arthur Bernardes
Se 1922 foi marcado pela sempre referida Semana da Arte Moderna, em São Paulo. Mas acontecimento de também grande importância marcou o Rio de Janeiro: o episódio que ficou conhecido por Revolta dos 18 do Forte de Copacabana e que, hoje, faz 100 viradas de calendário.
A história pega fogo, no primeiro dia de
março, quando Artur Bernardes, apoiado por fazendeiros cafeeiros, tornou-se presidente da república, gerando
rebeliões populares em vários Estados e insatisfações dos militares, que apoiavam
o candidato Nilo Peçanha. E ficaram mais insatisfeitos, ainda, com a nomeação
de um civil para ministro da Guerra.
Os revoltosos, liderados pelo tenente-coronel
Euclides Hermes da Fonseca, que foi preso, esperavam contar com o apoio de
líderes políticos estaduais e de quartéis cariocas. Mas tudo só aconteceu no
Forte de Copacabana e com o Governo já sabendo do que iria rolar e o que
queriam jovens tenentes e capitães do Exército.
Era o 5 de julho,
quando o Forte de Copacabana foi bombardeado, por militares governistas, que
exigiam a rendição dos 301 colegas que estavam por lá. Daqueles, 272 se
renderam, enquanto os restantes decidiram sair em marcha, pela Avenida
Atlântica, munidos com rifles e revólveres. Pelo meio do caminho alguns
desistiram, ficando só 18 mais corajosos. No final das contas, dois tenentes
(Siqueira Campos e Eduardo Gomes) e dois soldados ficaram feridos, enquanto os
demais foram abatidos pelas balas do Exército, que matou também, o civil
Otávio Correia, que se juntara aos desafiantes.
A tentativa fracassada, quando nada, serviu
para a eclosão de outros movimentos desejosos de dar um fim à força política
dos oligarcas cafeeiros paulistas e mineiros, que se alternavam no comando dos
governos do país e, segundo os militares, ganhavam as eleições à base de
fraudes. Nada do que foi tentado, porém
– Comuna de Manaus-AM, em 1924; Revolução Paulista, do mesmo período, e a
Coluna Prestes, liderada pelo militar gaúcho Luís Carlo Prestes, que varou
rincões, entre 1925 a 1927 – deu certo, como pensavam os revoltosos.
O que fez surgir o tenentismo que gerou a
Revolta do Forte de Copacabana foram desagrados que já vinham desde 1894, época
em que o presidente da república, Prudente de Morais, geria o país à base do
clientelismo, do mandonismo e do coronelismo. Fase acentuada pelos inícios do “toma
lá, dá cá”, principalmente, por parte dos governadores estaduais – que devem
ter ensinado aos políticos que os seguiram, pois, até hoje, a prática é
repetida.
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