Vasco

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A PUBLICIDADE NAS REVISTAS ESPORTIVAS BRASILEIRAS - VIDAS ESPORTIVAS (1)

Entre o começo e a metade do século 20, em três estados, surgiram três publicações com o mesmo nome, respectivamente, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em São Paulo. Hoje, isso não é mais possível, devido as leis de proteção de propriedade intelectual que registra marcas por meio de logotipos, palavras ou frases de efeito.
 A revista carioca começou a circular em 1917, com 32 páginas, trazendo a terceira e a trigésima em papel jornal, e as demais em textura mais forte e totalmente branca. Informava os seus endereço e telefone, mas não numerava as páginas e nem identificava os responsáveis pela edição pelo expediente. Apenas nomeava-se e dizia-se um “hebdomadário ilustrado, sportivo e mundano”.
 Como se lê, a palavra esportivo ainda era escrita “sportivo”, dos tempos em que a grafia de futebol era “foot-ball”. Inclusive, no editorial (assinado por DID) do Nº 4, de 15 de setembro de 1917, o título foi “O foot-ball político”, em que o articulista comparava os movimentos do “jogo político” ao do campeonato da “Metropoplitana” ( equivalente, hoje, à Federação de Futebol  do Estado do Rio de Janeiro). Nesse artigo, DID puxa os políticos para um “team” (time), ou “club” (clube), disputando um “match” (jogo, partida), acompanhados por peças como o goal-keeper (goleiro), o referee (juiz), o presidente da Liga, todos submetidos ao “Código”, que seriam as regras do futebol, com os seu off-sides (laterais) e tudo do prélio comparado ao “Regimento da Câmara dos Deputados”.        
 Em 1917, época em que Venceslau Brás era o presidente da república, o futebol marchava fortemente para a popularização definitiva no país, o que veio a partir da década-1920. Mesmo assim, “Vida Sportiva” começava por priorizar a vida social carioca, informando, por exemplo, sobre um baile oferecido pelo ministro Nilo Peçanha (do Exterior) ao corpo diplomático, no Itamaraty;  um chá com a participação de elegantes senhora se senhoritas no Derby Club; a parada do 7 de setembro, ou uma festa no Lyceé Français (Liceu Francês). À página 3 (em papel jornal), trazia uma pequena coluna com “Apontamentos para um dicionário de foot-ball’, explicando o significado de palavras ligadas ao jogo da bola, mas este só ganhava prestígio mesmo depois de 14 páginas, ou quase na metade da edição. 
 A publicação já trazia uma tabela técnica com o momento dos times nos campeonatos dos primeiros e segundos times do futebol carioca, mas a maioria do divulgado era por notinhas. Só o principal jogo da rodadas ganhava destaque e bom número de fotografias. Vale ressaltar que a abertura do noticiário futebolístico não era exclusivo da bola rolando, misturando-o à modalidades como hockey,  tênis, motociclismo e “pilhérais” que se enquadram às atuais colunas humorísticas, com frases como “...nosso lemma aqui n´esse cantinho de Vida Sportiva será trepar sem offender...”, segundo o assinante Serio Creta. Antes, trazia também página sobre modas, com desenhos de modelos femininos, e charges, a “Half-Time”, desenhada por Yantok. O noticiário do turfe, com fotos da elite elegante, também ganhava destaque. 
   Muitos dos anúncios da revista eram produtos picaretas que marcaram época no inicio do século, como os milagrosos remédios O Pilogênio, transformador de crecas em cabeludos; Coaltran, sabão líquido extintor da caspa e de tudo o que não fazia bem à cabeça; Ephelidose, finalizador de sardas e manchas no rosto; Benzoin, refrescante da pele irritada por navalhas; Hepatolaxina, “laxante suave e curativo” e  Dynamogenol, exterminador de cansaço, dor no peito, falta de apetite, e o “medicinal, aderente e perfumado” pó de arroz Dora. Também, divulgavam-se muitos os lotéricos O Lopes,  que “dá a fortuna mais rápida... e offerece mais vantagens ao público”; Loterias da Capital Federal (da Companhia de Loterias Nacionaes do Brazil); Loterias e Commissões, com recado igual ao do primeiro citado, e Fernandes & C, a “casa feliz” que prometia pagar prêmios logo após as extrações.    
 Outros anunciantes eram O Polichinello, Jornal das Crianças, com “leituras instructivas e interessantes”;  Zenóbio & Bioletto, donos de  “officina de gravura e fotografia.
Enquanto todos os anúncios citados eram em preto e branco, a loja Parc Royal já usava toda a contracapa para divulgar-se por uma bela figura feminina, em sépia, vendendo que “aqui, ali e acolá... em qualquer lugar...as Senhoras que...”, por se vestirem na casa, apresentavam atestado de “bom gosto...” e “de inteligência”.    

 

 

    

    

 

 

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