Vasco

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O ADMIRÁVEL ALMIRANTE - 4

Vevé, pernambucano, e Saulzinho, gaúcho
"Comecei a frequentar estádios muito cedo, levado por meu pai. Tenho uma lembrança muito vaga daquela que foi, provavelmente, a primeira vez em que vi o Vasco jogar. O adversário foi o América e o local, São Januário, numa tarde de muito sol, certamente, um domingo. As imagens esparsas que persistiram na minha memória são acompanhadas de cheiros. O cheiro de laranja misturado com o dos chapéus de palha oferecidos por vendedores ambulantes na entrada das arquibancadas na esquina das ruas São Januário e Bonfim (essa entrada, que já não existe mais, foi demolida quando foi aberta a rua Francisco Palheta). O cheiro de grama ao desembocar na arquibancada pelo túnel principal em frente ao meio de campo. Além disso, me lembro da gritaria da torcida em dois momentos, que foram os dois gols do Vasco. Em ambas as ocasiões, meu pai me levantou e me pôs montado no seu cangote.
Muitos anos depois, verifiquei nos arquivos que o único jogo que se encaixa nesse perfil é Vasco 2 x 1 América, em 2 de setembro de 1962. Portanto, eu tinha cinco anos e meio. Nessa época, eu conhecia o nome de apenas alguns jogadores vascaínos. Alguns, lembrados até hoje pelos torcedores mais antigos, e outros de quem praticamente ninguém se lembra mais. Saulzinho, Sabará, Brito, Lorico (desses, todos se lembram), Da Silva (só porque meu pai vivia a elogiar o arisco ponta-esquerda) e Vevé. Sim, não se trata do famoso artilheiro bicampeão mundial Vavá, que inclusive já tinha deixado o Vasco, há anos. Vevé, que no meu pensamento infantil, era também um artilheiro. Durante muito tempo, eu não compreendi o motivo da minha impressão de que o Vasco tinha tido um jogador de quem ninguém, nem meu pai, se lembrava. Confusão de quem ainda era muito criança para ter uma boa noção das coisas, talvez. Mas quando encontrei nos arquivos a súmula daquele jogo, entendi tudo. Constatei que não somente ele realmente existiu, como também tinha feito o primeiro gol daquela partida. Meu primeiro "Almirante" foi Everaldo Batista Lopes, o desconhecido e esquecido Vevé. Mauro Prais - Estados Unidos. (Foto reproduzida de capa da Revista do Esporte).

KIKE NO LANCE - - Vasco 2 x 1 América citado pelo leitor acima foi jogado no Estádio Club de Regatas Vasco da Gama, o nome oficial do chamado São Januário, que é o da rua que faz fundos com a General Almério de Moura, a da frente, onde está o portão de entrada da sede cruzmaltina. O juiz foi Armando Marques e os gols marcados por Vevé e Saulzinho, com Nilo descontando para os americanos. Naquela tarde, o treinador Jorge Vieira escalou este time: Humberto Torgado, Paulinho de Almeida, Brito, Barbosinha e Dario; Nivaldo e Lorico; Joãozinho, Saulzinho, Vevé e Da Silva. 

3 comentários:

  1. Brilhante a recordação de Mauro Prais sobre os cheiros de chapéu de palha e de laranja nas cercanias do Estádio de São Januário, que ficaram em sua memória. Talvez ele tenha se esquecido ou não tenha sentido um cheirinho gostoso de café trazido pelo vento vindo do lado esquerdo do estádio (visto da sociais)...

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    1. Ola', amigo Adelino,
      Naquela oportunidade, o cheirinho do cafe' processado na fabrica do Cafe' Palheta nao se fixou na minha memoria olfativa. Porem me lembro muito bem dele, de ocasioes posteriores, principalmente ao passar de carro pela rua Francisco Palheta, que foi aberta entre o estadio e a fabrica, antes desta ser desativada. Esse cheiro de cafe' devia perturbar os jogadores nos treinos!
      Um abraco e SV,
      Mauro

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    2. Amigo Mauro Prais, uma satisfação vê-lo aqui no excelente KIKE DA BOLA, do Gustavo!
      Sobre o cheirinho de café nas imediações de São Januário, não creio que pudesse perturbar os nossos jogadores nos treinos e nem nos jogos. Quem sabe fosse até um incentivo? E já imaginou se fosse nos dias de hoje? Na certa o Café Palheta estaria patrocinando o Vasco da Gama...
      Saudações vascaínas
      e um abraço do
      Adelino

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